O Ministério da Saúde anunciou, no começo de julho, que a vacina contra o papilomavírus (HPV) será distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de 2014, meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses da imunização tetravalente, que protege contra quatro variáveis do vírus, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero.
O Ministério da Saúde anunciou, no começo de julho, que a vacina contra o papilomavírus (HPV) será distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de 2014, meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses da imunização tetravalente, que protege contra quatro variáveis do vírus, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero.
A vacina será produzida graças a uma parceria entre o Butantan e a Merck Sharp & Dohme (MSD), fabricantes da vacina. A meta do Ministério é vacinar 80% do público-alvo que, atualmente, soma 3,3 milhões de pessoas. O investimento federal será de R$ 360,7 milhões para adquirir 12 milhões de doses.
“Esta é mais uma medida para enfrentarmos o câncer de colo do útero, um problema que ainda é grande no país, em especial na região norte. Vamos preparar muito bem este público (meninas de 10 e 11 anos), suas famílias, e reforçar a estratégia envolvendo as escolas e os professores para provocar uma grande sensibilização”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Vacinação precoce
Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos causadores de câncer de colo de útero. No Brasil, a cada ano, 685.400 pessoas são infectadas por algum tipo do vírus.
A ginecologista especialista em oncologia ginecológica e membro da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Isa Mello, explica a razão de vacinar meninas tão novas. “A maioria dessas jovens não tem atividade sexual, portanto não tiveram contato com o vírus”, diz.
Além disso, Isa destaca que a imunidade dos mais novos é melhor e, por isso, a vacina tem mais eficácia. Para ela, como é um programa de governo, o escopo escolhido tem um ótimo custo benefício. Entretanto, ela destaca que é válido que todas as mulheres sejam vacinadas, independentemente de já terem vida sexual ativa.
Proteção contra o câncer
O câncer de colo de útero é o segundo que mais atinge mulheres, atrás apenas do mamário. Segundo dados do Ministério da Saúde, o vírus HPV é responsável por 95% dos casos dessa doença. A vacina protege contra quatro tipos do papilomavírus (6, 11, 16, 18), dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos do câncer.
Relação com a família
Para a ginecologista, apesar de ser uma vacina relacionada à sexualidade, isso não trará problemas na hora de imunizar as pré-adolescentes. “Hoje em dia as pessoas estão mais conscientes da importância da prevenção e, se bem instruídas, não verão como um incentivo à vida sexual”, diz.
Ela destaca a experiência que o governo do Distrito Federal teve ao imunizar meninas de 11 e 12 anos. “Não se imaginava que teria uma receptividade grande, no entanto, 92% das jovens nessa faixa etária foram imunizadas, sem contar as que já haviam tomado a vacina”, diz. O trabalho foi feito em conjunto com a Secretaria de Educação, tanto em escolas públicas como nas particulares.
O Ministério da Saúde terá uma estratégia mista: imunizar tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas. A partir do segundo ano da campanha, com o público-alvo já imunizado, a oferta passará para 6 milhões de doses ao ano.