Apesar de o percentual de famílias com dívidas ter recuado ligeiramente entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o número de endividados registrou alta. Os dados são da pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Apesar de o percentual de famílias com dívidas ter recuado ligeiramente entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o número de endividados registrou alta. Os dados são da pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O percentual de famílias inadimplentes alcançou 21,2% em janeiro de 2013, ante 21,7% em dezembro de 2012 e 19,9 % em janeiro de 2012. Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso reduziu-se entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, passando de 7,0% para 6,6%. Em janeiro de 2012, 6,9% haviam declarado que continuariam inadimplentes. Ainda assim, para os especialistas, os números são altos.
O cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 74,0% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 19,7%, e, em terceiro, por financiamento de carros, para 11,9%.
Controle financeiro
Para o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Sergio Bessa, de uma maneira geral, no Brasil não há uma cultura de educação financeira e a falta de conhecimento colabora para esse cenário.
“O parcelamento é a grande armadilha para as pessoas. Vão fazendo dívidas pequenas, acreditando que aqueles valores não vão pesar no orçamento e, quando vão fechar a conta no final do mês, descobrem que têm um número imenso de parcelas no cartão para quitar”, comenta.
Leonardo Melo, professor de administração e finanças pessoais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), acredita que há vários fatores que provocam o endividamento das famílias brasileiras.
“Não se pode negar o apelo da mídia, que cumpre bem o seu papel e instiga o desejo. Além disso, nos últimos anos, houve no país o incentivo ao crédito. Em um primeiro momento parece tudo muito simples. A pessoa tem um desejo, pega o crédito e pronto, realizou o sonho de consumo. Acontece que a emoção muitas vezes atrapalha. O consumidor se esquece de mensurar quanto aquele novo compromisso irá pesar em seu orçamento”, analisa Melo.
O especialista admite que cuidar das finanças dá trabalho, mas afirma que manter o controle do orçamento é recompensador. “Entender o que acontece com o seu próprio dinheiro merece atenção e dedicação, mas é fundamental para ter uma vida saudável, tanto do ponto de vista das finanças quanto do emocional. Além disso, com organização, é possível saber o que é necessidade, o que é desejo e o quanto um determinado consumo corresponde da renda”.
Para o professor, quando uma pessoa não tem o peso das dívidas, é possível planejar, por exemplo, viagens com a família. Ele recomenda que se coloque no papel no mínimo uma vez por semana o que se gastou. Dessa forma, a pessoa vai perceber quanto determinada compra equivale da sua hora de trabalho. “Criar planos e metas facilita, pois quando se tem um objetivo fica mais fácil alcançar o que se deseja”, afirma Melo.
Diagnosticando problemas
Em geral, as famílias se dão conta que estão com problemas financeiros quando o salário começa a não caber dentro do mês, ou seja, falta dinheiro para pagar as despesas dos últimos dias. É o que acredita o professo Bessa, da FGV. Para ele, quanto mais cedo o dinheiro do mês acaba, maior está sendo o problema da família.
“Nesse momento, o melhor é deixar toda a família a par da situação e fechar todas as torneiras possíveis de gastos. Passar a fazer o máximo de coisas dentro de casa ajudará a economizar, por exemplo”, aconselha Bessa.
Renegociar
Se o problema financeiro está instalado, o recomendável é reconhecer as dívidas. “É comum as pessoas terem vergonha ou se sentirem frustradas, mas esses sentimentos não ajudarão em nada. O importante é aceitar o problema, abrir o jogo com a família, colocar no papel quanto deve, para quais instituições, escolher quais dívidas devem ser pagas com prioridades, conforme o valor dos juros e taxas, e correr atrás da solução do problema”, afirma Melo.
Algumas pessoas contam com dívidas e simultaneamente possuem pequenos investimentos. Para Bessa, dificilmente uma aplicação financeira vai dar um rendimento superior ao que a pessoa paga pelo financiamento da sua dívida. “Enquanto um fundo de investimento está rendendo líquido em torno de 7% ao ano, a taxa de juros de um cheque especial ou de um cartão de crédito está por volta de 7% ao mês, ou seja, é 12 vezes maior do que se recebe por uma aplicação normal”, alerta.