Proteínas do intestino delgado podem cair na corrente sanguínea, atingir outros órgãos e digeri-los, provocando a septicemia. Em testes com ratos, o bloqueio dessas estruturas curou 100% das cobaias
Uma situação paradoxal, mas muito comum: o doente é internado para tratar de uma doença e acaba morrendo em decorrência de uma infecção generalizada adquirida no hospital. Por ano, são 220 mil óbitos no Brasil; no mundo, estima-se que aconteçam 50 mortes anuais em cada 100 mil pessoas. Até agora, a única forma de contornar a septicemia é o uso de antibióticos de amplo espectro, estratégia que não consegue minimizar o problema, detectado principalmente em unidades de terapia intensiva. Um estudo publicado na revista Science Translational Medicine mostrou, porém, que a solução pode estar muito próxima.
![]() |
Em 2008, o bioengenheiro Geert W. Schmid-Schönbein ganhou o prêmio Landis Award, um dos mais importantes da área, por descobrir um mecanismo chamado autodigestão. O cientista constatou que, por trás da infecção que leva à falência de órgãos, há um processo que envolve enzimas digestivas. Bloquear a ação dessas proteínas é a chave para reverter o choque séptico, que acontece quando um patógeno entra na corrente sanguínea e começa a danificar os tecidos até que eles parem de funcionar. Agora, em um estudo com ratos, Schmid-Schönbein conseguiu mostrar que, quando as enzimas são inibidas, a chance de sobrevivência pode chegar a 100%.
Fonte: Correio Braziliense