BB negocia gestão de créditos do Cruzeiro do Sul

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O Banco do Brasil (BB) está próximo de assumir a gestão das carteiras de crédito do banco Cruzeiro do Sul, que teve sua liquidação decretada pelo Banco Central em setembro do ano passado.

O Banco do Brasil (BB) está próximo de assumir a gestão das carteiras de crédito do banco Cruzeiro do Sul, que teve sua liquidação decretada pelo Banco Central em setembro do ano passado.

As carteiras de crédito consignado, aquele com desconto em folha de pagamento, estão espalhadas por cinco bancos mais o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Juntas, somam em valor de face R$ 4,4 bilhões. Será uma dessas instituições financeiras - Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banrisul e Banestes - que deve assumir a gestão da carteira, sendo o BB o candidato mais forte, apurou o Valor. Procurado, o banco público não comentou o assunto.

A gestão das carteiras vendidas pelo Cruzeiro do Sul é um ponto delicado. A antiga gestora desses contratos era a IMS Tech, que foi destituída da função pelo atual liquidante do banco, Eduardo Bianchini, em meio a denúncias de conflito de interesses em sua contratação. Executivos ouvidos pelo Valor afirmam que o BB deve assumir esse trabalho por um valor inferior ao cobrado pela IMS, de R$ 0,11 por contrato de crédito conciliado.

A IMS foi pivô de uma denúncia que derrubou Celso Antunes, que até agosto era o principal executivo do FGC. Antunes foi sócio dos atuais acionistas da IMS em uma outra companhia até um mês antes de ingressar no fundo. Após as denúncias se tornarem públicas, Antunes saiu do fundo.

Segundo executivos que acompanham o tema, o banco que assumir a gestão dessa carteira precisará checar o trabalho que foi feito pela IMS. Fazer a gestão dessa carteira não é um trabalho trivial. Além de direcionar os pagamentos das parcelas aos bancos que compraram o crédito, atender dúvidas de tomadores e cobrar os inadimplentes, quem ficar com a gestão das carteiras do Cruzeiro vai enfrentar alguns desafios.

Há contratos de crédito, por exemplo, que foram "quebrados" pelo Cruzeiro para facilitar a venda para outros bancos. As instituições tinham como práticas não comprar carteiras muito longas de terceiros. Dessa forma, um banco comprava, por exemplo, as dez primeiras parcelas de um contrato, enquanto outro ficava com as 20 prestações restantes. De acordo com o Banco Central, é uma prática permitida e que "esse procedimento, por si só, não gera dificuldade de recebimento, uma vez que permanece a responsabilidade do devedor de pagar, independentemente de quem seja o credor".

Contudo, a divisão dos créditos dificulta uma proposta que tem sido debatida pelos bancos: a de que cada instituição entre em contato com os tomadores e tente renovar as operações de crédito consignado que comprou do Cruzeiro do Sul. Dessa maneira, um crédito que era de uma carteira do Cruzeiro, passaria a ser do Bradesco, por exemplo. Isso dispensaria, em parte, a atuação de um gestor da carteira.

Também há suspeita de que as carteiras vendidas possam ter algumas operações fraudulentas, em que um mesmo crédito foi vendido para bancos diferentes. O Cruzeiro do Sul inflou seus ativos em R$ 1,3 bilhão. Eram créditos que não existiam.

Entre os que compraram carteiras do Cruzeiro, o FGC é o que tem a maior fatia: R$ 3,2 bilhões. Há bancos interessados em assumir esses créditos, mas dúvidas sobre a qualidade dessa carteira emperram o processo. O Banco do Brasil tem cerca de R$ 500 milhões, o Banrisul tem R$ 378 milhões, a Caixa R$ 300 milhões e o Bradesco perto de R$ 100 milhões.

O Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) informou que comprou as carteiras em 2009, mas que já recebeu mais de 93% dos créditos. De acordo com o diretor de finanças do banco, Raniei Feres Doellinger, atualmente o saldo residual da carteira é próximo de R$ 1 milhão.

A Caixa não disponibilizou porta-voz para o tema. O Bradesco não se manifestou. Questionado sobre a troca de gestor da carteira, o BC afirmou que "não comenta negócios ou situação de instituições reguladas". "Cabe aos compradores de carteira de crédito decidirem os procedimentos que acharem convenientes com respeito à cobrança das operações, seja mantendo-a na instituição cedente, seja transferindo-a à outra instituição."

Fonte: Valor Econômico

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