aposta o HSBC. E nesse cenário, o banco britânico quer acelerar o financiamento em renminbi de exportações e importações entre o Brasil e a China.
aposta o HSBC. E nesse cenário, o banco britânico quer acelerar o financiamento em renminbi de exportações e importações entre o Brasil e a China.
Embora ainda pouco acessada por exportadores e importadores brasileiros, as linhas de financiamento à exportação em renminbi já são oferecidas por alguns bancos no Brasil como o próprio HSBC, o Standard Chartered e o BANCO DO BRASIL. O yuan, comumente citado como a moeda chinesa, é uma unidade de renminbi.
A mineradora CBMM é uma das empresas que estão para fechar operação em renminbi. Para a companhia, que tem receitas na moeda chinesa, decorrentes da venda de nióbio para o país asiático, é uma opção que casa bem com o seu fluxo financeiro.
A primeira operação de financiamento à importação realizada pelo HSBC ocorreu no ano passado para a Gala Embalagens, varejista de brinquedos do Mato Grosso. Segundo o HSBC, a companhia decidiu fazer uma importação em renminbi depois de visitar o fabricante na China. O objetivo, segundo o banco, era que a empresa conseguisse melhorar o relacionamento com o parceiro e reduzir o preço da sua compra.
Os exportadores chineses costumam oferecer um desconto na venda de produtos nas transações em moeda chinesa. Porém, como envolvem operações estruturadas, nem sempre são vantajosas para o importador brasileiro. A Gala importou brinquedos chineses no valor de 732 mil renminbi, o equivalente a R$ 232 mil. E, ao realizar a operação na moeda chinesa e não converter o pagamento em dólares, reduziu o risco cambial e os custos para o parceiro na China. Nos próximos meses, o HSBC deve fechar nova operação de financiamento à importação. A linha, de até um ano, tem valor equivalente a US$ 200 milhões.
O chefe global de commodities e operações comerciais estruturadas do HSBC, Jean-François Lambert, sugere a exportadores e importadores brasileiros que examinem a viabilidade de operações em renminbi, mas reconhece que o interesse ainda é pequeno, já que o dólar segue predominante nas transações de comércio exterior.
Segundo Magnus Montan, diretor de comércio do HBSC para América Latina, operações já realizadas com a moeda chinesa mostram que companhias brasileiras conseguem obter taxas de financiamento até 40 pontos base menores do que numa transação em dólar, na média.
O BB realizou a primeira operação de financiamento em renmimbi em agosto de 2011 para a concessão de adiantamento de contrato de câmbio para uma mineradora. A operação permitiu eliminar o risco de conversibilidade de moedas para o exportador brasileiro, que recebeu o adiantamento na mesma moeda do pagamento final da exportação.
De olho no aumento das transações entre Brasil e China, o BB decidiu transformar em agência o seu escritório de representação em Xangai. Por sua vez, o HSBC tem dois brasileiros em Xangai e um chinês em São Paulo focados nas operações em renminbi.
O escritório do BB em Xangai concentra-se na identificação de oportunidades no mercado chinês e na indicação de negócios de trade finance, tesouraria, private banking e mercado de capitais. Adicionalmente, disponibiliza a captação de recursos em renmimbi, por meio de sua agência de Londres.
O Standard Chartered também se prepara para oferecer esse tipo de linha no Brasil. "A realização de transações em renminbi vai depender do custo dessas linhas", afirma Mihailo Zlatkovic, diretor de corporate banking do banco.
Segunda maior economia do mundo e maior nação comercial (soma de exportações e importações), a China quer que países, companhias e investidores usem cada vez mais o renminbi para financiamento e investimento.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso Fernandes Lima, existe interesse por parte dos exportadores brasileiros que têm receita em renminbi em contratar essas linhas de financiamento, que podem ter um custo mais atrativo.
Na área comercial, desde 12 de junho de 2012 todas as importadoras e exportadoras da China podem pagar e receber em renminbi por bens, serviços e outros itens cobertos pelo "China"s Renminbi Trade Settlement Scheme". No ano passado, mais de 10% do comércio internacional total da China foi faturado em renminbi, comparado a quase zero em 2008. E essa proporção pode aumentar para 30% até 2015, o equivalente a US$ 2 trilhões, segundo o HSBC.
Maior consumidor mundial de commodities, a China dispõe de força para impor a expansão de sua moeda nas transações comerciais, diz Lambert, do HSBC. "O renminbi vai ser uma moeda importante no comércio em geral e nas commodities em particular." Ele cita que, hoje, a China representa de 40% a 50% das importações mundiais de várias commodities e que isso deveria permitir ao país ter um papel mais importante na fixação de preços das commodities e no uso de sua moeda.
Lima, da Sobeet, lembra, porém, que o modelo de crescimento chinês tem como um dos pilares a desvalorização da moeda. "Não vejo o uso do renminbi nas transações internacionais como uma tendência acentuada no longo prazo, uma vez que é de interesse do governo chinês manter a moeda desvalorizada ante o dólar."
Para o professor de economia chinesa do Insper, Roberto Dumas, a utilização do renminbi deve se limitar às transações comerciais e ele não vê a transformação da divisa em moeda conversível tão cedo. "Hoje você não tem a livre entrada e saída de capitais da China, e não acredito que o país deva promover uma abertura da conta capital tão cedo, o que limita o uso da moeda para as transações financeiras."
De acordo com dados da câmara internacional de compensação Swift, em dezembro de 2012 o uso da moeda chinesa nos meios de pagamento superou o da coroa dinamarquesa, do rand sul-africano e do dólar da Nova Zelândia - agora já supera o rublo da Rússia. No entanto, a moeda ocupava a 13ª posição no ranking das principais moedas utilizadas nas transações financeiras, com fatia de 0,63% do mercado.
Brasil e China pretendem assinar acordo para uma linha de crédito em moeda local. A ideia começou a ser costurada em janeiro, em uma reunião bilateral entre Bancos Centrais, e há chances de que o acordo seja assinado nesta semana na reunião de presidentes dos Brics na África do Sul.
Fonte: ANABB