O maior crescimento mundial esperado pelo governo no ano que vem, assim como o aumento das vendas de produtos brasileiros lá fora não deverão ser suficientes para reverter o quadro negativo nas transações do Brasil com o resto do mundo.
O maior crescimento mundial esperado pelo governo no ano que vem, assim como o aumento das vendas de produtos brasileiros lá fora não deverão ser suficientes para reverter o quadro negativo nas transações do Brasil com o resto do mundo.
Segundo os cálculos do Banco Central, o chamado deficit de transações correntes, que fechou 2012 em US$ 54 bilhões, irá disparar para US$ 79 bilhões neste ano e deverá se manter em torno desse patamar (US$ 78 bilhões) em 2014.
Isso, apesar de o BC projetar que o saldo da balança comercial (resultado de exportações menos importações), um dos principais itens dessa conta, irá crescer cinco vezes (passando de pífios US$ 2 bilhões este ano para US$ 10 bilhões no ano que vem).
As estimativas oficiais consideram ainda que os brasileiros também irão colaborar na tentativa do governo de reduzir o rombo externo moderando os gastos com viagens internacionais.
Depois de uma alta de quase 20% nessas despesas entre 2012 e 2013, a expectativa do BC é que o crescimento será de apenas 2% no ano que vem.
Segundo o chefe do Departamento Econômico, Túlio Maciel, há um efeito defasado da alta do dólar, registrada desde maio, que só começou a aparecer agora. Isso faz com que essas despesas parem de subir no ritmo forte dos últimos anos.
COPA DO MUNDO
Além disso, a conta do BC já considera o aumento do fluxo de turistas estrangeiros no país por causa da Copa do Mundo. As despesas dos estrangeiros aqui dentro ajudam a minimizar o impacto dos gastos de brasileiros lá fora. Mas essa contribuição, de acordo com as projeções oficiais, deve ser modesta.
Segundo Maciel, como a renda da população brasileira segue elevada, as viagens para o exterior devem continuar subindo só que de forma mais moderada.
Pressionando para aumentar o deficit externo, estão as remessas de lucros e dividendos que refletem o estoque de investimentos externos no país e deverão passar de US$ 24 bilhões em 2013 para US$ 27 bilhões em 2014.
Outro item que joga contra a tentativa do governo de reduzir o rombo nas transações com o resto do mundo é o gasto com aluguel de equipamentos que deverá subir de US$ 18,8 bilhões para US$ 21 bilhões, no período.
Mesmo diante do quadro considerado positivo para a economia como um todo em 2014, de acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, o estoque de investimentos estrangeiros diretos não foi alterado na projeção oficial do ano que vem.
Em 2013, o BC acredita que ingressarão no Brasil US$ 3 bilhões a mais do que o previsto até então, somando US$ 63 bilhões. Para 2014, o valor foi mantido no mesmo patamar.
"Partimos daí", justificou Maciel, argumentando que a projeção foi feita com os últimos dados disponíveis.
LIBRA
Em novembro, ingressaram no Brasil US$ 8,33 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, o que surpreendeu o BC, que já esperava um aumento por causa do leilão do campo de Libra.
O ministro Guido Mantega destacou o número como um sinal de que a crítica de parte do mercado financeiro de que o governo perdeu credibilidade este ano, sobretudo na área fiscal, não condiz com a realidade.
"Se atribuiu desconfiança [ao governo], mas na prática o que aconteceu? Em novembro entraram US$ 8,3 bilhões de investimentos externos", comemorou. "Isso mostra confiança na economia brasileira. O pessoal não vem investir aqui à toa, mas porque acha que a economia está sólida."
Em novembro, o deficit nas contas externas foi de US$ 5,145 bilhões. No ano, o deficit está acumulado em US$ 72,7 bilhões.