A divulgação de dados positivos nos Estados Unidos, aliada à preocupação com a situação fiscal e com a deterioração da conta corrente do Brasil, levou o dólar a apresentar uma nova rodada de alta frente ao real. A moeda americana subiu ontem 0,77% e fechou a R$ 2,3550, maior patamar desde 4 de setembro.
A divulgação de dados positivos nos Estados Unidos, aliada à preocupação com a situação fiscal e com a deterioração da conta corrente do Brasil, levou o dólar a apresentar uma nova rodada de alta frente ao real. A moeda americana subiu ontem 0,77% e fechou a R$ 2,3550, maior patamar desde 4 de setembro.
O dólar acelerou a alta frente ao real depois da divulgação de números nos EUA que ajudaram a reforçar a expectativa de que o Fed (banco central americano) pode iniciar a retirada dos estímulos monetários antes do esperado pelo mercado. O índice do Instituto para Gestão da Oferta (ISM) para o setor industrial do país aumentou para 57,3 pontos em novembro, superando a previsão de 55,2 pontos. Além disso, os gastos com construção aumentaram 0,8% em outubro, o dobro da previsão de alta de 0,4%.
Os investidores aumentaram as posições em dólar à espera da divulgação dos dados do mercado de trabalho nos EUA na sexta-feira, que são vistos como um dos gatilhos para a decisão do Fed.
No mercado interno, apesar de uma melhora no resultado da balança comercial em novembro, que registrou superávit de US$ 1,740 bilhão, o saldo acumulado no ano ainda apresenta déficit de US$ 89 milhões, o pior resultado para o período desde 2000. O receio de que o governo possa voltar a usar artifícios contábeis para cumprir a meta de superávit fiscal, de R$ 73 bilhões, também contribuiu para o maior ceticismo dos investidores em relação ao Brasil.
Com o retorno da pressão de alta do dólar, os investidores já começam a questionar se o Banco Central irá anunciar a extensão do programa de intervenção diária no câmbio para o ano que vem. "O BC deve prorrogar o programa, porém, nenhum anúncio deve vir antes de sexta-feira, quando sairá o 'payroll' (dado da criação de emprego nos EUA)", diz um tesoureiro de um banco estrangeiro.
A meta do programa é chegar até o fim do ano com um estoque de US$ 100 bilhões, considerando a venda de dólares por meio de leilões de swaps e linha de dólar com compromisso de recompra. É possível que o BC sinalize até o fim do mês qual o destino das intervenções", diz o economista do BES Investimento do Brasil Flavio Serrano, lembrando que, por semana, a ração diária soma US$ 3 bilhões. "É um volume respeitável. Certamente terá algum impacto se [o programa] não for postergardo.
Fonte: Valor Econômico