Os bancos privados não se mostram dispostos a retomar parte do terreno perdido para os bancos públicos no mercado de crédito. Executivos ouvidos pelo Valor informaram que pouco deve mudar em sua baixa disposição de emprestar para famílias ou para tomadores de maior risco neste momento. O interesse dos bancos privados é apenas pela retomada de parte do mercado de crédito no segmento de empresas.
Os bancos privados não se mostram dispostos a retomar parte do terreno perdido para os bancos públicos no mercado de crédito. Executivos ouvidos pelo Valor informaram que pouco deve mudar em sua baixa disposição de emprestar para famílias ou para tomadores de maior risco neste momento. O interesse dos bancos privados é apenas pela retomada de parte do mercado de crédito no segmento de empresas.
"As métricas de risco dos bancos privados não vão se alterar. Por isso, a consequência da retração das instituições públicas é que algumas pessoas vão ficar sem crédito", adverte o executivo de um banco de varejo estrangeiro.
Por causa da agressividade dos bancos públicos nos últimos cinco anos, mais da metade do crédito existente hoje no país é de origem estatal. Em agosto, o estoque de crédito dos bancos públicos era de R$ 1,31 trilhão, enquanto o das instituições privadas nacionais e estrangeiras somava R$ 1,27 trilhão.
Os bancos privados são pouco propensos a replicar algumas táticas que os públicos usaram para atrair clientes nos últimos anos. No crédito a veículos, por exemplo, as instituições oficiais chegam a oferecer operações de 60 meses sem exigência de entrada. Também permitem que o cliente faça uma pausa no pagamento do empréstimo por um tempo.
"Em certo ponto, os bancos públicos acabaram criando uma demanda que não existia. Quando alongam prazo, dão carência ou reduzem taxas, eles colocam no mercado pessoas que não estavam em busca de crédito", diz o vice-presidente de um banco de varejo.
Partiu do próprio governo a decisão de conter o avanço dos bancos estatais na oferta de crédito, algo que vinha ocorrendo desde a crise de 2008. A preocupação é com o impacto fiscal da expansão do crédito nesses bancos.