A dívida externa bruta de Estados e municípios assumiu trajetória ascendente e começa a preocupar pelo risco cambial que representa. A fatia desse débito dentro da dívida externa total do setor público mais que dobrou entre junho de 2007 e junho de 2013. Passou de 8,27% para 19,85%, totalizando US$ 21,63 bilhões.
A dívida externa bruta de Estados e municípios assumiu trajetória ascendente e começa a preocupar pelo risco cambial que representa. A fatia desse débito dentro da dívida externa total do setor público mais que dobrou entre junho de 2007 e junho de 2013. Passou de 8,27% para 19,85%, totalizando US$ 21,63 bilhões.
Na avaliação de analistas do setor público, o aumento desse endividamento de Estados e municípios ocorreu porque o dólar estava muito barato em 2011. Isso teria incentivado governantes a captar recursos, até porque havia grande oferta de crédito no mundo e os empréstimos tinham o aval da União. Depois de ficar anos fora do mercado de crédito externo de bancos privados, Estados e municípios fecharam operações com bancos como o Bank of America Merrill Lynch, que financiou US$ 726,4 milhões para Santa Catarina, US$ 661 milhões para o Maranhão e US$ 478 milhões para o Mato Grosso. Minas fechou com o Credit Suisse empréstimo de US$ 1,27 bilhão.
Para esses analistas, o problema da dívida externa dos governos subnacionais não é somente a atual desvalorização cambial, mas também a expectativa de que ela continuará no próximo ano. "O risco cambial hoje é altíssimo, porque o câmbio está completamente fora do lugar", diz Amir Khair, especialista em setor público, que estima um valor de equilíbrio entre R$ 2,70 e R$ 2,80.
Não é o que pensam gestores dos Estados. Para eles, as operações externas faziam sentido quando foram contraídas e ainda fazem, mesmo com a recente desvalorização do real frente ao dólar. Wanderlei Pereira das Neves, diretor de captação de recursos de Santa Catarina, observa que seu Estado usou o empréstimo do Bank of America para reestruturar sua dívida. "Trocamos dívida cara que tínhamos com a União (IGP-DI + 6% ao ano) por dívida com maior prazo e condições melhores (variação do dólar + 4% ao ano)". Sobre o risco cambial, ele lembrou que a dívida anterior também seria impactada, porque o IGP sofre forte influência da variação do dólar. Só no mês passado o indexador foi mudado.
Os indicadores de endividamento em dólar dos Estados ainda são moderados. O mais alto é o do Ceará, com 42% do endividamento total. O de Santa Catarina é de 18% e o de Minas, 12%.