A Bovespa poderá definir ainda nesta semana se inicia um novo processo de recuperação para tentar fechar o ano no zero a zero, ou se volta a mergulhar, podendo acumular perdas na casa dos 20% em 2013.
A Bovespa poderá definir ainda nesta semana se inicia um novo processo de recuperação para tentar fechar o ano no zero a zero, ou se volta a mergulhar, podendo acumular perdas na casa dos 20% em 2013.
Ontem o Ibovespa encerrou o pregão em cima do importante suporte gráfico dos 51.800 pontos, após registrar sua quinta baixa em seis pregões. A perda deste nível, pela análise técnica, pode representar o fim do atual ciclo de alta da bolsa brasileira, que já dura quatro meses, e o início de um novo período de perdas intensas.
"Os próximos dias serão decisivos para a Bovespa definir se subirá ou não daqui até o fim do ano", afirma o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. "O mercado ainda tem uma chance de respeitar o suporte e iniciar uma recuperação. Mas, se voltar a cair e perder os 51.800 pontos, o Ibovespa deve acentuar a tendência de baixa, com objetivo nos 48.900 pontos", afirma.
Se, de fato, o cenário para os comprados (que apostam na alta da bolsa) azedar, o jeito será mudar de estratégia e operar "vendido", sugere o especialista. "A perda do suporte, se confirmada, é uma boa oportunidade para se especular na venda."
O cenário externo colaborou para acentuar a baixa do Ibovespa ontem. O clima piorou depois de o presidente da regional do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Atlanta, Dennis Lockhart, ter afirmado em entrevista à "TV Bloomberg" que as discussões sobre o início da retirada dos estímulos da economia dos EUA podem começar em dezembro.
Mais cedo, o presidente do Fed de Dallas, Richard Fischer, disse que os investidores devem se preparar para o "tapering", ou seja, o início da redução das compras de títulos pelo banco central americano, que hoje está em US$ 85 bilhões mensais.
"A Bovespa amplificou o mau humor externo. As baixas de Petrobras e BB também colaboraram para pressionar o Ibovespa. E lá fora teve muita gente falando em fim dos estímulos já em dezembro", observou o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,56%, aos 51.804 pontos, depois de marcar mínima nos 51.635 pontos. O volume financeiro foi forte, com R$ 7,214 bilhões.
Entre as principais ações do índice, Petrobras PN recuou 2,68%, a R$ 19,55; Vale PNA caiu 2,46%, a R$ 32,43; Itaú PN marcou baixa de 0,15%, a R$ 32,18; e Bradesco PN perdeu 0,81%, a R$ 30,50.
Petrobras acentuou as perdas depois que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o reajuste dos combustíveis estivesse na pauta da reunião do conselho de administração da estatal realizada ontem.
Os papéis da Vale recuaram mesmo após a companhia anunciar a venda da maior parte de suas ações na produtora de alumínio norueguesa Norsk Hydro, levantando R$ 3,8 bilhões com a operação. Galdi, da SLW, destacou que a venda da participação faz parte da estratégia da Vale de se desfazer de negócios com baixa rentabilidade.
Banco do Brasil ON (-5,30%) liderou as perdas do dia. O BB anunciou lucro líquido contábil de R$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre, com um declínio de 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado, mas em linha com as projeções dos analistas ouvidos pelo Valor. Porém, alguns números não agradaram, como a inadimplência e a desaceleração do ritmo de crescimento da carteira de crédito.