BC continua a confiar no IBC-Br, apesar dos erros

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A julgar pelos dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, a economia está se expandindo a taxas bem robustas no segundo trimestre. Mas o indicador, que é informalmente conhecido como o Produto Interno Bruto (PIB) do BC, está com a imagem arranhada depois de passar bem longe dos dados do PIB efetivamente medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE).

A julgar pelos dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, a economia está se expandindo a taxas bem robustas no segundo trimestre. Mas o indicador, que é informalmente conhecido como o Produto Interno Bruto (PIB) do BC, está com a imagem arranhada depois de passar bem longe dos dados do PIB efetivamente medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE).

Em abril, a economia brasileira avançou 0,84%, segundo o indicador do BC para o mês, divulgado na sexta-feira. Mantido esse ritmo nos próximos dois meses, hipótese pouco provável mas útil para dimensionar o IBC-Br de abril, o Brasil estará crescendo a uma taxa anualizada de cerca de 10% no segundo trimestre.

Os dados do IBC-Br também indicavam uma boa arrancada da economia no primeiro trimestre, que não se confirmou. O indicador anunciava expansão de 1,22% no período, mas o crescimento medido pelo PIB do IBGE foi de apenas 0,55%. Erro semelhante ocorreu no terceiro trimestre de 2012, quando o IBC-Br superestimou o PIB.

Uma análise dos dados desde 2003 feita pelo Valor mostra que erros como esse são frequentes. Em média, o desvio é 0,44 ponto percentual (pp). Em períodos mais longos, porém, o IBC-Br se aproxima da trajetória do PIB, já que erros para mais são compensados por erros para menos.

"Nós estamos olhando para o IBC-Br o tempo todo", disse ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, Carlos Hamilton, reafirmando a utilidade do indicador mesmo com os desvios em relação ao PIB. "Foi construído como propósito de nos ajudar a tomar decisões." Para ele, o IBC-Br "tem um desempenho muito bom". O erro absoluto médio em relação ao PIB, disse, comparado com o mesmo trimestre do ano anterior, é de 0,39 ponto percentual. Não é um erro muito grande, argumenta, considerando que a variação absoluta média do PIB de um período para outro é de 3,6% ponto percentual.

Acertar o PIB na mosca é uma tarefa inglória também porque esse é um alvo móvel. Os dados do PIB são submetidos a revisões no Brasil e no resto do mundo, e as implicações disso para a política monetária tem sido discutido pelos economistas. Um boxe do relatório de inflação do BC de dezembro de 2009 diz que "em média, o crescimento trimestral do PIB foi revisado em 0,67 p.p. para cima ou para baixo do valor inicialmente divulgado".

O documento se baseia em pesquisa dos economistas Rafael Cusinato, André Minella e Sabino Porto Jr ("Hiato do Produto e PIB no Brasil: uma análise de Dados em Tempo Real"). Ele trabalha, entre outras, com uma metodologia chamada de revisão absoluta média (RAM), que basicamente observa as variações entre o primeiro índice do PIB divulgado para determinado trimestre e a ultima revisão desse número, com dados colhidos desde 1994 até 2008, vésperas da conclusão do trabalho.

O PIB do primeiro trimestre de 2007, por exemplo, foi inicialmente divulgado com o índice de 134,8; cinco trimestres e algumas revisões depois, ele subiu para 135,4, uma diferença de 0,6 ponto. O do segundo trimestre de 2007 subiu um ponto, de 136,1 para 137,1 num período de quatro trimestres. Os economistas encaram as revisões do PIB como algo natural. Conforme o tempo passa, chegam informações mais apuradas sobre o estado da economia.

Um dos problemas do IBC-Br é conviver com a fama de que ele é "o PIB do BC", ou seja, que poderia ser quase um substituto em tempo real do PIB do IBGE. "Embora tenha sido criado na imprensa esse jargão do 'PIB do BC', o IBC-Br não é o PIB e não tem a pretensão de ser", afirma Carlos Hamilton. "O IBC-Br é feito com uma frequência maior que o PIB e, portanto, não temos todas as informações que o IBGE dispõe quando está medindo o PIB."

O IBC-Br é mensal, com divulgação 45 dias depois de fechado cada mês. Já o PIB é trimestral, e sai cerca de 75 dias depois de fechado cada trimestre. A lógica do IBC-Br é ser um indicador agregado da atividade. Sua matéria-prima são um conjunto de estatísticas agropecuárias, industriais e de serviços.

O IBC-Br atende a uma voracidade do mercado e do próprio BC por dados em tempo real para tomar decisões. "O IBC-Br é um pouco mais ágil que o PIB", afirma o economista Andrei Spacov, sócio da Gávea Investimentos. "A questão é saber exatamente as diferenças. O IBC-Br é uma medida mais geral da economia do que a produção industrial ou os dados do comércio, mas não tão geral quanto o PIB."

Neste ano, houve uma exceção e o PIB foi divulgado em fins de maio, no dia 29, quando o Copom estava reunido. O normal é o PIB do primeiro trimestre ser conhecido apenas em junho. "O Copom estaria se reunindo com o PIB de dois trimestres atrás", disse Carlos Hamilton. "Mas a decisão é tomada nesse momento, e a economia pode ter mudado de lá para cá."

Fonte: Valor econômico 

 

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