Uma onda de venda de dólares dominou o mercado de câmbio brasileiro nesta sexta-feira, levando a moeda americana à maior queda percentual diária em quase dois anos, de mais de 3%, para o menor nível em mais de uma semana. O mercado reagiu ao anúncio ontem do programa de leilões de câmbio anunciado pelo Banco Central, que amenizou preocupações com a estratégia de atuação da autoridade monetária e a oferta de liquidez e “hedge” ao mercado.
Uma onda de venda de dólares dominou o mercado de câmbio brasileiro nesta sexta-feira, levando a moeda americana à maior queda percentual diária em quase dois anos, de mais de 3%, para o menor nível em mais de uma semana. O mercado reagiu ao anúncio ontem do programa de leilões de câmbio anunciado pelo Banco Central, que amenizou preocupações com a estratégia de atuação da autoridade monetária e a oferta de liquidez e “hedge” ao mercado.
No fechamento, o dólar comercial tombou 3,25%, a R$ 2,353. É a maior queda percentual diária desde 23 de setembro de 2011, quando a moeda terminou em baixa de 3,48%. O patamar é o menor desde a última quinta-feira, quando o dólar encerrou em R $ 2,339.
O dólar para setembro caía 3,68%, para R$ 2,352.
Profissionais consultados avaliam que, com os leilões, que podem injetar mais US$ 55 bilhões no mercado cambial até o fim do ano, além dos mais de US$ 40 bilhões já colocados, é possível cogitar um dólar oscilando na casa de R$ 2,30 até dezembro. Contudo, apesar da aparente melhora nas expectativas, a percepção é de que a medida do BC conseguirá apenas suavizar a volatilidade cambial e não reverter completamente a tendência de apreciação do dólar, que é global e tem origem na esperada mudança na política monetária americana.
Já hoje, o BC deu início ao cronograma de leilões de câmbio, vendendo dólares ao mercado por meio de leilão de linhas. Os recursos foram vendidos a R$ 2,3992 e serão recomprados pela autoridade monetária em 2 de janeiro de 2014 à taxa de R$ 2,465100. A oferta foi de até US$ 1 bilhão.
Além dessa operação, que acontecerá toda sexta-feira, o BC ofertará ainda US$ 500 milhões em swaps cambiais tradicionais por dia, de segunda a quinta. A autoridade monetária já anunciou o leilão de swaps para segunda, no qual serão ofertados 10 mil contratos com vencimento em dezembro.
Para os estrategistas do UBS Gustavo Arteta e Bhanu Baweja, o programa de leilões é uma “forte e positiva ação” que reduzirá a volatilidade cambial por ofertar liquidez, aumentar a previsibilidade da política cambial e a confiança. Contudo, eles notam que os volumes diários ofertados serão menores que os disponibilizados até agora e, passada a reação imediata à medida, a relação dólar/real continuará sendo regida por “drivers” ligados a fundamentos, que estão por trás do viés de queda da moeda brasileira.
Além disso, os estrategistas avaliam que a tendência de valorização do dólar em relação ao real deve continuar enquanto não houver clareza sobre o novo ponto de acomodação das taxas de juros dos Treasuries e a “espiral negativa” na confiança não acabar. “O dólar ainda pode romper as máximas de R$ 2,50 nos próximos três meses”, afirmam Arteta e Baweja. A última vez em que a moeda americana alcançou R$ 2,50 foi em 10 de dezembro de 2008 (R$ 2,513).
“Dificilmente vamos ver o dólar operar na casa de R$ 2,10 novamente, mas, com o mercado seguro de que vai ter ‘hedge’, acho bem possível voltarmos para algo entre R$ 2,25 e R$ 2,30 até o fim do ano”, diz o gestor da Appia Capital Jorge Knauer.
A queda do dólar hoje no Brasil deixou o real na liderança de ganhos em relação às principais divisas emergentes, numa oposição ao movimento observado recentemente.