As pessoas estão se aposentando mais jovens e com muita disposição. Ainda assim, muitos profissionais resistem em pensar no assunto, incluindo a questão financeira.
As pessoas estão se aposentando mais jovens e com muita disposição. Ainda assim, muitos profissionais resistem em pensar no assunto, incluindo a questão financeira.
Flavia Possas, mestre em psicologia econômica pela Universidade de Exeter (Inglaterra), afirma que as pessoas costumam viver "no automático", enxergando suas vidas com foco no que se quer agora, sem pensar no futuro, que costuma a ser julgado incerto e distante.
"Temos uma tendência a dar um peso desproporcional ao presente e não levar em conta nossos próprios interesses de longo prazo, principalmente se envolvem algum tipo de desconforto como, por exemplo, poupar para o futuro", analisa Flavia.
Antonio De Julio, da Moneyfit, afirma que não há um fator de culpa, mas vários fatores, quando o tema é pensar no futuro. "A palavra chave é hábito. Enquanto as pessoas não mudarem seus hábitos e começarem a dar mais valor ao futuro, o cenário da falta de planejamento tende a não mudar e os riscos serão eminentes. Questões emocionais, saúde, casamento, amigos e família sofrem influência pela falta ou presença do dinheiro", comenta.
Metas e ações moderadas
Para o educador financeiro, aprender a pensar no futuro é fundamental e faz uma analogia com educação alimentar e física: "É necessário pensar em longo prazo e evitar os excessos. Se comemos demais, o excesso vem em forma de peso, perda de saúde e riscos cardíacos. Se gastamos demais, o excesso vem nas dívidas, na falta de sono, brigas com o cônjuge, aposentadoria com perda de padrão de consumo e por aí vai. Considero adequado pensar em curto, médio e longo prazos. Quem pensa demais em longo prazo, não vive o curto prazo. E vice-versa", analisa De Julio.
Flavia concorda e afirma: "Temos justamente que quebrar o hábito, sair do modo automático e planejar nosso futuro financeiro. Isso não significa deixar de viver o presente, mas simplesmente traçar um mapa e enxergar onde estamos e para onde queremos ir financeiramente, de quais recursos iremos dispor e como poderá ser nosso estilo de vida na aposentadoria".
Para De Julio, é necessário quebrar o paradigma de acreditar que o futuro só a Deus pertence. "Temos que cair na real. Quem não tiver um bom condicionamento financeiro daqui a 20, 30 anos, vai sentir as dores de não ter se preparado adequadamente", completa.
Pensar no futuro minimiza riscos
Flávia recomenda que as pessoas tenham metas para realizar com mais eficácia o planejamento financeiro, pois ajudam a enxergar para onde estamos indo, ao invés de focar exclusivamente nos sacrifícios que estamos fazendo no presente. "Podemos estabelecer metas de curto, médio e longo prazos, como, por exemplo: uma viagem no fim do ano, um carro em três anos, e a aposentadoria no longo prazo. Além disso, as metas nos ajudam a ver se nossos hábitos atuais estão condizentes com nossos sonhos e valores. Alguém pode, por exemplo, ter como prioridade dar uma educação de qualidade para os filhos, mas perceber que está comprometendo grande parte da renda com as parcelas de um carro.
Em relação à questão da aposentadoria ela comenta que, com a maior longevidade, a falta de planejamento se torna mais arriscada. Afinal, estamos falando de muitos anos de vida nos quais, sem um planejamento, o profissional, ao se aposentar, pode sofrer com um padrão de vida mais baixo ou com dificuldades financeiras e emocionais. Por isso, planejar e investir de maneira previdente se torna cada vez mais importante para a qualidade de vida do profissional que, agora, se aposenta mais jovem e com mais tempo de vida.
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Fonte: Agência ANABB