DECO BANCILLON
DECO BANCILLON
» VICTOR MARTINS
» ANTONIO TEMÓTEO
O governo poderá bancar até R$ 2 mil por família que estiver no Minha Casa, Minha Vida e que deseje financiar móveis e eletrodomésticos. Na prática, o Tesouro Nacional vai quitar 40% dos R$ 5 mil que estarão disponíveis para esses consumidores por uma nova linha de crédito. Os subsídios governamentais virão por meio de juro menores: 0,4% ao mês ou 4,91% ao ano. A Caixa Econômica Federal oferece, atualmente, uma opção de crédito com taxas que variam de 0,9% a 1,5% ao mês.
O BANCO DO BRASIL também deve oferecer a linha. O prazo máximo da operação, em ambas as instituições, será de 60 meses. A medida, porém, ainda não está fechada, porque o Tesouro precisa apresentar a fatura da renúncia fiscal à presidente Dilma Rousseff. Cálculos preliminares de técnicos do governo apontam para um custo aos cofres públicos entre R$ 1 mil e R$ 2 mil em subvenções por família.
Falta decidir ainda se todas as famílias no programa Minha Casa, Minha Vida, independentemente da faixa de renda, terão acesso ao crédito mais barato. O financiamento, apesar dos juros menores que a operação atual oferecida pela Caixa, deve ter um limite menor, de R$ 5 mil. No modelo vigente, é possível fazer operações de até R$ 10 mil, mas as taxas são maiores. A Caixa vai oferecer essa linha aos mutuários já no momento em que as famílias assinarem o contrato de compra do imóvel.
Também está na mesa de Dilma proposta que prevê mais incentivos à indústria de móveis e eletrodomésticos, como a extensão do desconto sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até o fim de 2013, medida semelhante a que beneficiou recentemente o setor automotivo. Ao Correio, técnicos da equipe econômica disseram que o governo está sensível em prorrogar o fim do desconto por mais tempo.
O anúncio do pacote, que estava programado para ontem, foi adiado porque os técnicos do governo estão preocupados com os resultados das contas públicas, que apontaram rombo 142% maior no primeiro trimestre do ano. De qualquer forma, Dilma está convencida de que os benefícios para as família são importantes, sobretudo depois de tantas denúncias de irregularidades no Minha Casa, Minha Vida.
Só comemoração
Em pronunciamento oficial ontem, Dilma não fez os anúncios esperados, como os incentivos ao Minha Casa, Minha Vida e a redução de impostos para baratear as passagens de ônibus. Ela se limitou a exaltar os feitos governo petista nos últimos 10 anos, ressaltando que 19,3 milhões de empregos com carteira assinada foram criados nesse período e o salário mínimo aumentou mais de 70% acima da inflação. Segundo ela, o Brasil foi o país que mais reduziu o nível o nível de desocupação no mundo em uma década: 30%.
Durante os 12 minutos e 26 segundo de discurso, Dilma enalteceu a Lei das Domésticas, que entrou em vigor no mês passado. "Foi um avanço", disse. A presidente também reafirmou que manterá a política de redução de impostos, de custos para produtores e para o consumidor, mesmo que tenha que "enfrentar interesses poderosos". Na avaliação dela, nada ameaça as conquistas, e o governo continuará a usar "instrumentos eficazes para ampliar o emprego, o salário e o poder de compra do trabalhador".
Dilma destacou a redução do desemprego, o empenho para tornar o país mais competitivo e a ascensão social de 40 milhões de pessoas à classe média. "Tivemos o menor índice de desemprego da história e o melhor ano de reajustes, com 95% das categorias conquistando aumento real de salário", afirmou.
Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas,mesmo com o ritmo menorno ritmo de contrações, a situação do mercado de trabalho é favorável.