O estoque de crédito ao comércio é o segmento que menos cresce em 2013, pior do que a indústria ou os empréstimos à pessoas físicas. Para o executivo de um grande banco de varejo, a falta de crédito ao comércio vem da falta de demanda, nem tanto da restrição da oferta. "O comércio andou de lado no ano e tem mostrado pouca disposição para voltar a investir", diz. Limites para a expansão de lojas - com algumas redes, como o Walmart, fechando pontos - são sinais da baixa disposição para investir e tomar novos empréstimos.
Não por acaso, o comércio caminha também para o pior desempenho na década. A expectativa é que feche 2013 com crescimento de 4,5%, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Economista da associação, Fabio Bentes, cita entre os fatores que levaram ao freio, o fim dos incentivos tributários em eletrodomésticos, móveis e em veículos, bem como o encarecimento do crédito, puxado pelo aumento da taxa básica de juros. "Acredito que 2014 vá ser melhor, mas sem ser espetacular."
Desde o fim de 2012, o comércio vem caindo mais do que os demais setores da economia, afirma Flávio Calife, economista do birô de crédito Boa Vista Serviços. "A baixa demanda por crédito no segmento acompanha a falta de disposição do consumidor."
"A falta de crédito para o comércio é sinal de que a projeção para o ano que vem ainda é incerta", afirma o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal. "Hoje há um consenso que o modelo de crescimento econômico sustentando pelo consumo se esgotou, o que teve impacto direto no giro do comércio."
O papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como propulsor do crédito corporativo também explica o desempenho mais fraco do comércio, diz Maurício Molan, economista-chefe do Santander. "O BNDES concede muito crédito ligado a projetos de longo prazo, o que não abarca o comércio." Para ele, a dinâmica setorial do crédito é o "outro lado da moeda" do desempenho da economia no ano.
Fonte: Valor Econômico