Diária superfaturada

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Agência de turismo que organizou a viagem de servidores do Senado cobrou da Casa preços mais caros que o do hotel Delegações internacionais e nacionais lotam a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 iniciada há seis dias no Rio de Janeiro. Parte dessas comitivas, inclusive ligadas a órgãos públicos, foram hospedadas na capital carioca por intermédio da Terramar Turismo e Eventos, que ganhou licitação e se tornou a agência oficial do evento. A Terramar cobrou comissão, de pelo menos 45%, para hospedar uma comitiva do Senado Federal no Monza Hotel, em Jacarepaguá. Por ocasião da Rio+20, a Terramar reservou, pelo menos, 20 acomodações no Monza Hotel. Dessas, 16 foram ocupadas por técnicos, analistas ou consultores do Senado. A maior parte desses hóspedes ficaram em quartos duplos ou nos singles standard. O preço cobrado pela acomodação single é R$ 170. Se for duplo, R$ 220. Mas os servidores do Senado desembolsaram R$ 319 pela diária, valor que em relação ao quarto single dá uma diferença de 87,65%, e no caso do duplo de 45%. A discrepância entre o valor de balcão e o praticado pela agência foi notada pelos servidores do Senado, que ficaram incomodados também com a qualidade das acomodações. "As instalações eram muito velhas; os quartos fediam a cigarro; o barulho, infernal; e o ar-condicionado estava estragado", contou uma das hóspedes, que preferiu manter o nome em sigilo. Contrariados, esses servidores procuraram se informar na recepção sobre os preços dos quartos em que estavam acomodados: "Um absurdo saber que a gente pagou tão mais caro do que o valor de balcão". O desconforto do Monza Hotel espantou até a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A princípio, a parlamentar havia optado por ficar em um hotel mais barato - o outro oferecido pela agência aos senadores foi o Windsor, cuja diária, segundo ela, era de R$ 1,5 mil. Mas por considerar as instalações inadequadas, a senadora acabou mudando. "Aluguei um apart hotel na Barra da Tijuca. Vou tentar reaver o dinheiro que foi debitado pela agência", disse Vanessa Grazziotin. Segundo a senadora "foi preciso uma intervenção do governo para conter esse tipo de abuso na Rio+20, mas mesmo assim eles ocorreram". Tanto os parlamentares quanto os servidores do Senado recebem uma diária para custear gastos de hospedagem, alimentação e locomoção em caso de viagens oficiais. Os funcionários são reembolsados com cerca de R$ 300 e os senadores com pouco mais de R$ 500. É dessas quantias subsidiadas com dinheiro de impostos que sai a comissão praticada por agências de turismo como a Terramar. A empresa foi contratada em 2011 pelo Itamaraty por meio de licitação. Média de mercado A agência de turismo informou, por meio da assessoria, que o valor das diárias hoteleiras "não ficam a cargo da Terramar", mas sim do estabelecimento. Ao saber, no entanto, que o Monza Hotel confirmou à reportagem que os valores cobrados para qualquer hóspede, independentemente ou não da Rio+20, eram os informados no site, a agência de viagem complementou a resposta. "Foram pagos R$ 319 pelo valor da diária. Descontando 17,32% de imposto, a operadora obteve uma remuneração de R$ 43,74 por diária ou 16,5%. Portanto, dentro da média de mercado que varia entre 10% e 30%", considerou o diretor comercial da agência, Rogério Frizzi. Segundo a Terramar, os quartos reservados foram o tipo duplo, embora vários hóspedes do Senado tenham ficado no single. O episódio rendeu uma piada entre os servidores do Senado que se sentiram prejudicados. "Participando da Rio+100%. De comissão". "Foi preciso uma intervenção do governo para conter esse tipo de abuso na Rio+20, mas mesmo assim eles ocorreram" Vanessa Grazziotin, senadora, (PCdoB-AM)

Agência de turismo que organizou a viagem de servidores do Senado cobrou da Casa preços mais caros que o do hotel

Delegações internacionais e nacionais lotam a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável — Rio+20 iniciada há seis dias no Rio de Janeiro. Parte dessas comitivas, inclusive ligadas a órgãos públicos, foram hospedadas na capital carioca por intermédio da Terramar Turismo e Eventos, que ganhou licitação e se tornou a agência oficial do evento. A Terramar cobrou comissão, de pelo menos 45%, para hospedar uma comitiva do Senado Federal no Monza Hotel, em Jacarepaguá.

Por ocasião da Rio+20, a Terramar reservou, pelo menos, 20 acomodações no Monza Hotel. Dessas, 16 foram ocupadas por técnicos, analistas ou consultores do Senado. A maior parte desses hóspedes ficaram em quartos duplos ou nos singles standard. O preço cobrado pela acomodação single é R$ 170. Se for duplo, R$ 220. Mas os servidores do Senado desembolsaram R$ 319 pela diária, valor que em relação ao quarto single dá uma diferença de 87,65%, e no caso do duplo de 45%.

A discrepância entre o valor de balcão e o praticado pela agência foi notada pelos servidores do Senado, que ficaram incomodados também com a qualidade das acomodações. "As instalações eram muito velhas; os quartos fediam a cigarro; o barulho, infernal; e o ar-condicionado estava estragado", contou uma das hóspedes, que preferiu manter o nome em sigilo. Contrariados, esses servidores procuraram se informar na recepção sobre os preços dos quartos em que estavam acomodados: "Um absurdo saber que a gente pagou tão mais caro do que o valor de balcão".

O desconforto do Monza Hotel espantou até a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A princípio, a parlamentar havia optado por ficar em um hotel mais barato — o outro oferecido pela agência aos senadores foi o Windsor, cuja diária, segundo ela, era de R$ 1,5 mil. Mas por considerar as instalações inadequadas, a senadora acabou mudando. "Aluguei um apart hotel na Barra da Tijuca. Vou tentar reaver o dinheiro que foi debitado pela agência", disse Vanessa Grazziotin. Segundo a senadora "foi preciso uma intervenção do governo para conter esse tipo de abuso na Rio+20, mas mesmo assim eles ocorreram".

Tanto os parlamentares quanto os servidores do Senado recebem uma diária para custear gastos de hospedagem, alimentação e locomoção em caso de viagens oficiais. Os funcionários são reembolsados com cerca de R$ 300 e os senadores com pouco mais de R$ 500. É dessas quantias subsidiadas com dinheiro de impostos que sai a comissão praticada por agências de turismo como a Terramar. A empresa foi contratada em 2011 pelo Itamaraty por meio de licitação.

Média de mercado
A agência de turismo informou, por meio da assessoria, que o valor das diárias hoteleiras "não ficam a cargo da Terramar", mas sim do estabelecimento. Ao saber, no entanto, que o Monza Hotel confirmou à reportagem que os valores cobrados para qualquer hóspede, independentemente ou não da Rio+20, eram os informados no site, a agência de viagem complementou a resposta. "Foram pagos R$ 319 pelo valor da diária. Descontando 17,32% de imposto, a operadora obteve uma remuneração de R$ 43,74 por diária ou 16,5%. Portanto, dentro da média de mercado que varia entre 10% e 30%", considerou o diretor comercial da agência, Rogério Frizzi. Segundo a Terramar, os quartos reservados foram o tipo duplo, embora vários hóspedes do Senado tenham ficado no single. O episódio rendeu uma piada entre os servidores do Senado que se sentiram prejudicados. "Participando da Rio+100%. De comissão".

"Foi preciso uma intervenção do governo para conter esse tipo de abuso na Rio+20, mas mesmo assim eles ocorreram"
Vanessa Grazziotin, senadora, (PCdoB-AM)

FONTE: Correio Braziliense

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