A alta rápida dos preços de imóveis e a forte expansão dos empréstimos imobiliários no Brasil reforça a necessidade de se monitorar de perto os balanços dos bancos e a situação das famílias, diz relatório do Fundo Monetári o Internacional divulgado nesta quinta-feira.
A alta rápida dos preços de imóveis e a forte expansão dos empréstimos imobiliários no Brasil reforça a necessidade de se monitorar de perto os balanços dos bancos e a situação das famílias, diz relatório do Fundo Monetári o Internacional divulgado nesta quinta-feira.
“Para fortalecer a capacidade de vigilância no setor imobiliário, o Banco Central terá que garantir a compilação e a publicação de um índice de preços de imóveis baseado em dados de negociações, com ampla cobertura geográfica”, diz o documento, acrescentando que o BC também “pode considerar implementar limites máximos para a relação entre o valor do empréstimo e o valor do bem (loan to value, em inglês) e para a relação entre a dívida e a renda, para evitar preventivamente a formação de riscos sistêmicos no setor imobiliário.”
Concluído em janeiro deste ano, o estudo analisa o arranjo de política macroprudencial brasileira, uma das partes do Programa de Avaliação do Setor Financeiro (FSAP, na sigla em inglês) do Brasil. Em abril deste ano, o BC pass ou a divulgar um indicador sobre a variação dos preços de imóveis, o Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Fina nciados (IVG-R).
O relatório nota que o Brasil foi um dos países que mais cedo adotaram medidas na área macroprudencial, com a sua experiência tendo recebido muita atenção da comunidade internacional.
“O Conselho Monetário Nacional e o BC tiveram um papel importante em monitorar e agir para garantir a estabilidade financeira durante crise financeira global. O BC, em especial, tem desenvolvido ativamente há tempos o arcabouço de política macroprudencial, devotando uma quantidade razoável de recursos para monitorar o risco sistêmico, implementar várias medidas macroprudenciais ou de administração de fluxos de capital, além de estabelecer um novo Comitê de Estabilidade Financeira (o Comef)”, aponta o FMI.
O estudo do FMI analisa a experiência brasileira com medidas macroprundenciais. Ao tratar do aument o dos requerimentos de capital sobre empréstimos ao consumidor, a instituição diz que ele parece ter contribuído para reduz ir a velocidade de crescimento do crédito. “Depois da implementação da medida, em dezembro de 2010, a taxa de crescimento do crédito ao consumidor caiu de 22% naquele mês para 11% em dezembro de 2011”, observa o relatório, destacando que houve também um encolhimento do prazo médio dos financiamento de automóveis, com uma queda de 20 pontos percentuais da parcela de empréstimos com prazos superiores a 60 meses.
O FMI também trata da introdução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para lidar com os fluxos de capitais externos.
“O IOF foi eficaz em reduzir o volume de fluxos de carteira e em mudar a composição dos fluxos de capital, aumentando os de longo prazo. Evidências empíricas sugerem que uma alta de 1 ponto percentual na taxa do IOF induz a uma redução de 0,73 ponto percentual do PIB nos fluxos de carteira e a aumento de 0,64 ponto nos fluxos de investimento de longo prazo”, aponta o FMI.
Para a instituição, o IOF foi bem sucedido em atingir o seu objetivo de reduzir tipos específicos de entradas de capital, mas a extensão do imposto para diferentes instrumentos e prazos sugere que os recursos passaram a entrar por outros tipos de fluxos depois de um pequeno período de tempo. Nesta semana, o governo reduziu de 6% para zero o IOF nas aplicações de renda fixa.