Os investidores em títulos públicos com juros prefixados e em papéis do Tesouro atrelados à inflação já sofreram perdas de cerca de R$ 120 bilhões neste ano devido à instabilidade dos mercados globais provocada pela expectativa de que o Federal Reserve, o banco central americano, comece a reverter a política de estímulo monetário.
Os investidores em títulos públicos com juros prefixados e em papéis do Tesouro atrelados à inflação já sofreram perdas de cerca de R$ 120 bilhões neste ano devido à instabilidade dos mercados globais provocada pela expectativa de que o Federal Reserve, o banco central americano, comece a reverter a política de estímulo monetário.
Esse valor leva em consideração a desvalorização dos papéis prefixados e indexados a índices de preços, cujo estoque nas mãos do mercado é de aproximadamente R$ 1,3 trilhão. São os títulos preferidos dos investidores estrangeiros e estão na carteira de seguradoras e de fundos de investimento e de pensão. Investidores do Tesouro Direto também estão arcando com fortes prejuízos.
A alta dos juros dos títulos do Tesouro americano tem estimulado aplicadores globais, especialmente "hedge funds", a desfazer investimentos em renda fixa fora dos EUA. Por isso, os juros têm subido em todos os mercados emergentes para onde o capital migrou nos últimos anos. Esses ajustes nas carteiras dos investidores provocam mudanças drásticas nos preços dos ativos em todas as praças.
À medida que o investidor estrangeiro vende seus papéis, os preços dos títulos caem. Os fundos são obrigados a atualizar os ativos a valor de mercado, o que provoca perdas imediatas. Como os fundos têm metas a cumprir e se veem obrigados a se desfazer de parte dos papéis, reforçam a desvalorização. Apenas neste mês, o IMA-B, índice que mede o desempenho das NTN-B, títulos atrelados ao IPCA, teve queda de 4,15%. No ano, o recuo foi de 9,1%. Os papéis com prazo de vencimento superior a cinco anos perderam ainda mais: 13,34%.
Para diminuir o nervosismo, o Tesouro fez ontem leilão de recompra de NTN-F, o primeiro desde outubro de 2008, ápice da crise mundial.
Fonte: Valor econômico