No primeiro trimestre, a receita da Metalplan, indústria de bens de capital com cerca de 80 funcionários, cresceu 34% em relação aos mesmos meses de 2012. "Estamos procurando entender o que aconteceu no primeiro trimestre", diz o diretor da empresa, Edgard Dutra. Ele quer compreender a estratégia de investimento dos clientes em um cenário em que ainda há capacidade ociosa em vários segmentos e no qual a demanda dá sinais de enfraquecimento - como ficou registrado no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, quando o consumo das famílias aumentou apenas 0,1% em relação ao final de 2012, já descontados os efeitos sazonais.
No primeiro trimestre, a receita da Metalplan, indústria de bens de capital com cerca de 80 funcionários, cresceu 34% em relação aos mesmos meses de 2012. "Estamos procurando entender o que aconteceu no primeiro trimestre", diz o diretor da empresa, Edgard Dutra. Ele quer compreender a estratégia de investimento dos clientes em um cenário em que ainda há capacidade ociosa em vários segmentos e no qual a demanda dá sinais de enfraquecimento - como ficou registrado no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, quando o consumo das famílias aumentou apenas 0,1% em relação ao final de 2012, já descontados os efeitos sazonais.
Chama a atenção de Dutra, porém, que o motor de boa parte da compra dos compressores comercializados pela empresa é a tentativa de ganhar eficiência. "As tecnologias que resultam em menor consumo energético têm sido buscadas pelas empresas não só por uma questão de marketing, mas também como forma de reduzir custos de produção", diz ele. Antes, os investimentos focavam muito o aumento de capacidade, mas aos poucos, avalia, "essa chave mudou". "Claro que há empresas investindo em aumento de capacidade, mas isso acontece mais em segmentos em que o aumento de demanda parece mais promissor."
A "sensação" de Dutra sobre o desempenho dos investimentos do primeiro trimestre é compartilhada por executivos de outras empresas do setor de bens de capital e também por analistas que acompanham a evolução do Produto Interno Bruto (PIB). No primeiro trimestre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que traz a medida do investimento, foi a boa notícia e registrou alta de 4,6% em relação ao último trimestre do ano passado e elevação de 3,0% na comparação com o mesmo período de 2012.
Uma análise da LCA Consultores sobre os dados do PIB e da produção de máquinas e equipamentos mostra que o desempenho do investimento não ficou restrito a caminhões e ônibus, que seguem a sazonalidade do agronegócio e tiveram resultado expressivo no período. Mesmo excluindo a aquisição de caminhões e ônibus, a alta da formação bruta de capital fixo foi de 4% no 1º trimestre, vinda de uma expansão de 1% no último trimestre do ano passado. A alta do investimento no primeiro trimestre, avalia a LCA, foi bastante disseminada. A única categoria em que houve retração da produção nesse período foi a de peças agrícolas.
Caio Megale, economista da área de macroeconomia do Itaú Unibanco, explica, porém, que a velocidade e o objetivo dos dispêndios dos investimentos diferem entre os setores. Os caminhões e máquinas agrícolas estão entre os setores que, puxados pelas safras agrícolas recordes, aceleram investimentos para expandir capacidade produtiva. Setores relacionados a insumos da construção civil, diz, também investem para ampliar capacidade, impulsionados pela proximidade da Copa do Mundo e do ano eleitoral.
Sem visualizar alta de demanda no curto prazo, outros grupos de atividades diversificadas investem de forma mais cautelosa com foco na melhoria da capacidade já instalada ou na tentativa de suprir a falta de mão de obra. "O foco tem sido mais na operação do que no crescimento. São empresas que querem elevar a produtividade e reduzir custos. Elas procuram, por exemplo, uma automação para reduzir a despesa com mão de obra", diz Megale. Em alguns casos, lembra, a empresa chega a investir numa nova planta. "Mas o objetivo dela não é ter duas plantas. O que ela quer é uma nova planta. Mais moderna, num lugar com mão de obra mais barata e com melhor localização."
Para Antônio Cesar da Silva, diretor de marketing corporativo da Weg, esse tipo de investimento foi sustentado pela política econômica, com a taxa de juros reduzida e o acesso mais facilitado às linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esses instrumentos, diz, não chegaram a detonar novos investimentos, mas contribuíram para viabilizar aqueles que as empresas decidiram tirar do papel.
A taxa de juros mais baixa, diz Silva, possibilitou desembolsos em máquinas e equipamentos. "Há empresas que trocaram seus equipamentos por novos, com o objetivo principal de conseguir melhor eficiência energética." Esse tipo de dispêndio, ressalta, seria inviável com alto custo de financiamento.
A receita operacional líquida da Weg, indústria de bens de capital, cresceu 7,9% no primeiro trimestre de 2013, na comparação com iguais meses do ano passado. Olhando somente as vendas de bens de capital para o mercado interno, a receita líquida com equipamentos eletroeletrônicos industriais teve alta de 3,8% enquanto no segmento de geração, transmissão e distribuição de energia o crescimento foi de 4,3%. Os dois segmentos, incluindo as vendas para o exterior, foram responsáveis por 84% da receita da empresa no primeiro trimestre.
Livaldo Aguiar dos Santos, presidente da Romi, também de bens de capital, analisa de forma semelhante o efeitos dos juros e dos financiamentos do BNDES. A empresa acabou sentindo de forma mais extensa a expansão de investimentos puxada pelos caminhões e ônibus. No primeiro trimestre, a Romi teve alta de 12,9% no valor de entrada de pedidos, na comparação com iguais meses do ano passado. Na mesma comparação, a entrada de pedidos para máquinas do setor de plásticos cresceu de forma mais modesta, com alta de 0,6%, e as máquinas-ferramenta, que representam cerca de 55% do valor total de novos pedidos no período, tiveram crescimento de 3%.
A grande alta, diz Santos, foi puxada pelo crescimento de 52,5% no primeiro trimestre contra mesmo período de 2012, de fundidos e usinados, segmento da empresa ligado principalmente à retomada na demanda por caminhões. Com peso aproximado de 3% sobre a formação bruta de capital fixo, o consumo aparente de caminhões e ônibus avançou 22% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2012, feito o ajuste sazonal.
Apesar do desempenho, diz Santos, o horizonte a curto prazo é visto com cuidado. "Acreditamos em resultado estável neste ano, em relação ao ano passado." A expectativa de maior aceleração, diz, ficou para 2014. A cautela parece comum entre as indústrias de bens de capital de todos os tamanhos. O problema, diz Dutra, da Metalplan, é saber quanto o nível de investimento do primeiro trimestre é sustentável. Por enquanto ele prefere manter expectativa de crescimento de 10% de receita para 2013, em relação ao ano passado. Meta modesta levando em consideração que em 2012 a empresa viu seu faturamento encolher 5% contra o ano anterior.
Megale estima que a aceleração do investimento agregado continuará durante o ano, mas a taxas mais baixas que as do primeiro trimestre. "Não teremos uma grande expansão, mas o investimento terá um contribuição positiva para o PIB este ano, ao contrário do ano passado." O Itaú prevê crescimento de 3,5% do investimento no PIB na comparação com o ano passado.
O economista do Itaú lembra que a confiança do empresário reverteu parte da tendência de melhora observada no início do ano. O indicador do Itaú, diz Megale, feito a partir de uma base ampla de clientes, recuou em abril e maio, e se encontra próximo do nível observado no início do ano. Aumento dos custos de produção e volatilidade tributária estão entre as preocupações. Há também percepção de que a retomada ainda é excessivamente dependente dos estímulos governamentais.