A fatia mensal do orçamento das famílias destinada ao pagamento de dívidas financeiras teve ligeira queda em maio. Ao mesmo tempo, a inadimplência apresentou um significativo recuo em junho, em especial em modalidades de pessoa física. São boas notícias para quem esperava uma melhora na qualidade do crédito brasileiro. Contudo, não foram capazes de dissipar a cautela de economistas sobre o que está por vir no campo dos financiamentos.
A fatia mensal do orçamento das famílias destinada ao pagamento de dívidas financeiras teve ligeira queda em maio. Ao mesmo tempo, a inadimplência apresentou um significativo recuo em junho, em especial em modalidades de pessoa física. São boas notícias para quem esperava uma melhora na qualidade do crédito brasileiro. Contudo, não foram capazes de dissipar a cautela de economistas sobre o que está por vir no campo dos financiamentos.
Há quem defenda que o aumento nas taxas de juros ao tomador e a deterioração das perspectivas do mercado de trabalho formam uma combinação perigosa para a capacidade de pagamentos das famílias.
Em maio, 21,44% da renda líquida das famílias foi empregada para o pagamento de obrigações financeiras, ante 21,47% em abril. No mesmo período do ano passado, o indicador estava em 22,47%.
A composição do indicador mostra que, se por um lado caiu a fatia destinada à amortização do principal da dívida, a parcela gasta com juros teve um leve aumento. Em maio, 12,96% do orçamento estava comprometido com pagamento do principal, ante 13,01% no mês anterior. Já o peso dos juros foi de 8,46% em abril para 8,49%.
Equipe de análise do Credit Suisse avalia que o aumento dos juros cobrados na ponta final pode interromper o movimento de queda no serviço da dívida das famílias. Considerando todas as operações pessoa física, a taxa para o tomador final de crédito subiu de 24% para 24,3% ao ano em junho, em relação a maio.
Em junho, os dados de inadimplência se mostraram positivos em diversas frentes. O percentual de calotes no sistema financeiro ficou em 3,4% no mês, a menor leitura desde junho de 2011, ante 3,6% em maio.
A inadimplência do crédito para famílias com recursos livres, que inclui o crédito de veículos e o consignado por exemplo, recuou 0,3 ponto percentual em junho ante maio, encerrando o mês em 7,2%. Melhorou também a taxa de atrasos entre 15 e 90 dias, que caiu de 6,8%, em maio, para 6,5% em junho. Para o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, isso sinaliza uma evolução favorável para inadimplência nos próximos meses.
"A queda da inadimplência faz parte do nosso cenário (...) todavia, suas repercussões positivas podem ser limitadas pelo momento menos favorável do mercado de trabalho e pela queda generalizada da confiança na economia", afirma a Rosenberg Consultores em relatório.
O estoque de crédito subiu 1,8% em junho, somando R$ 2,531 bilhões, o equivalente a 55,2% do PIB. Em 12 meses o avanço é de 16,4%, o mesmo verificado no fim do ano passado. O crescimento veio do crédito direcionado, com alta de 2,9% no mês, enquanto o crédito com recursos livres mostrou um aumento de 0,9%. As instituições públicas puxaram o desempenho, com crescimento de 3,5%. Os privados nacionais mostram contração de 0,3%.