Cuidado ao parcelar as faturas do cartão

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Se você recebeu um simpático comunicado de seu banco oferecendo aquela "oportunidade imperdível" para o parcelamento da fatura do cartão de crédito, mesmo estando com as contas em dia, antes de tomar qualquer decisão, faça uma análise detalhada. Não se encante com promessas de comodidade e conveniência. Os juros para o financiamento dos débitos podem encostar nos 4% ao mês ou 60% ao ano. Taxas nesse patamar só valem em caso de emergência, quando o orçamento já não comporta o pagamento integral do cartão e há o risco iminente de se recorrer ao extorsivo crédito rotativo, com juros médios de 10% ao mês ou de 213% anuais.

 

"Parcelar a fatura de cartão de crédito só é bom para aqueles que estão no limite, já não podem honrar mais os valores integralmente. É melhor pagar 4% de juros ao mês, em prestações fixas, do que ficar rolando a dívida a 10% mensais no crédito rotativo por um tempo indeterminado", diz Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira e autor do livro Livre-se das Dívidas. De qualquer forma, ele aconselha aos que optarem pelo financiamento da dívida em até 36 meses, como estão oferecendo os bancos, que negociem as taxas. O ideal, segundo ele, é que os encargos mensais sejam de, no máximo, 2%. Não se conseguindo esses juros, o melhor é buscar outra opção mais barata, como o crédito consignado, cujas prestações são descontadas diretamente do contracheque.

 

Independentemente das ofertas do mercado, os especialistas não têm dúvidas: o mais indicado, no caso dos cartões de crédito, é gastar apenas o que se pode pagar integramente nas datas de vencimento da fatura. Sabendo usar, o dinheiro de plástico é um parceiro importante para os consumidores, sobretudo quando o dinheiro do mês já está acabando. O problema, é que boa parte das pessoas acaba transformando as facilidades em um tormento. Gastam além das possibilidades e, quando chega o dia do acerto de contas, os recursos disponíveis não são suficientes para o pagamento integral dos débitos. Não custa lembrar que, das famílias endividadas, 74% estão penduradas no cartão. De cada 100 brasileiros que usam essa modalidade de crédito, 30 já estão com as faturas atrasadas.

 

Situação dramática

 

São esses clientes mais "agressivos", que acabam se descontrolando no cartão e vivem rolando as dívidas mensalmente no rotativo, os alvos principais dos bancos. As instituições querem resolver os problemas antes que os débitos se tornem impagáveis e sejam obrigadas a lançá-los em seus balanços como prejuízos. "Quem se descontrolou e está em situação dramática, é melhor fugir do rotativo e aceitar o parcelamento, com valor fixo. É um produto muito interessante, nesse particular", assegura o educador financeiro Jurandir Macedo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

No Bradesco, os juros para os parcelamentos de faturas são de 3,70% ao mês e de 52,96% ao ano. No Itaú, de 2,85% e 40,76%, respectivamente. OBANCO DO BRASIL tem duas linhas: pelo Pagamento Parcelado da Fatura, o cliente pode dividir o saldo devedor em até 12 vezes; pelo Crédito Parcelado Cartão, em até 36 vezes. Em ambos o casos, a taxa mínima é de 1,94% ao mês (25,93% ao ano), se o cliente aderir ao Serviço de Assessoria Financeira, e a máxima, de 3,88% mensais (57,90% anuais). Sem a adesão, os juros sobem para até 3,99% ao mês (59,92% anuais). O pagamento mínimo é de R$ 10.

 

Para os que aceitam dividir os débitos, é importante lembrar que o limite de crédito do cartão ficará comprometido, sendo liberado à medida que as parcelas forem sendo pagas. É uma forma de se evitar o superendividamento e, como destaca Reinaldo Domingos, um caminho importante para se fazer um faxina na finanças. "Aquele devedor que trocou o débito caro por um mais barato não pode fazer a operação virar vício. Cada um tem que viver dentro de seu orçamento. O brasileiro conserva um péssimo hábito: primeiro faz a dívida, depois chora", acrescenta Antonio de Julio, consultor da MoneyFit Inteligência Financeira.

 

Para José Carlos Abreu, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), se o devedor do cartão entrou ou está prestes a cair no crédito rotativo, pagando sempre o mínimo de 15% exigidos, ou foi incluído na lista de maus pagadores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), não há o que discutir: o parcelamento da fatura pode ser um bom negócio. "A vida de quem está com nome sujo é penosa. Dependendo do tamanho da dívida, o banco pode penhorar os bens. Se chegar a esse ponto, informe suas dificuldades ao credor e procure apoio jurídico. Caso, eventualmente, seja preciso pegar outro empréstimo, leia o contrato. Depois de concordar com as regras, não tem mais jeito de reclamar", reforça.

 

 

Faxina nas finanças

Para Reinado Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira, entrar para a lista de maus pagadores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) pode, de início, ser traumático para os consumidores, mas é um fato importante para que as pessoas pisem no freio e reflitam sobre o porque de estarem gastando demais. "Às vezes, é bom ficar negativado. É a oportunidade para se eliminar os excessos. Use o velho ditado: devo, não nego, pago quando puder. E se organize. O acerto pode demorar, mas, no final, nem o consumidor nem o banco terá prejuízo", diz. Ele ressalta ainda que, nos momentos de desespero, os consumidores não devem se submeter a acordos que não podem cumprir. Devem agir com calma para não meter ainda mais os pés pelas mãos.

 

Fonte: Correio Braziliense

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