Após capitanear a queda nas taxas de juros nos dois últimos anos, o BANCO DO BRASIL e a Caixa Econômica Federal disseram ontem que seus empréstimos ficarão mais caros se o Banco Central aumentar a taxa básica da economia, a Selic, como vem indicando. As instituições, no entanto, não esperam esse movimento "em um curto espaço de tempo" e atribuem a subida dos juros futuros no mercado à "especulação" de investidores, apesar das reclamações recentes do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que a alta da inflação não é confortável e se mostra bastante persistente.
Após capitanear a queda nas taxas de juros nos dois últimos anos, o BANCO DO BRASIL e a Caixa Econômica Federal disseram ontem que seus empréstimos ficarão mais caros se o Banco Central aumentar a taxa básica da economia, a Selic, como vem indicando. As instituições, no entanto, não esperam esse movimento "em um curto espaço de tempo" e atribuem a subida dos juros futuros no mercado à "especulação" de investidores, apesar das reclamações recentes do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que a alta da inflação não é confortável e se mostra bastante persistente.
"É natural que a gente tenha correção técnica, se por acaso a autoridade monetária sinalizar um aumento da taxa básica de juros", disse ALDEMIR BENDINE, que comanda o BANCO DO BRASIL. "A gente faz as correções técnicas dentro do espaço possível." Um eventual aumento dos juros pelo BC, no entanto, não deve significar perda de mercado para os concorrentes privados, porque os dois bancos têm compromisso de oferecer juros mais baixos que o resto do mercado.
"Vamos ter sempre as melhores taxas, independentemente do cenário", assinalou o dirigente da Caixa, Jorge Hereda, que não espera aumento da Selic em breve.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, os diretores do BC deixaram claro que os próximos passos da política monetária dependem da evolução dos índices de inflação e outros indicadores, já que os preços resistem a cair. A inflação oficial, que precisa fechar o ano entre 2,5% e 6,5%, chegou a 6,31% nos 12 meses encerrados em fevereiro.
Especulação. Economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central esperam que a Selic suba dos atuais 7,25% para 8,25% até dezembro. No mercado financeiro, investidores também apostam que a taxa básica de juros ficará mais alta, por meio da compra de contratos de juros futuros. Na avaliação de Bendine, presidente do BB, essas altas esperadas pelo mercado, porém, não passam de "especulação". "Do ponto de vista da realidade da economia, não há condições técnicas para a especulação no mercado futuro", afirmou.
Se o BC voltar a elevar os juros, como indicam Tombini e a ata do Copom, os bancos públicos enfrentam uma difícil escolha entre reduzir o lucro ou cobrar mais dos clientes. Mesmo com a taxa básica em nível recorde de baixa, dados compilados pelo BC mostram que ainda há um enorme espaço para que o consumidor tenha um custo próximo ao da Selic.
Dados compilados pela autoridade monetária mostram o BB em 22° lugar e a Caixa como 24° colocado no ranking de taxas cobradas no crédito pessoal no caso de empréstimos não consignados em folha de pagamento.
Os juros praticados pelo BB nessa linha giram em torno de 4i%ao ano, enquanto a Caixa cobra cerca de 47% ao ano.
A continuidade da queda dos juros ao consumidor, alertaram os dirigentes dos maiores bancos públicos do País, depende agora de ganhos de eficiência e redução de custos. Isso deve ser buscado por meio de parcerias entre BB e Caixa, em áreas diversas como transporte de valores e compras de insumos. Grosso modo, a idéia é transferir para os clientes a economia obtida com gastos menores.
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Sinalização
ALDEMIR BENDINE
PRESIDENTE DO BANCO DO BRASIL
"É natural que a gente tenha correção técnica, se por acaso a autoridade monetária sinalizar um aumento da taxa básica."
JORGE HEREDA
PRESIDENTE DA CAIXA
"Teremos sempre a melhor taxa, independentemente do cenário."
Fonte: ANABB