Uma ala do governo Dilma Rousseff, preocupada com o risco de rebaixamento da nota brasileira pelas agências de classificação de risco, defende que seja anunciada ainda neste ano uma meta crível de superavit primário para 2014, de 1,8% a 2% do PIB.
Uma ala do governo Dilma Rousseff, preocupada com o risco de rebaixamento da nota brasileira pelas agências de classificação de risco, defende que seja anunciada ainda neste ano uma meta crível de superavit primário para 2014, de 1,8% a 2% do PIB.
Ministros próximos à presidente e membros da equipe econômica avaliam que o governo precisa não só anunciar imediatamente a meta de economia de gastos para pagamento da dívida pública como também divulgar, ao mesmo tempo, "medidas consistentes" para garantir o seu cumprimento.
Para essa ala, a política fiscal virou o calcanhar de Aquiles do governo, que não pode mais cometer deslizes diante do cenário mundial ainda incerto, referência à iminente retirada dos estímulos à economia dos EUA.
simulações
Dentro do Palácio do Planalto, contudo, ainda não há uma decisão sobre o assunto e existe uma tendência, segundo auxiliares presidenciais, de deixá-la para o início do ano que vem.
Segundo a Folha apurou, Dilma pode deixar a decisão para fevereiro, quando for anunciada a programação do Orçamento de 2014.
O prazo é considerado longo demais pela equipe econômica, pelo risco de ficar próximo de uma possível aceleração do fim dos estímulos à economia americana, previsto para o fim do primeiro trimestre do ano que vem.
Antes de definir a meta, a presidente pediu simulações para checar de quanto pode ser o superavit em 2014.
Um assessor disse que ela não quer anunciar uma meta que não será cumprida, como tem acontecido.
Neste ano, o superavit primário oficial do setor público era de 3,1% do PIB, mas foi reduzido para 2,3% a fim de acomodar as desonerações tributárias e ampliar investimentos para combater a crise econômica.
O novo percentual, anunciado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) por orientação da presidente, foi considerado suficiente pelo mercado para estabilizar a dívida. A meta, porém, não será cumprida. Deve ficar em, no máximo, 1,7% do PIB.
Segundo auxiliares, Dilma está convicta de que precisa evitar o rebaixamento da nota de crédito brasileira e tem de adotar medidas na área fiscal. Só não sabe ainda quanto pode garantir -e cumprir- de superávit primário.
O Ministério da Fazenda e o Banco Central defendem um superavit de todo setor público (União, Estados e municípios) de 2% do PIB; setores como Casa Civil e Ministério do Planejamento falam em 1,8% do PIB.
Agências de classificação de risco, que ameaçam rebaixar a nota brasileira, consideram que 1,8% do PIB seria consistente com uma estabilização da dívida pública.