Para estimular o crescimento, BC reduz Selic pela oitava vez

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Diante de sinais cada vez mais evidentes de que a economia ainda não dá sinais de recuperação, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade reduzir a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,50 ponto percentual, para 8% ao ano - o menor nível da história. Desde agosto do ano passado, foram oito cortes

Diante de sinais cada vez mais evidentes de que a economia ainda não dá sinais de recuperação, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade reduzir a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,50 ponto percentual, para 8% ao ano — o menor nível da história. Desde agosto do ano passado, foram oito cortes, 4 pontos percentuais de redução e, pelas projeções do mercado, no próximo mês deve vir mais um ajuste, semelhante ao de ontem. A nova queda se junta a outras medidas adotadas pelo governo com o intuito de dar fôlego à atividade, mas que, até agora, não surtiram o efeito desejado.

A fraqueza da economia doméstica e internacional, e a inflação em convergência para a meta, segundo comunicado divulgado pelo Banco Central, justificaram a redução. Com base nos dados conhecidos até o momento, especialistas alertam que a indústria não vai retomar o ritmo pelo menos antes do último trimestre. O comércio, até agora a mola de sustentação do Produto Interno Bruto (PIB, soma da produção de riquezas do país), também derrapou e, em maio, as vendas recuaram 0,8%, apesar das facilidades criadas para o consumo.

"Após decepcionar, com um crescimento pífio no primeiro trimestre, indicadores coincidentes de atividade apontam para um avanço do PIB apenas marginalmente melhor no segundo", avaliou Luciano Rostagno, economista-chefe do Banco WestLB. "Enquanto o consumo doméstico se mantém relativamente robusto, a indústria brasileira continua acumulando sinais de enfraquecimento, tornando evidente a falta de investimentos e de reformas estruturais no País", criticou. O clima de frustração pode se consolidar hoje com a divulgação do indicador de atividade econômica do BC. O estudo pode indicar que o segundo trimestre também foi perdido.

Ousadia
Essa expectativa já se desenhava ontem, no mercado futuro de juros. Os contratos fecharam em queda, e aumentaram as apostas de que a autoridade monetária pode levar a Selic para abaixo de 7,5%. Já há, inclusive, quem acredite que, na reunião de outubro, o Banco Central continuará os cortes, mas em ritmo mais moderado, possivelmente de 0,25 ponto percentual. "A crise internacional é persistente, a atividade não deslancha e há comportamento favorável da inflação. Tudo isso ajuda a reduzir as estimativas para os juros", avaliou Roberto Padovani, economista-chefe da corretora Votorantim.

André Perfeito, da corretora Gradual Investimento acredita que a situação econômica pede ousadia. "O tempo não é de pudores monetaristas. Levando em conta os últimos dados disponíveis, o BC terá jogar a Selic para além do que o mercado acredita como razoável, caso contrário só estará perdendo tempo", afirmou.

Pela demora dos efeitos da Selic sobre a economia, que pode variar de 6 a 9 meses, analistas começam, no entanto, a questionar quando o Banco Central vai se preocupar com 2013. Juan Jensen, sócio-diretor da Tendências Consultoria estima que a inflação do próximo ano deve ficar em 6%, bem acima dos 4,5% definidos como meta central e próximo do limite de tolerância, os 6,5%. "O cenário externo está deflacionsita, mas nada garante que ficará assim em 2013", alertou. Segundo ele, no ano que vem haverá reajustes de tarifas de ônibus, que não ocorreram em 2012 devido às eleições. Ele afirma ainda que o mercado de trabalho deve continuar apertado e a atividade econômica será mais robusta. "Pressões vão aparecer por todos os lados", disse.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) celebrou o corte na Selic. Em nota, afirmou que a política macroeconômica "continua na direção correta". "A diminuição dos juros favorece a manutenção de um patamar de taxa de câmbio mais favorável aos produtos brasileiros" avaliou a instituição. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) exigiu maior repasse da queda aos clientes bancários e pediu mais ousadia ao BC. A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) adotou postura semelhante. "A queda de juros é benéfica para o Brasil, portanto, essa cautela excessiva adotada pelo BC não é necessária", disse Paulo Skaf, presidente da entidade.

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