Prazos menores de financiamento, maior exigência de informações dos potenciais tomadores, bancos preferindo emprestar apenas para seus correntistas e pressão no mercado de carros usados. São essas apenas algumas das consequências da reorganização pela qual passou o crédito de veículos no Brasil, desde 2011, quando a inadimplência na modalidade disparou. As mudanças nas estratégias dos bancos para estes empréstimos persistem mesmo agora, quando os calotes voltaram a cair.
Prazos menores de financiamento, maior exigência de informações dos potenciais tomadores, bancos preferindo emprestar apenas para seus correntistas e pressão no mercado de carros usados. São essas apenas algumas das consequências da reorganização pela qual passou o crédito de veículos no Brasil, desde 2011, quando a inadimplência na modalidade disparou. As mudanças nas estratégias dos bancos para estes empréstimos persistem mesmo agora, quando os calotes voltaram a cair.
Em maio de 2013, o prazo médio de financiamento de veículos leves era de 36 meses, mesmo nível de abril, ante 41 meses um ano antes. "Os prazos não devem cair mais", afirma Iroilton Medeiros, da unidade de financiamentos da Cetip. Para o executivo, além de prazos menores e maior exigência de entrada, os bancos adaptaram seus modelos de crédito para exigir mais formalidade de potenciais tomadores, exigindo mais comprovação de renda, por exemplo.
"Não vamos ver por um bom tempo ciclo favorável no crédito a veículos", afirma Dominique Signora, diretor geral do RCI Brasil, banco das montadoras Renault e Nissan. Segundo ele, isso deve fazer com que os bancos de montadoras sigam sustentando o mercado. O desafio é fazer isso sem deteriorar a qualidade da carteira. No caso do RCI, a inadimplência acima de 90 dias foi de 1,11% em abril, ante 0,96% na média de 2012.
Se as taxas de juros subsidiadas dos bancos de montadora fizeram com que liderassem o crédito nas concessionárias, a estratégia de alguns bancos tem sido aumentar a fatia de crédito originada em agências. Caso, por exemplo, do Itaú Unibanco e do Bradesco. Desde junho do ano passado, os dois bancos perderam mercado em termos de originação. O Itaú foi de 15,1% em junho de 2012 para 13,1% no mesmo mês de 2013. O Bradesco foi de 14,5% para 13,3%.
Contudo, nos dois bancos a fatia de mercado considerando apenas o crédito concedido em agências cresceu, em especial nos veículos usados. Ou seja, uma parte do fluxo de pessoas que não encontrou crédito na concessionária, pode ter conseguido empréstimo ao procurar a instituição onde é correntista.
Especificamente no mercado de usados, dois nomes tradicionais do segmento recuperaram uma parte do espaço perdido em meses recentes: a BV Financeira e o Santander. A BV lidera o mercado, em termos de originações com 22,5% do total. O Santander, em segundo, tem 20%. Bradesco e Itaú têm 13,4% e 13,3%, respectivamente.
O próprio Santander reconhece que operar nesse segmento requer um conhecimento - e todo um aparato estatístico - bem específicos. Graças às sucessivas reduções de imposto para compra de carros novos, o valor do veículo usado despencou nos últimos anos. Para se proteger dessa variação, uma das ferramentas do Santander é aumentar o valor da entrada, criando um "colchão" para a operação, afirma Felix Cardamone.
Em 12 meses, as vendas financiadas de carros usados caíram. Em junho de 2012, eram financiadas 31% das vendas. Um ano depois, o percentual caiu a 27%. (FM)