Depois de estatal prever crescimento menor da produção, analistas reduzem estimativas e só esperam recuperação a longo prazo Os investidores da Petrobras vêm amargando fortes perdas com as ações há vários meses. Agora, segundo analistas, a situação vai piorar. A divulgação, na quinta-feira passada, do Plano de Negócios 2012/2016 - que prevê aumento de 5% nos investimentos, para US$ 236,5 bilhões no período - projeta também um crescimento menor na produção que o esperado no ano passado. Com isso, as corretoras reviram seus cálculos para as ações da estatal. Algumas ainda recomendam a compra, mas só é esperada valorização maior que o Ibovespa, índice referência do mercado brasileiro, a longo prazo. Para se ter uma ideia do mau desempenho dos papéis, no acumulado deste ano, o Ibovespa acumula queda de 1,15%, enquanto as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) recuam 11,53% e as ordinárias (ON, com voto),14,81%. Para este ano, a principal fonte de insatisfação dos analistas ainda é a política do governo, que controla a companhia, de não aumentar os preços do diesel e da gasolina para auxiliar no controle da inflação. Isso, na visão do mercado, reduz os lucros da empresa. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, pareceu entender a desvalorização das ações na quinta-feira, dia da divulgação do novo plano, como um recado dos investidores e voltou a falar na sextafeira que o reajuste dos combustíveis é necessário, mas não especificou a data. - A companhia tem dificuldade de gerar caixa, basicamente por causa do preço dos combustíveis. Enquanto essa questão não for resolvida, a empresa continuará prejudicada - diz Daniella Maia, analista- chefe da corretora Ativa, que só recomenda a compra da ação se o investidor puder vender a longo prazo. Itaú BBA espera reajuste dos combustíveis em julho Em relatório a clientes, os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, preveem um aumento de 8% na gasolina e de 4% no diesel no dia 1º de julho e avaliam que esse reajuste não será repassado ao consumidor. Esse foi um dos motivos citados pelo banco para manter a recomendação de compra da ação após a divulgação do novo plano. Apesar disso, foi reduzida a estimativa de preço da ação preferencial para o fim do ano, de R$ 28,30 para R$ 26,50. O BTG Pactual também recomenda compra do papel e espera um aumento da gasolina, mas não arrisca cifras. Segundo o último levantamento da Bloomberg, feito antes da divulgação do novo Plano de Negócios, a previsão mediana de 17 analistas é que a ação chegue a R$ 30 no fim do ano. Na última sexta- feira, o papel fechou cotado em R$ 18,55, o que implicaria potencial de 62,5% de valorização até lá. Mas algumas corretoras, como a BB Investimentos e a Geração Futuro, já informaram que vão rebaixar suas estimativas, o que indica uma visão consensual de que diminuiu a perspectiva de ganho do papel. Nesse contexto de perdas com derivados de petróleo, a redução da fatia de investimentos reservada para refino, transporte e comercialização agravou ainda mais a insatisfação de alguns analistas. Enquanto no plano de 2011/2015 estava previsto o desembolso de US$ 70,6 bilhões (31% do investimento total) para essa área, o de 2012/ 2016 diminuiu o aporte para US$ 65,8 bilhões (27,7% do total). Para Nataniel Cezimbra, analista- chefe do BB Investimentos, isso abala a chance de avançar mais rápido no aumento da produção própria de derivados de petróleo e reduzir as perdas decorrentes da importação. - Seria bom que investissem mais para que as refinarias entrassem antes em produção. Se mantivesse pelo menos o percentual previsto para a área de refino, talvez o impacto fosse menor - diz Cezimbra. Preço baixo da ação pode ser boa oportunidade Contribui também para o descontentamento dos analistas o fato de a Petrobras ter informado que a produção de óleo e gás deve ficar até 2014 praticamente no mesmo patamar de 2011, com possibilidade de crescer ou diminuir cerca de 2% por ano nesse período. - Como a produção só cresce a partir de 2014, os investidores podem vender a ação e procurar outro ativo para investir. Nossa expectativa é que o lucro líquido seja menor neste ano (R$ 30 bilhões na projeção da corretora) do que em 2011 - diz Luiz Otávio Broad, analista da corretora Ágora. Wagner Salaverry, analistachefe da Geração Futuro, diz que os fundos de investimento do grupo reduziram o volume aplicado em Petrobras, porque a empresa não tem atuado de forma a aumentar sua rentabilidade. Mas - como o preço está perto da mínima do ano e abaixo do valor patrimonial da empresa - pode ser um bom momento para comprar o papel se o objetivo for rentabilidade no longo prazo. - A Petrobras tem tudo para ser melhor avaliada: reservas muito grandes e capacidade de crescer a produção. Mas infelizmente não está sendo bem avaliada, porque o controlador (governo) não toma decisões positivas aos minoritários - diz Salaverry
Depois de estatal prever crescimento menor da produção, analistas reduzem estimativas e só esperam recuperação a longo prazo Os investidores da Petrobras vêm amargando fortes perdas com as ações há vários meses.
Agora, segundo analistas, a situação vai piorar. A divulgação, na quinta-feira passada, do Plano de Negócios 2012/2016 — que prevê aumento de 5% nos investimentos, para US$ 236,5 bilhões no período — projeta também um crescimento menor na produção que o esperado no ano passado. Com isso, as corretoras reviram seus cálculos para as ações da estatal. Algumas ainda recomendam a compra, mas só é esperada valorização maior que o Ibovespa, índice referência do mercado brasileiro, a longo prazo. Para se ter uma ideia do mau desempenho dos papéis, no acumulado deste ano, o Ibovespa acumula queda de 1,15%, enquanto as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) recuam 11,53% e as ordinárias (ON, com voto),14,81%.
Para este ano, a principal fonte de insatisfação dos analistas ainda é a política do governo, que controla a companhia, de não aumentar os preços do diesel e da gasolina para auxiliar no controle da inflação.
Isso, na visão do mercado, reduz os lucros da empresa.
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, pareceu entender a desvalorização das ações na quinta-feira, dia da divulgação do novo plano, como um recado dos investidores e voltou a falar na sextafeira que o reajuste dos combustíveis é necessário, mas não especificou a data.
— A companhia tem dificuldade de gerar caixa, basicamente por causa do preço dos combustíveis. Enquanto essa questão não for resolvida, a empresa continuará prejudicada — diz Daniella Maia, analista- chefe da corretora Ativa, que só recomenda a compra da ação se o investidor puder vender a longo prazo.
Itaú BBA espera reajuste dos combustíveis em julho Em relatório a clientes, os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, preveem um aumento de 8% na gasolina e de 4% no diesel no dia 1º de julho e avaliam que esse reajuste não será repassado ao consumidor. Esse foi um dos motivos citados pelo banco para manter a recomendação de compra da ação após a divulgação do novo plano. Apesar disso, foi reduzida a estimativa de preço da ação preferencial para o fim do ano, de R$ 28,30 para R$ 26,50.
O BTG Pactual também recomenda compra do papel e espera um aumento da gasolina, mas não arrisca cifras. Segundo o último levantamento da Bloomberg, feito antes da divulgação do novo Plano de Negócios, a previsão mediana de 17 analistas é que a ação chegue a R$ 30 no fim do ano. Na última sexta- feira, o papel fechou cotado em R$ 18,55, o que implicaria potencial de 62,5% de valorização até lá. Mas algumas corretoras, como a BB Investimentos e a Geração Futuro, já informaram que vão rebaixar suas estimativas, o que indica uma visão consensual de que diminuiu a perspectiva de ganho do papel.
Nesse contexto de perdas com derivados de petróleo, a redução da fatia de investimentos reservada para refino, transporte e comercialização agravou ainda mais a insatisfação de alguns analistas. Enquanto no plano de 2011/2015 estava previsto o desembolso de US$ 70,6 bilhões (31% do investimento total) para essa área, o de 2012/ 2016 diminuiu o aporte para US$ 65,8 bilhões (27,7% do total).
Para Nataniel Cezimbra, analista- chefe do BB Investimentos, isso abala a chance de avançar mais rápido no aumento da produção própria de derivados de petróleo e reduzir as perdas decorrentes da importação.
— Seria bom que investissem mais para que as refinarias entrassem antes em produção. Se mantivesse pelo menos o percentual previsto para a área de refino, talvez o impacto fosse menor — diz Cezimbra.
Preço baixo da ação pode ser boa oportunidade Contribui também para o descontentamento dos analistas o fato de a Petrobras ter informado que a produção de óleo e gás deve ficar até 2014 praticamente no mesmo patamar de 2011, com possibilidade de crescer ou diminuir cerca de 2% por ano nesse período.
— Como a produção só cresce a partir de 2014, os investidores podem vender a ação e procurar outro ativo para investir.
Nossa expectativa é que o lucro líquido seja menor neste ano (R$ 30 bilhões na projeção da corretora) do que em 2011 — diz Luiz Otávio Broad, analista da corretora Ágora.
Wagner Salaverry, analistachefe da Geração Futuro, diz que os fundos de investimento do grupo reduziram o volume aplicado em Petrobras, porque a empresa não tem atuado de forma a aumentar sua rentabilidade. Mas — como o preço está perto da mínima do ano e abaixo do valor patrimonial da empresa — pode ser um bom momento para comprar o papel se o objetivo for rentabilidade no longo prazo.
— A Petrobras tem tudo para ser melhor avaliada: reservas muito grandes e capacidade de crescer a produção. Mas infelizmente não está sendo bem avaliada, porque o controlador (governo) não toma decisões positivas aos minoritários — diz Salaverry
FONTE: O Globo