Câmbio volátil afasta exportador

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A alta volatilidade na taxa de câmbio, que saiu de R$ 2,10 no fim de maio, alcançou R$ 2,45 em agosto e hoje está em R$ 2,23, é o principal motivo da postura mais conservadora dos exportadores, que vem adiando a contratação de câmbio e colaborando para a reversão no fluxo cambial, que passou a acumular déficit no ano.

A alta volatilidade na taxa de câmbio, que saiu de R$ 2,10 no fim de maio, alcançou R$ 2,45 em agosto e hoje está em R$ 2,23, é o principal motivo da postura mais conservadora dos exportadores, que vem adiando a contratação de câmbio e colaborando para a reversão no fluxo cambial, que passou a acumular déficit no ano.

Profissionais consultados pelo Valor avaliam que até existe alguma expectativa de que, caso o dólar se estabilize em um patamar, os exportadores voltem ao mercado e ajudem a melhorar o fluxo na conta comercial. Ainda assim, a melhora seria insuficiente para garantir uma recuperação consistente nas entradas de recursos até o fim do ano.

De acordo com dados do Banco Central, o volume de operações de câmbio contratado para exportações caiu 22,65% no acumulado de setembro até o dia 20, em relação ao mesmo período do ano passado, somando US$ 8,996 bilhões. No ano, a queda é de 1,7% em relação ao mesmo intervalo de 2012. Enquanto isso, os importadores aproveitaram o recente recuo na cotação da moeda americana para antecipar as compras de fim de ano, levando o fluxo comercial a acumular déficit de US$ 4,561 bilhões em setembro, até o dia 20.

Em agosto, quando o dólar atingiu a máxima de R$ 2,451, muitos exportadores aproveitaram para internalizar parte dos recursos de vendas externas deixados lá fora. Esse movimento desacelerou recentemente com a desvalorização da moeda americana. "Como a tendência é de alta do dólar, os exportadores ficam mais reticentes em fechar o câmbio e preferem manter os dólares no exterior", diz o executivo sênior de global banking do HSBC, Paulo Cesar Souza.

A retração no fechamento de câmbio pelos exportadores se refletiu principalmente nas linhas de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), cujo volume contratado mostrou queda de 25,64% nos primeiros 20 dias de setembro frente ao mesmo período do ano passado. Essas linhas servem como capital de giro, em que o banco antecipa reais ao exportador de uma exportação já acertada, tendo até 360 dias para fazer o embarque.

A fabricante de autopeças Randon, cujas vendas externas representam de 15% a 20% da receita total da companhia, é uma das empresas que têm optado por não tomar linhas de antecipação de câmbio, como o ACC, em função do cenário de maior volatilidade. "Não temos necessidade de caixa e podemos fechar o câmbio à medida que ele esteja em um patamar mais favorável", afirma o diretor financeiro e de RI da Randon, Geraldo Santa Catarina.

Segundo o diretor da Randon, com o câmbio mais desvalorizado, a companhia pretende retomar mercados em que tinha perdido competitividade, como as Américas do Norte e Central. "O câmbio entre R$ 2,20 e R$ 2,30 já nos ajudou a aumentar a competitividade e a reduzir algumas pressões de custo", afirma. Apesar disso, a Randon manteve a projeção inicial para as exportações neste ano, prevendo um incremento de 10%.

De modo geral, a expectativa é que o efeito positivo do dólar mais alto sobre a balança comercial seja mais claro apenas em 2014, com este ano ainda devendo apresentar queda nas receitas com exportação. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) prevê que a balança comercial deve encerrar 2013 com déficit de US$ 2 bilhões. "Esse nível do dólar já trouxe algum ânimo para os exportadores, mas a desvalorização cambial só vai ter impacto daqui a seis meses. Ela depende de que patamar o dólar deve se consolidar e da retomada de alguns mercados", diz Fabio Faria, vice-presidente da AEB.

O déficit na conta comercial fez com que o fluxo cambial registrasse saldo negativo de US$ 3,260 bilhões em setembro até o dia 20, acumulando déficit de US$ 1,023 bilhão no ano.

Com a redução na entrada de recursos pela conta comercial, o executivo do HSBC não vê uma melhora significativa no fluxo cambial até o fim do ano. "O superávit da balança comercial deve ser muito pequeno neste ano e, a não ser que haja uma grande mudança de cenário, a tendência para o fluxo é continuar como está", diz Souza.

Além disso, muitas empresas aproveitaram o momento para enviar remessas de lucros e dividendos para as matrizes ou antecipar pagamentos de dívidas em moeda estrangeira, afirma Souza.

Para o diretor de gestão e chefe da área de corporate banking do BofA Merrill Lynch no Brasil, Maurício Tancredi, uma vez que o dólar se estabilize no patamar entre R$ 2,20 e R$ 2,25, os exportadores podem voltar a contratar as linhas de financiamento à exportação.

Da mesma forma, com um dólar mais alto, a tendência aponta para queda nas operações de câmbio para importação. "Os importadores vão começar a avaliar se compensa importar certos produtos ou comprar no mercado local", afirma Tancredi.

O superintendente de vendas e de tesouraria do Banco Votorantim, Flavio Varella Bruna, lembra que o fluxo de fim de ano já é sazonalmente mais pressionado pelo aumento das saídas de recursos, com uma concentração maior de remessas e importações de produtos. "Mesmo que vejamos uma melhora na margem no câmbio para exportação, no todo ele ainda deve continuar fraco."

Fonte: Valor Econômico

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