Copom eleva Selic a 7,5% com placar dividido do BC

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O Banco Central aumentou a taxa básica de juros para 7,5% ao ano ontem, antecipando um movimento até pouco tempo esperado somente a partir de maio, depois que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou inflação de 6,59% no acumulado de 12 meses até março. A decisão não foi unânime. O placar ficou em 6 a 2, sendo que foram votos vencidos os diretores Aldo Mendes (política monetária) e Luiz Awazu Pereira (assuntos internacionais e regulação do sistema financeiro).

O Banco Central aumentou a taxa básica de juros para 7,5% ao ano ontem, antecipando um movimento até pouco tempo esperado somente a partir de maio, depois que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou inflação de 6,59% no acumulado de 12 meses até março. A decisão não foi unânime. O placar ficou em 6 a 2, sendo que foram votos vencidos os diretores Aldo Mendes (política monetária) e Luiz Awazu Pereira (assuntos internacionais e regulação do sistema financeiro).

 

Os dois diretores do BC que queriam que a taxa básica ficasse em 7,25% ao ano estavam no grupo da maioria que votou pelo décimo e último corte da Selic, em outubro de 2012, quando o juro chegou ao patamar que vigorou até ontem.

 

No último racha, a decisão da maioria pôs fim ao ciclo de afrouxamento monetário, iniciado em agosto de 2011, para proteger o Brasil dos efeitos da deterioração do cenário externo.

 

O nível atual da inflação está fora do intervalo de tolerância da meta anual definida pelo governo, cujo centro é 4,5% e o teto, 6,5%. O BC já tinha admitido que o limite superior do intervalo seria ultrapassado, mas esperava que isso só ocorresse no segundo trimestre. Só não se pode falar em descumprimento de meta ainda porque ela é aplicável ao ano calendário e não a períodos móveis de quatro trimestres acumulados.

 

A Selic subiu também depois da sinalização de uma política fiscal mais frouxa. Na segunda-feira, o governo federal anunciou que, já a partir deste ano, não pretende mais cobrir eventual frustração de expectativa de superávit primário no âmbito dos Estados e municípios, como exigiam as Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Para tanto, encaminhou ao Congresso projeto de alteração da LDO de 2013, lei já em vigor. E para 2014 propôs projeto já sem a obrigatoriedade dessa compensação.

 

Em 2012, ano em que os governos regionais contribuíram com menos da metade do que deles se esperava, o Tesouro Nacional se viu obrigado a usar mais de R$ 12 bilhões do Fundo Soberano do Brasil para completar e cumprir a meta de superávit primário do setor público não financeiro como um todo. Somada à expectativa de flexibilização da meta em função dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), permitida pela LDO, a mudança sinaliza uma política fiscal mais expansionista e, portanto, com mais possibilidade de contribuir para aumento da demanda agregada da economia.

 

A Selic subiu, mas não chegou a atingir os 7,75% ao ano indicado pelas projeções mais altas do mercado nos últimos dias, quando houve dispersão de expectativas. O BC pode ter ponderado, entre outras questões, que a inflação de março especificamente veio menos disseminada, embora ainda disseminada. Em fevereiro, 72,3% dos produtos cujos preços são considerados no IPCA aumentaram, segundo o Banco Fator, com base em dados do IBGE. No mês passado, essa parcela era de 68,5%.

 

Além disso, a inflação do mês (0,47%) veio pouco abaixo das expectativas de mercado. A mediana das projeções colhidas pelo próprio BC na pesquisa Focus apontava variação de 0,5% em março, o mesmo que a média das projeções do Valor Data.

 

Com sua autonomia questionada pelo mercado nos últimos tempos, o BC decidiu fazer um aperto monetário apesar de o IPCA de março, mês em que o índice subiu 0,47%, vir menos pressionado pelos serviços. Após chegar a 1,3% em fevereiro, a inflação dos serviços considerados no índice recuou para 0,26% em março.

 

Nesse período em que cresceram as desconfianças do mercado sobre a influência do governo no BC, a inflação também foi menos pressionada pelas commodities. Apurado pelo BC, o IC-BR, que reflete o preço médio das commodities relevantes para a inflação brasileira, caiu 1,82% em março, acumulando queda de 6,08% no primeiro trimestre de 2013. O preço médio das commodities agrícolas recuou 0,66% em março e 6,24% em três meses.

 

Mais recentemente, o IGP-10, prévia do Índice Geral de Preços (IGP) apurado com base em dados até o dia 10 de cada mês, sinalizou queda da inflação em abril (0,18%) ante março (0,22%). Contribuiu para isso a deflação de 0,06% nos preços ao produtor, que representam 60% do IGP-10.

 

Desde a reunião anterior do Copom, houve ainda notícias desfavoráveis para o crescimento da economia brasileira, embora a projeção do BC indique expansão do PIB maior em 2013 (3,1%) do que em 2012 (0,9%). Uma delas é a desaceleração da economia da China, um dos principais destinos das exportações brasileiras.

 

Também divulgado no intervalo das duas reuniões, o dado da produção industrial de fevereiro no Brasil veio pior que o esperado, pois apontou queda de 2,5% em relação a janeiro. As vendas no varejo, por sua vez, caíram 0,4% ou 0,7% dependendo do universo considerado (com e sem os setores de veículos e de material de construção).

 

Houve ainda, no período, divulgação do índice usado pelo BC na tentativa de ver antecipadamente a tendência do PIB, que detectou queda do nível de atividade econômica em fevereiro. O IBC-Br caiu 0,52% no mês.

Fonte: Agência ANABB

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