Nos últimos dois meses, o Banco Central (BC) despejou US$ 31 bilhões no sistema financeiro em contratos derivativos. Embora esse tipo de operação tenha efeito idêntico à venda de dólares à vista, do final de maio até a sexta-feira a moeda americana valorizou 7,32%, 12,6% no ano e ronda R$ 2,30. A intensa venda de contratos de swap busca um alvo bem definido - garantir uma zona de conforto a bancos e empresas que pressionam a demanda por hedge para seus negócios. Além disso, impede uma arrancada brusca das cotações que teria potencial para "quebrar" empresas e ampliar a já elevada instabilidade nos mercados.
Nos últimos dois meses, o Banco Central (BC) despejou US$ 31 bilhões no sistema financeiro em contratos derivativos. Embora esse tipo de operação tenha efeito idêntico à venda de dólares à vista, do final de maio até a sexta-feira a moeda americana valorizou 7,32%, 12,6% no ano e ronda R$ 2,30. A intensa venda de contratos de swap busca um alvo bem definido - garantir uma zona de conforto a bancos e empresas que pressionam a demanda por hedge para seus negócios. Além disso, impede uma arrancada brusca das cotações que teria potencial para "quebrar" empresas e ampliar a já elevada instabilidade nos mercados.
Em 31 de julho os bancos tinham notáveis US$ 38,64 bilhões vendidos no mercado futuro. A demanda por hedge é um dos motivos para isso. Muitas empresas já estão contratando agora o dólar que vão precisar no fim do ano, seja para pagamentos ou remessas de lucros e dividendos. O que o BC faz ao vender swaps com prazos curtos ou mais longos é normalizar a saída para quem precisa zerar uma posição e " impedir uma explosão de preço por falta de liquidez", explica um tesoureiro de banco.
O desafio trazido pela perspectiva de normalização da política monetária americana é grande. Os mercados já realizaram boa parte da tarefa do Fed nos próximos anos, readequando os preços dos ativos. Os desafios domésticos, porém, são considerados hoje maiores que as turbulências externas.
O dólar a R$ 2,30, no entanto, está longe de ser uma reação exagerada dos mercados e está mais perto do razoável que os R$ 2 do início de abril. Cálculos do Fundo Monetário Internacional, apresentados em relatório na sexta-feira, apontam que a taxa de câmbio real efetiva da moeda brasileira "está valorizada em 10 a 15% em relação ao nível sugerido pelos fundamentos de médio prazo".
O FMI prevê que os efeitos da saída das políticas de relaxamento monetário dos EUA serão mitigados no Brasil. Primeiro, porque os fluxos de capital de curto prazo se reduziram substancialmente desde 2011. Depois porque a desmontagem do afrouxamento quantitativo "concidiria com o aperto da política monetária brasileira, limitando o impacto do diferencial das taxas de juros". Câmbio flexível e reservas substanciais seriam outros amortecedores de peso.
Fonte: Valor Econômico