Caixa registra mais crédito vencido

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Um dado do balanço da Caixa Econômica Federal tem chamado a atenção do mercado. Números do primeiro trimestre mostram que o volume de parcelas de operações de crédito vencidas - ou seja, não pagas - saltou de R$ 4,9 bilhões em dezembro de 2012 para R$ 12,8 bilhões em março.

Um dado do balanço da Caixa Econômica Federal tem chamado a atenção do mercado. Números do primeiro trimestre mostram que o volume de parcelas de operações de crédito vencidas - ou seja, não pagas - saltou de R$ 4,9 bilhões em dezembro de 2012 para R$ 12,8 bilhões em março.

Nenhuma explicação para a variação consta do balanço, mas, questionada pelo Valor, a Caixa informou que o salto se deu por uma mudança no critério de classificação dos empréstimos. O banco diz que passou a divulgar como se estivessem vencidas as parcelas vincendas de empréstimos comerciais em atraso, em linhas como crédito pessoal e consignado. Juntas, as parcelas vencidas e vincendas formam a chamada carteira em curso anormal, com créditos em atraso há mais de 15 dias.

A magnitude do avanço registrado em balanço para três meses levanta questionamentos sobre a qualidade dos créditos da Caixa, cujo estoque cresce mais rapidamente que a média. Em 12 meses encerrados em março, a carteira da Caixa teve expansão de 43%, enquanto o sistema financeiro avançou 16,8%. Entre os quatro maiores bancos brasileiros por ativos, a Caixa foi o único a mostrar um aumento tão acentuado entre as parcelas não pagas. Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil mostraram expansão que não chega a dois dígitos, o que descarta uma explicação setorial.

A Caixa informou que houve apenas uma mudança de prática, o que fez crescer o volume de créditos registrados como vencidos. "Estamos constantemente revendo nossas políticas e, no fechamento do trimestre, houve uma mudança de critério", disse Paulo Rodrigues, diretor de controladoria. "Se deu por razão técnica. Ficamos mais conservadores, duros e prudentes que outros bancos."

O executivo da Caixa fez questão de frisar que essa abertura de dados de carteira anormal, entre parcelas vencidas ou vincendas, não afeta a constituição de provisões para perdas com calotes. Essas dependem da classificação de risco das operações na escala que vai de "AA" a "H", e que não foi alterada. O índice de inadimplência acima de 90 dias na Caixa ficou em 2,3% em março, abaixo da média de mercado, mas com alta de 0,2 ponto sobre dezembro.

Ciente do ruído causado pela mudança, a Caixa afirmou que voltará ao critério anterior para manter a comparabilidade da informação tanto do ponto de vista histórico como também com outros bancos. Por esse padrão, a Caixa disse que teria em abril R$ 7,66 bilhões em crédito vencido.

Não é só o volume de parcelas vencidas que tem chamado a atenção no balanço. O volume total de crédito em atraso - parcelas vencidas e vincendas - encolheu muito. De dezembro para março, a redução foi de R$ 18,9 bilhões, para R$ 38,4 bilhões.

Essa retração, que foge dos padrões históricos do banco, se concentrou no crédito imobiliário e se deve a outra mudança de prática. A Caixa considerava como em situação anormal qualquer empréstimo com atraso, mesmo que o valor não pago fosse irrisório em comparação com as parcelas. Assim, se num empréstimo de R$ 200 mil, com parcelas mensais de R$ 2 mil, houvesse R$ 10 não pagos por uma diferença de cálculo de juros, toda a operação era tratada como em atraso. Pela prática nova, passou a haver um filtro de relevância para tratamento dos financiamentos como anormais. Com isso, o índice de créditos anormais em relação à carteira total do banco se aproximou do da concorrência (ver quadro).

Rodrigues explicou que no fim de 2012 a Caixa também fez outra mudança de prática sobre esse ponto, passando a ficar alinhada com o critério do Banco Central e dos concorrentes. Passou a divulgar como "carteira anormal" só empréstimos com atraso acima de 15 dias. Até setembro de 2012, incluía nesse grupo financiamentos com qualquer tipo de atraso. Isso explica a queda vista na carteira anormal no quarto trimestre, de R$ 68 bilhões em setembro para R$ 57 bilhões em dezembro.

Segundo um especialista em contabilidade ouvido pelo Valor, as normas contábeis determinam que, quando uma empresa muda uma prática, deveria ajustar os dados anteriores para permitir a comparação. Ainda segundo ele, é comum os bancos usarem critérios quantitativos para limpar uma eventual "sujeira" na informação sobre inadimplência, como fez a Caixa com o crédito imobiliário. Em relação ao tratamento de parcelas vincendas como vencidas, diz desconhecer que outras instituições adotem a mesma política.

Fonte: Valor econômico 

 

 

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