A Polícia Federal (PF) informou, nesta sexta-feira, 12, em nota, as conclusões da investigação da origem dos boatos sobre a suspensão no pagamento dos benefícios do Programa Bolsa Família e de sobre um suposto pagamento extra pelo Dia das Mães.
A Polícia Federal (PF) informou, nesta sexta-feira, 12, em nota, as conclusões da investigação da origem dos boatos sobre a suspensão no pagamento dos benefícios do Programa Bolsa Família e de sobre um suposto pagamento extra pelo Dia das Mães.
O relatório da PF aponta que o boato foi espontâneo, não havendo como afirmar que apenas uma pessoa ou grupo tenha causado os boatos envolvendo o Bolsa Família. “Conclui-se, assim, pela inexistência de elementos que possam configurar crime ou contravenção penal”, conclui.
A PF aponta que analisou diversas linhas investigativas para apurar se houve articulação na divulgação do cancelamento do programa. Foram empenhados esforços para apurar uma possível articulação coordenada para que os boatos surgissem e ganhassem corpo.
Redes sociais
As investigações concluíram que “a internet e as redes sociais apenas reproduziram notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências bancárias”.
Da mesma forma, diz a nota divulgada pela PF, não ficou configurada a utilização de rádios comunitárias, telemarketing ou empresa contratada para a disseminação da informação de cancelamento do programa.
Apenas uma beneficiária no Rio de Janeiro noticiou ter recebido telefonema a respeito, depoimento que não se repetiu em nenhuma outra oitiva.
A PF aponta que entrevistou 180 beneficiários dos Estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Também foram ouvidos 64 gerentes da Caixa Econômica Federal nas localidades onde ocorreu o maior volume de saques.
Das pessoas ouvidas, diz a PF, aproximadamente 40% encontrava-se na data correta do cronograma de pagamento da bolsa.
Entre os motivos que levaram os demais beneficiários às agências bancárias, constam: a ciência da antecipação do pagamento por motivos diversos, a informação de um possível adicional em virtude do dia das mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa, respectivamente.
O pedido de investigação foi feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no dia 20 de maio. A PF teve 30 dias prorrogáveis por mais 30 para conduzir a investigação.
A confusão
Os boatos resultaram em mais de 90 mil saques de beneficiários do programa, que somaram R$ 152 milhões no fim de maio. Os boatos surgiram no fim de semana do dia 17 e provocaram confusão e correria às agências da Caixa em 13 Estados do Norte e Nordeste.
O episódio contou várias controvérsias e acusações e colocou a Caixa Econômica Federal (CEF) em situação delicada por não prestar informações de forma clara. A presidente Dilma Rousseff teve até de assegurar a permanência de Jorge Hedera na presidência da instituição.
Logo que o problema surgiu, a Caixa emitiu nota falando sobre normalização no movimento das agências e indicando que as investigações sobre os boatos estavam sendo conduzidas pela PF e que aguardaria o fim das investigações.
O banco teve de mudar de postura depois que o jornal Folha de S.Paulo trouxe reportagem com beneficiário que conseguiu fazer saques antecipadamente. Confrontada com a notícia, uma semana depois do ocorrido, já em 27 de maio, Jorge Hereda deu coletiva de imprensa para falar sobre a antecipação de pagamentos sem aviso prévio.
De acordo com Hereda, o banco não errou ao antecipar os pagamentos e que essa antecipação ocorreu por uma atualização do cadastro no qual estão registrados os beneficiários dos programas sociais do governo federal, conhecido como NIS (Número de Identificação Social). Esse cadastro tem mais de 200 milhões de inscritos. Hereda, no entanto, reconheceu que o banco foi “impreciso” ao negar que todos os benefícios estavam liberados desde sexta-feira, dia 17 .
“Essa imprecisão só se justifica pelo momento que estávamos vivendo. Peço desculpas a todos. Só quem viveu uma crise é que sabe o que é você naquele momento ter todas as informações e ainda ser preciso”, admitiu na época.
Outro assunto que surgiu logo após o ocorrido foi de que uma empresa de telemarketing do Rio de Janeiro estaria envolvida na disseminação do boato. A versão foi dada pela PF que, naquele momento, anunciou que já tinha indícios da empresa e investigaria o contratante e se havia interesses políticos-eleitorais no episódio.
A tese perdeu força dias depois, após a PF interrogar uma beneficiária que disse ter recebido uma ligação avisando sobre o fim do programa. A investigação mostrou que o número de onde teria partido a chamada era inexistente.