Juntos, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil (BB) devem apresentar no segundo trimestre deste ano um lucro líquido de R$ 10,564 bilhões, segundo estimativas de analistas compiladas pelo Valor. É uma cifra bastante similar àquela registrada em igual período do ano passado, de R$ 10,748 bilhões. Os números consideram apenas itens recorrentes aos balanços dos bancos, por isso podem se mostrar diferente do lucro contábil, que serve de base para a distribuição de dividendos aos acionistas.
Juntos, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil (BB) devem apresentar no segundo trimestre deste ano um lucro líquido de R$ 10,564 bilhões, segundo estimativas de analistas compiladas pelo Valor. É uma cifra bastante similar àquela registrada em igual período do ano passado, de R$ 10,748 bilhões. Os números consideram apenas itens recorrentes aos balanços dos bancos, por isso podem se mostrar diferente do lucro contábil, que serve de base para a distribuição de dividendos aos acionistas.
Em meio a um ambiente de fraco crescimento do crédito e de spreads mais moderados, os três maiores bancos privados do país não devem mostrar grandes mudanças na última linha do balanço em relação aos números obtidos um ano atrás. Já o Banco do Brasil, apesar de ter se mantido ativo nas concessões de crédito, deve apresentar um lucro líquido de R$ 2,659 bilhões, com queda de 11% na comparação com o período de abril a junho de 2012.
"Esperamos que os resultados permaneçam desafiadores para os bancos brasileiros, principalmente por causa da fraca geração de receita, dado o fraco crescimento do crédito para os bancos privados e adicional queda nas margens, principalmente devido à mudança no mix do portfólio [de crédito]
", afirma o Deutsche Bank. Desde o ano passado, os bancos têm buscado originar operações de menor risco, como crédito imobiliário e consignado. A contrapartida disso são spreads mais baixos.
Os analistas esperam que o Bradesco, que inaugura hoje a temporada de resultados, seja o banco a apresentar o maior crescimento do lucro, com expansão de 5,6%, para R$ 3,029 bilhões. Crédito de melhor qualidade será um dos fatores responsáveis pela expansão do resultado do banco. O Bank of America Merrill Lynch (BofA) avalia que o banco terá um recuo de 0,1 ponto percentual no índice de inadimplência de 90 dias, que ficaria em 3,9%. As despesas com provisão também mostrarão redução.
A parte de prestação de serviços e seguros, segundo o HSBC, também deve sustentar a expansão do Bradesco. Os analistas estimam uma expansão de 15% na comparação anual, minimizando impactos da redução das margens e da expansão moderada do crédito.
A maior preocupação das corretoras em relação ao Bradesco está na carteira de títulos do banco. A expectativa das corretoras é que a alta das taxas de juros futuros traga impacto a todos os bancos, mas principalmente ao Bradesco. Essa perda, porém, deve ser registrada diretamente no patrimônio líquido do banco, não mexendo com o lucro da instituição.
No caso do Itaú, modesto crescimento da carteira de crédito, resultados menores de tesouraria e spread ainda inferior ao nível visto em igual período do ano passado devem levar o banco a um lucro líquido apenas levemente superior tanto na comparação anual. A média da projeção de oito analistas é de um lucro líquido de R$ 3,602 bilhões, valor 0,47% maior em relação ao segundo trimestre de 2012.
O banco segue sem apetite ao risco, emprestando a um ritmo moderado e preferindo linhas de crédito mais seguras. Em relatório, o BofA projeta um avanço de 6,8% da carteira de crédito do banco em relação ao mesmo período de 2012, enquanto a margem financeira líquida - diferença entre receitas e despesas de intermediação financeira - deve ficar estável.
Um dos fatores que têm evitado a deterioração dos ganhos do Itaú é o controle da inadimplência e dos gastos operacionais, que avançam a um ritmo inferior à inflação. Entre os três maiores bancos privados, um rígido controle dos gastos administrativos têm sido uma importante arma para sustentar os resultados.
Das instituições privadas, o Santander é o único que ainda não apresentou melhora na qualidade dos ativos ao longo do ano passado, além de estar com a expansão mais fraca da carteira de crédito. Pela previsão dos analistas, no segundo trimestre o banco deve apresentar uma queda - que seria a primeira desde o quarto trimestre de 2010 - ou ainda uma manutenção do índice de inadimplência, porém um aumento das despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa.
Com isso, deve ter um lucro de R$ 1,274 bilhão, com queda de 2,7% ante igual trimestre de 2012.
Vale esclarecer que as casas de análise usam critérios diferentes de apuração e de projeção do lucro líquido do banco espanhol.
Para o BTG Pactual, o Santander é o banco que tem a menor exposição às receitas de tarifas e de seguros, por isso está mais exposto aos ciclos de crédito.
Já no caso do Banco do Brasil, a história é diferente daquela que deve prevalecer para as instituições privadas. Pelas projeções dos analistas, o estoque de crédito no banco deve ter avançado, no mínimo, 21% na comparação anual.
O banco, porém, deve sofrer com a fraca geração de receitas, vindas tanto das operações de crédito quanto das tarifas. No ano passado, em meio a uma cruzada do governo, o BB lançou um programa de preços reduzidos para diversas linhas de crédito e serviços, o "Bom Pra Todos".
O número projetado para o lucro do BB - uma média das projeções feitas por cinco casas de análise - não inclui os ganhos extraordinários de R$ 4,7 bilhões que a instituição teve no segundo trimestre com a oferta inicial de ações da BB Seguridade.