BANCO DO BRASIL quer financiar mais imóveis, enquanto a Caixa se prepara para avançar no setor de veículos João villaverde Os dois bancos públicos que iniciaram a corrida pela redução dos juros em 2012 vão direcionar esforços neste ano para os mercados em que o rival atua. Depois de entrar mais firmemente no financiamento de veículos, o BANCO DO BRASIL (BB) agora tem como meta fatia maior do crédito imobiliário, dominado pela Caixa Econômica Federal. Esta, por sua vez, vai entrar com tudo no setor de carros, segmento em que o BB vem ganhando espaço. Desde abril, BB e Caixa conduziram um forte processo de corte geral nos juros cobrados em suas linhas, processo cobrado publicamente pela presidente Dilma Rousseff nos primeiros meses de 2012 e, depois que foi iniciado, teve o "reforço" dos demais bancos privados. Ao todo, os dois bancos públicos viram 6 milhões de novos clientes tomarem empréstimos em suas agências desde então. Ambos registraram, a partir de abril, mais de 250 mil novas contas abertas por mês. Ao Estado, os principais responsáveis pela estratégia dos dois bancos afirmaram que, neste ano, o objetivo é ganhar mercado em terreno alheio. Segundo Alexandre Abreu, vice-presidente de finanças do BANCO DO BRASIL, o mercado que a instituição "pode e deve" crescer mais é o de crédito imobiliário. Nos 12 meses encerrados em novembro, o BB ampliou em 57% o saldo de sua carteira imobiliária, que chegou a RS 12 bilhões - o equivalente a 10% do saldo total de crédito à pessoa física, mas apenas 2% do saldo total de crédito da instituição, que deve ter sido pouco inferior a RS 576 bilhões em 2012. O mercado imobiliário brasileiro é dominado pela Caixa, que detém 71,5% do total de crédito no setor. O saldo da carteira de financiamentos imobiliários da Caixa é de RS 200,6 bilhões, o equivalente a 584% do total da carteira de crédito da instituição financeira estatal. "Este é um mercado cada vez mais competitivo, então não podemos perder o foco. Estamos na briga", disse Márcio Percival, vice-presidente de finanças da Caixa. Segundo Percival, a grande aposta para 2013, contudo, está no crescimento vigoroso no mercado de veículos. Atualmente a Caixa detém pouco mais de 7% deste mercado, com cerca de RS 2 bilhões em carteira, mas deseja crescer 3 pontos porcentuais neste ano. A Caixa vai aumentar asinergiacomo banco Panamericano que, até ser adquirido pela estatai em 2009 era um dos principais nomes do segmento. O financiamento de veículos foi a primeira linha a ter taxas de juros reduzidas pelo BB. Em março, o saldo em 12 meses da carteira de crédito para compra de automóveis no BB era de R$ 4,2 bilhões. Em novembro, esse resultado saltara a RS 9,9 bilhões e, segundo Abreu, de ve ter encerrado 2012 em RS 10,4 bilhões. "A inadimplência não acompanhou (esse crescimento), porque colocamos no sistema justamente aquele consumidor mais conservador, que só aceitou comprar um carro porque o juro era muito baixo", disse Abreu. Segundo dados do BB, a inadimplência superior a 90 dias na carteira de crédito para veículos caiu de 2,7% em março para 1,2% em novembro - e deve ter fechado o ano em 1,1%. Competição. Tanto BB quanto Caixa entendem que 2013 será de forte competição bancária. "Fizemos uma reestruturação do nosso modelo de crédito, reduzimos as taxas de juros num ritmo além daquele realizado pelo Banco Central, e fizemos isso em todas as linhas. A inadimplência caiu. No ano novo, a competição deve ser mais acirrada", afirmou Abreu, do BB. Para Percival, da Caixa, 2013 será "o ano da verdade para o sistema bancário", uma vez que "todos viram que a estratégia de redução dos juros deu certo".
BANCO DO BRASIL quer financiar mais imóveis, enquanto a Caixa se prepara para avançar no setor de veículos
João villaverde
Os dois bancos públicos que iniciaram a corrida pela redução dos juros em 2012 vão direcionar esforços neste ano para os mercados em que o rival atua. Depois de entrar mais firmemente no financiamento de veículos, o BANCO DO BRASIL (BB) agora tem como meta fatia maior do crédito imobiliário, dominado pela Caixa Econômica Federal. Esta, por sua vez, vai entrar com tudo no setor de carros, segmento em que o BB vem ganhando espaço.
Desde abril, BB e Caixa conduziram um forte processo de corte geral nos juros cobrados em suas linhas, processo cobrado publicamente pela presidente Dilma Rousseff nos primeiros meses de 2012 e, depois que foi iniciado, teve o "reforço" dos demais bancos privados.
Ao todo, os dois bancos públicos viram 6 milhões de novos clientes tomarem empréstimos em suas agências desde então. Ambos registraram, a partir de abril, mais de 250 mil novas contas abertas por mês.
Ao Estado, os principais responsáveis pela estratégia dos dois bancos afirmaram que, neste ano, o objetivo é ganhar mercado em terreno alheio. Segundo Alexandre Abreu, vice-presidente de finanças do BANCO DO BRASIL, o mercado que a instituição "pode e deve" crescer mais é o de crédito imobiliário.
Nos 12 meses encerrados em novembro, o BB ampliou em 57% o saldo de sua carteira imobiliária, que chegou a RS 12 bilhões - o equivalente a 10% do saldo total de crédito à pessoa física, mas apenas 2% do saldo total de crédito da instituição, que deve ter sido pouco inferior a RS 576 bilhões em 2012.
O mercado imobiliário brasileiro é dominado pela Caixa, que detém 71,5% do total de crédito no setor. O saldo da carteira de financiamentos imobiliários da Caixa é de RS 200,6 bilhões, o equivalente a 584% do total da carteira de crédito da instituição financeira estatal. "Este é um mercado cada vez mais competitivo, então não podemos perder o foco. Estamos na briga", disse Márcio Percival, vice-presidente de finanças da Caixa.
Segundo Percival, a grande aposta para 2013, contudo, está no crescimento vigoroso no mercado de veículos. Atualmente a Caixa detém pouco mais de 7% deste mercado, com cerca de RS 2 bilhões em carteira, mas deseja crescer 3 pontos porcentuais neste ano. A Caixa vai aumentar asinergiacomo banco Panamericano que, até ser adquirido pela estatai em 2009 era um dos principais nomes do segmento.
O financiamento de veículos foi a primeira linha a ter taxas de juros reduzidas pelo BB. Em março, o saldo em 12 meses da carteira de crédito para compra de automóveis no BB era de R$ 4,2 bilhões. Em novembro, esse resultado saltara a RS 9,9 bilhões e, segundo Abreu, de ve ter encerrado 2012 em RS 10,4 bilhões.
"A inadimplência não acompanhou (esse crescimento), porque colocamos no sistema justamente aquele consumidor mais conservador, que só aceitou comprar um carro porque o juro era muito baixo", disse Abreu. Segundo dados do BB, a inadimplência superior a 90 dias na carteira de crédito para veículos caiu de 2,7% em março para 1,2% em novembro - e deve ter fechado o ano em 1,1%.
Competição. Tanto BB quanto Caixa entendem que 2013 será de forte competição bancária. "Fizemos uma reestruturação do nosso modelo de crédito, reduzimos as taxas de juros num ritmo além daquele realizado pelo Banco Central, e fizemos isso em todas as linhas. A inadimplência caiu. No ano novo, a competição deve ser mais acirrada", afirmou Abreu, do BB.
Para Percival, da Caixa, 2013 será "o ano da verdade para o sistema bancário", uma vez que "todos viram que a estratégia de redução dos juros deu certo".
FONTE: O Estado de S. Paulo