Com discurso desenvolvimentista e críticas às energias alternativas, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em Brasília, que não há espaço para discutir "fantasia" na conferência de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, Rio+20. Ao reunir pela primeira vez em seu mandato o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que ela preside, Dilma defendeu a produção de energia hidrelétrica. Em resposta a críticas de ONGs, afirmou que não se pode acreditar que o desenvolvimento ocorrerá apenas com energias eólica e solar. "Temos até uma missão mais difícil [na conferência], que é propor um novo paradigma de crescimento que não pareça fantasioso. Ninguém aceita discutir a fantasia. Ela [a Rio+20] não tem espaço para fantasia. Eu não falo da utopia, falo da fantasia. Tenho que explicar como comer, ter acesso a água e como vão ter acesso a energia." E completou: "Eu não posso dizer que só com eólica é possível iluminar o planeta. Não é. Para garantir energia de base renovável que não seja hídrica, fica difícil, né? Porque eólica não segura, né? E todo mundo sabe disso." Ela ainda brincou, dizendo que não é possível "estocar vento". Dilma, no entanto, disse que faltam reservatórios nas hidrelétricas brasileiras, o que pode ser compensado pelas usinas eólicas. A presidente destacou que o Brasil vai ter que ter um papel de liderança. Segundo ela, o debate sobre geração de energia tem de ser científico e os países devem ter visão ampla, "sem olhar para o umbigo". ELES DESMATARAM Crítica do modelo dos países ricos para reagir à crise financeira internacional, Dilma também atacou-os em relação ao desmatamento. "Nós temos tecnologia para antecipar e monitorar o desmatamento que poucos países têm, até porque muitos já desmataram o que tinham para desmatar." Depois de um ano e quatro meses sem se reunir com o fórum e sem priorizar o combate à mudança climática, Dilma fez um afago no grupo e disse que não há como não discutir clima na conferência de junho. Essa era uma das principais críticas do secretário-executivo do fórum, Luiz Pinguelli Rosa. "O clima toca em outros aspectos aos quais o governo dá prioridade, como a pobreza", disse. A presidente e a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) sustentaram que vão acelerar os programas setoriais, especialmente sobre os cortes de emissões na indústria, que estão atrasados. A representante do setor ambientalista no fórum Sílvia Alcântara vê retrocessos na área ambiental durante o governo Dilma. "Às vésperas da Rio+20, grande parte das conquistas da sociedade brasileira na área socioambiental desde a Constituição de 1988, pode ser perdida, e isso seguramente será amplamente denunciado na Cúpula dos Povos". Ela cobrou o veto presidencial ao texto da reforma do Código Florestal.
Com discurso desenvolvimentista e críticas às energias alternativas, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em Brasília, que não há espaço para discutir "fantasia" na conferência de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, Rio+20.
Ao reunir pela primeira vez em seu mandato o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que ela preside, Dilma defendeu a produção de energia hidrelétrica. Em resposta a críticas de ONGs, afirmou que não se pode acreditar que o desenvolvimento ocorrerá apenas com energias eólica e solar.
"Temos até uma missão mais difícil [na conferência], que é propor um novo paradigma de crescimento que não pareça fantasioso. Ninguém aceita discutir a fantasia. Ela [a Rio+20] não tem espaço para fantasia. Eu não falo da utopia, falo da fantasia. Tenho que explicar como comer, ter acesso a água e como vão ter acesso a energia."
E completou: "Eu não posso dizer que só com eólica é possível iluminar o planeta. Não é. Para garantir energia de base renovável que não seja hídrica, fica difícil, né? Porque eólica não segura, né? E todo mundo sabe disso."
Ela ainda brincou, dizendo que não é possível "estocar vento".
Dilma, no entanto, disse que faltam reservatórios nas hidrelétricas brasileiras, o que pode ser compensado pelas usinas eólicas.
A presidente destacou que o Brasil vai ter que ter um papel de liderança. Segundo ela, o debate sobre geração de energia tem de ser científico e os países devem ter visão ampla, "sem olhar para o umbigo".
ELES DESMATARAM
Crítica do modelo dos países ricos para reagir à crise financeira internacional, Dilma também atacou-os em relação ao desmatamento.
"Nós temos tecnologia para antecipar e monitorar o desmatamento que poucos países têm, até porque muitos já desmataram o que tinham para desmatar."
Depois de um ano e quatro meses sem se reunir com o fórum e sem priorizar o combate à mudança climática, Dilma fez um afago no grupo e disse que não há como não discutir clima na conferência de junho. Essa era uma das principais críticas do secretário-executivo do fórum, Luiz Pinguelli Rosa. "O clima toca em outros aspectos aos quais o governo dá prioridade, como a pobreza", disse.
A presidente e a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) sustentaram que vão acelerar os programas setoriais, especialmente sobre os cortes de emissões na indústria, que estão atrasados.
A representante do setor ambientalista no fórum Sílvia Alcântara vê retrocessos na área ambiental durante o governo Dilma.
"Às vésperas da Rio+20, grande parte das conquistas da sociedade brasileira na área socioambiental desde a Constituição de 1988, pode ser perdida, e isso seguramente será amplamente denunciado na Cúpula dos Povos". Ela cobrou o veto presidencial ao texto da reforma do Código Florestal.