Mesmo com calote menor, crédito de veículos encolhe

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Em um passado não tão distante, financiar a compra de veículos era o grande filão do sistema financeiro brasileiro. Durante a última década, a demanda reprimida da população pelo carro próprio fez a linha ganhar magnitude nos balanços dos líderes do varejo bancário do país. É um passado que ficou para trás. Nos cinco primeiros meses de 2013, o estoque de financiamentos de veículos, em R$ 192,1 bilhões, encolheu 0,6%. E vai continuar caindo, na opinião de executivos de bancos com forte presença no segmento.

Em um passado não tão distante, financiar a compra de veículos era o grande filão do sistema financeiro brasileiro. Durante a última década, a demanda reprimida da população pelo carro próprio fez a linha ganhar magnitude nos balanços dos líderes do varejo bancário do país. É um passado que ficou para trás. Nos cinco primeiros meses de 2013, o estoque de financiamentos de veículos, em R$ 192,1 bilhões, encolheu 0,6%. E vai continuar caindo, na opinião de executivos de bancos com forte presença no segmento.

Se enganou quem pensava que uma melhora da inadimplência aumentaria o interesse dos bancos em financiar veículos. Em maio, segundo dados do Banco Central, a inadimplência das operações de crédito a veículos ficou em 6,3%, o mesmo nível de janeiro do ano passado. Desde julho do ano passado, quando chegaram ao pico de 7,2%, os calotes na modalidade vêm diminuindo.

 

Por causa da retração dos grandes bancos no segmento, os bancos de montadora ocuparam o espaço e atingiram, em junho, 19,2% das operações de crédito para veículos leves originadas - avançando quase 6 pontos percentuais desde fevereiro. Os dados levam em conta os gravames, registros das garantias do crédito, feitos no período. São compilados pela Cetip e foram obtidos pelo Valor com executivos do mercado.

"A participação substancialmente maior dos bancos de montadora é explicada pelas promoções de 'taxa zero'", afirma Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras. Na "taxa zero", a montadora baixa artificialmente o juro do crédito. É uma perda calculada para manter o mercado de veículos aquecido. E a taxa, na prática, não é zero, já que o cliente arca com tarifas para contratar o crédito.

Carbonari não acredita em aumentos ainda maiores na fatia dos bancos de montadora nos próximos meses. Mas acredita que a frequência das promoções com taxas de juros subsidiadas deve aumentar. Na visão dele, a "taxa zero" ocupou o espaço de outras promoções feitas pelas montadoras, como o ar-condicionado gratuito ou a isenção de IPVA, na preferência de quem compra carros.

Entre os bancos comerciais, tanto públicos como privados, os últimos doze meses trouxeram reconfigurações entre as lideranças do mercado. O Itaú Unibanco, que era o segundo maior da modalidade em junho do ano passado, perdeu a posição para o Santander, considerando os veículos leves, tanto novos como usados. O Banco do Brasil, que no ano passado disparou em participação de mercado, também perdeu fôlego. Já dois nomes que andavam sumidos do mercado, a BV Financeira e o Banco Pan (antigo PanAmericano), voltaram a ganhar espaço. No caso da BV, seu avanço compensa em parte a perda de mercado do BB, um dos seus controladores.

O Santander, em junho de 2012, foi responsável por 12,3% das operações de crédito de veículos. Um ano depois, a fatia ficou em 15,1%. Além de um ganho na participação no mercado de usados, o banco se beneficiou do sucesso de vendas do HB20, o carro compacto lançado pela Hyundai no fim do ano passado. Em agosto do ano passado, o banco espanhol e a montadora criaram uma financeira em conjunto.

"Mais importante que volume originado, as operações com montadora trazem mais qualidade para a carteira", afirma Luis Felix Cardamone, vice-presidente executivo de varejo do Santander. "A inadimplência das operações de montadora chega a ser menos da metade dos demais créditos em algumas situações."

Cardamone projeta que apenas entre a segunda metade de 2014 e o começo de 2015 é que a carteira de crédito de veículos do mercado finalmente voltará a crescer consistentemente, com as novas operações superando as amortizações. Neste ano, afirma o executivo, ainda estão vencendo muitas das operações do período de 2010 e 2011, com prazos de até 70 meses e sem exigência de entrada, que têm dado dor de cabeça aos bancos que se aventuraram a originá-las.

Tentando deixar o passado para trás, o Banco Pan ficou mais agressivo no crédito de veículos no último ano. O banco saiu de 3,2% das originações em junho de 2012 para 5,6% um ano depois. "Ocupamos integralmente o espaço que era do HSBC ", afirma Sérgio Antônio Cipovicci, superintendente de veículos. O Pan contratou boa parte da equipe da antiga financeira do HSBC, incluindo Cipovicci, depois que o banco britânico decidiu focar nos clientes alta renda.

"O que projetamos no orçamento é um volume de originação estável daqui para frente", afirma o executivo, que tenta conquistar a preferência entre concessionárias, o que ajuda a receber antes as propostas dos melhores clientes.

Em junho do ano passado, no auge do programa Bom Pra Todos (que cortou em 37% as taxas de juros do financiamento de veículos), o BB contava com 14,4% de participação nos desembolsos para veículos novos - focando exclusivamente no canal agência. Um ano depois, caiu para 5,8%. O banco, porém, não se surpreendeu com a queda.

"Em 2012, saímos de um patamar de originação inferior a 1% do mercado para cerca de 12%. Em um segundo momento, após a readequação das taxas pelos demais bancos, esperávamos aumento da concorrência e estabilização do ritmo de originação em um patamar diferente, mas com a manutenção de um índice de inadimplência muito reduzido, inferior a 1%", afirma o diretor de empréstimos e financiamentos, Edmar Casalatina.

O BB é um dos poucos bancos ainda a dar crédito de veículos sem entrada e com 60 meses, o que tem alongado a duração da carteira do banco. O que diminui o risco das operações é que elas só são feitas em agências, com correntistas do banco.

Fonte: Valor econômico 

 

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