Para bancos, repasse cambial no preço chega a 8,5%

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Não há um consenso, mas analistas de grandes bancos já trabalham com um repasse da desvalorização cambial para os preços acima do estimado pelo próprio Banco Central (BC). Enquanto a autoridade monetária fala em repasse ao redor de 5% (ou seja, uma desvalorização cambial de 10% levaria a um aumento de 0,5 ponto percentual no índice oficial de inflação, o IPCA), instituições financeiras apontam para algo acima disso. Entre os grandes bancos, o repasse já está entre 7,5% e 8,5% - faixa considerada alta ao se levar em conta a inflação próximo ao teto da meta do BC, de 6,5%.

Não há um consenso, mas analistas de grandes bancos já trabalham com um repasse da desvalorização cambial para os preços acima do estimado pelo próprio Banco Central (BC). Enquanto a autoridade monetária fala em repasse ao redor de 5% (ou seja, uma desvalorização cambial de 10% levaria a um aumento de 0,5 ponto percentual no índice oficial de inflação, o IPCA), instituições financeiras apontam para algo acima disso. Entre os grandes bancos, o repasse já está entre 7,5% e 8,5% - faixa considerada alta ao se levar em conta a inflação próximo ao teto da meta do BC, de 6,5%.

O governo vem indicando que o efeito da desvalorização cambial sobre a inflação deve ser menor nos próximos meses, mas analistas mantêm cautela. Embora não haja um número mágico sobre o nível do chamado "pass-through" atual, há consenso em torno da ideia de que a confiança na capacidade do governo de fazer frente às pressões da inflação deverá ser determinante no nível de contaminação dos preços pelo câmbio, muito mais do que o desempenho da atividade econômica. A perspectiva de que o dólar possa ganhar ainda mais terreno em relação ao real, e de que isso será permanente, em um momento em que a economia global dá sinais de recuperação, também favorece o repasse.

Nas contas de uma fonte à frente da área econômica de um grande banco, o repasse hoje já está em 7,5%, mas pode se tornar maior se a atividade do terceiro trimestre surpreender positivamente. Isso porque em um cenário de vendas mais robustas, os empresários se sentiriam mais à vontade para repassar aos preços os custos do real mais fraco. Um economista da mesa de operações de outro grande banco fala em repasse mais alto, de 8%.

O diretor da Nomura Securities, Tony Volpon, diz que o repasse disparou no início de 2012 e, agora, parece estabilizar-se. Seu cálculo é feito com base em uma série histórica de cinco anos, que leva em conta a evolução da inflação, do câmbio, além do comportamento das commodities e indicadores de atividade. O levantamento conclui que o efeito cambial sobre os preços começa a aumentar a partir de abril de 2012, saindo de um nível perto de 2% para alcançar o ápice em fevereiro, quando o coeficiente de repasse estava em 12%. Em julho, a taxa ficou perto de 8,5%.

"O pass-through passou a disparar quando o governo começou a agir para desvalorizar o câmbio com o objetivo de proteger a indústria", afirma Volpon. Na ocasião, o dólar saiu da casa de R$ 1,70 e superou R$ 2. "O grande erro do governo naquele momento foi tratar esse choque como passageiro, enquanto o mercado acreditava que seria permanente."

A partir de uma série de modelos, Fernanda Guardado, economista do Banco Brasil Plural, estima um intervalo para o repasse cambial para os preços um pouco menos agressivo, entre 5% e 6,8% em cerca de 12 meses. No curto prazo, o repasse está em torno de 3%. Um desses modelos, diz Fernanda, indica que o "pass-through" tende a ser menor quando há uma sinalização de ajuste monetário mais firme. De um modo simplificado, explica Fernanda, o modelo aponta que quando a diferença entre o swap de 360 dias (o juro futuro) e a Selic fica acima de 1,2 ponto percentual, o "pass-through" cai para quase zero. Quadro diferente do atual, no qual essa diferença está em 0,8 ponto percentual.

A economista diz, porém, que há outras variáveis a mexer com o tamanho do repasse cambial à inflação como a atividade, depreciações do real acima de 7% em um período inferior a um trimestre, ou um choque de commodities (a alta de preços internacionais).

Em linhas gerais, o "pass-through" é uma função entre demanda agregada e expectativas sobre a evolução do câmbio, explicam economistas. Mesmo com a atividade dando sinais de desaceleração do terceiro trimestre, muitos já trabalham com a ideia de que a intensidade desse repasse pode crescer. O que sustenta essa ideia é a aposta majoritária de que o dólar continuará em alta. "Hoje, o mercado acredita que é mais fácil a cotação ir para R$ 2,50 do que para R$ 2", afirma Volpon.

A influência da atividade econômica não pode ser desconsiderada nessa conta. E, nesse quesito, a evolução do mercado de trabalho é a variável-chave. Afinal, é a renda e a confiança do consumidor que determinam, no fim das contas, se há espaço para reajustes de preços. Com as condições de emprego ainda apertadas, o "pass-through" tende a ser maior. Mas há a expectativa de que, nos próximos meses, esse quadro mude. A dúvida é se haverá uma reversão da trajetória do emprego, com demissões, ou se as contratações serão apenas interrompidas. Até aqui, os sinais são apenas de que houve suspensão de investimentos e das contratações.

De todo modo, o que o mercado vem indicando é que o BC não pode "baixar a guarda" da política monetária, confiando que um enfraquecimento da atividade limitará os efeitos do câmbio sobre a inflação.

 Fonte: Valor Econômico

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