Plano prevê reduzir a jornada de alguns funcionários de 8 para 6 horas diárias como prevê a lei; R$ 2,9 bi em processosjá estãocorrendo
Enquanto os bancos privados correm contra o tempo para cortar custos, nos públicos a história é outra: evitar despesas futuras.
Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, diz que nunca viu tanto esforço por corte de custos e aumento de eficiência nas instituições privadas, quanto nos últimos dois anos. "Nos bancos públicos, porém, não vejo a mesma estratégia, nem melhora da eficiência", diz.
No BANCO DO BRASIL o esforço é para adequar a rotina à legislação trabalhista e evitar custos adicionais com processos na justiça. Para se ter uma ideia, o Sindicato dos Bancários estima que a instituição pública tenha em passivo já ajuizado, ou seja, de funcionários que entraram na justiça contra o banco, mas que ainda não receberam de R$ 2,9 bilhões. Se considerarmos as outras despesas administrativas que constram do balanço da instituição do ano passado, de R$ 6,34 bilhões, este montante representaria 45,7%. Ou seja, seria uma economia de quase a metade das despesas administrativas.
"Além das ações coletivas, o BANCO DO BRASIL tem cerca de 3 mil processos individuais", informa Eduardo Araujo, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília.
Por conta deste aumento no nú- mero de processos judiciais, o BB iniciou em janeiro deste ano um programa de redução da jornada de trabalho. Batizado de Plano de Funções, trata-se de um programa voluntário para diminuir a carga horária de trabalho de oito para seis horas a quem fizer a opção. A medida atinge funcionários comissionados e não os que exercem fun- ções de maior responsabilidade ou cargos de confiança. "A adesão é voluntária e poderá ocorrer a qualquer tempo. No Plano há aumento de 12% no valor da hora de trabalho, para quem optar pela jornada de seis horas. Ou seja, não haver á desvalorização do salário, mas redução do número de horas trabalhadas a serem pagas", afirma a instituição.
De acordo com Araújo, a medida atende a uma demanda do Sindicato e dos próprios funcionários que estavam recorrendo aos tribunais para terem seus direitos respeitados, pois a legislação diz que a jornada de trabalho dos bancá- rios é de seis horas diárias.
Para o sindicalista, o esforço do BB é bem vindo, mas ainda insuficiente. "O plano deve atingir 20 mil funcionários, mas ainda há pelo menos 40 mil trabalhando 8 horas", garante. O banco possui 116 mil funcionários.
As horas extras no BB não foram extintas e todos os funcioná- rios que migrarem para jornada de seis horas podem realizar até duas horas por dia e até 10 dias por mês.
O mesmo plano foi instituido pela Caixa em 2010, com a criação de novos cargos com jornada de 6 horas. O objetivo também foi adequação à legislação trabalhista e não redução de custo.Priscila Dadona e Léa de Luca.
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Segundo o sindicato dos bancários, há R$ 2,9 bilhões em processo ajuizado contra o BB, ou seja, de funcionários que entraram na justiça e ainda não receberam
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