Duas medidas cambiais e três leilões de compra à vista depois, o dólar comercial encerrou a semana com valorização de 1% no período, negociado a R$ 1,803. E salvo alguma grande novidade, tal linha de preço deve prevalecer nos próximos pregões. Para o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme, o mercado passa por um momento de observação. O impacto das medidas já foi sentido. Investidores foram buscar proteção no mercado futuro, o que impulsionou a alta de preço da moeda no período. Agora, diz o diretor, tem de se esperar para ver o efeito das medidas sobre o fluxo cambial. "A consequência efetiva veremos com o comportamento do fluxo", diz.
Duas medidas cambiais e três leilões de compra à vista depois, o dólar comercial encerrou a semana com valorização de 1% no período, negociado a R$ 1,803.
E salvo alguma grande novidade, tal linha de preço deve prevalecer nos próximos pregões.
Para o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme, o mercado passa por um momento de observação. O impacto das medidas já foi sentido. Investidores foram buscar proteção no mercado futuro, o que impulsionou a alta de preço da moeda no período.
Agora, diz o diretor, tem de se esperar para ver o efeito das medidas sobre o fluxo cambial. "A consequência efetiva veremos com o comportamento do fluxo", diz.
Como não há certeza sobre qual será esse efeito, o volume de negócios cai, tanto pelo lado comercial como pelo financeiro. Vender ou comprar moeda a R$ 1,80 pode não ser um bom negócio neste momento.
As medidas adotadas, como a expansão do prazo mínimo para captações externas isentas de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de três para cinco anos, visam coibir o fluxo especulativo, mas também não deixam de ter reflexo sobre o fluxo "saudável" de dinheiro.
No entanto, no fim das contas, o balanço de pagamentos não faz distinção entre dólar "bom" e "mau". E o governo precisa dele para fechar as contas no fim do ano.
Na sexta-feira, o governo deu resposta ao pleito dos exportadores reduzindo a zero a incidência do IOF de 1% sobre contratos derivativos de hedge de exportação.
Em julho do ano passado foi instituído esse pedágio sobre a ampliação de posição vendida em derivativos de câmbio. Desde então, os exportadores pleiteavam uma compensação ou mesmo isenção da cobrança, pois a posição vendida (aposta de alta do real) não teria viés especulativo, mas sim de proteção (hedge).
Mas a liberação anunciada não é plena. A alíquota zero nos derivativos está condicionada ao limite de até 1,2 vez o valor total das operações com exportação realizadas no ano anterior.
Segundo um diretor de corretora, a nova medida representa uma "barreira" ao crescimento das exportações, já que o exportador que tiver um crescimento superior a 20% de seus negócios (a tal limitação de 1,2 vez) terá de recolher IOF.
"No limite, o que o governo está fazendo é punir o exportador eficiente. Quanto mais eficiente você for, mais taxado será", diz.
Pensar em crescimento de volume embarcado de 20% no intervalo de um ano pode parecer muita coisa, mas esse não é o caso no quesito preço. Ainda mais se as exportações envolverem produtos básicos.
O contrato futuro de soja negociado na Bolsa de Chicago, por exemplo, tem alta de quase 23% nos últimos três meses.
Para Nehme, da NGO, essa limitação tem cara de precaução, ou seja, o governo não quer deixar margem para especulação com dólar futuro.
No segmento de juros, a semana foi emblemática no quesito alinhamento de expectativas. A ata do Copom escancarou que a Selic ficará próxima das mínimas históricas de 8,75% e o consenso que se formou é de que o piso de curto prazo para o juro básico está nos 9% ao ano.
Com a ponta curta da curva de juros futuro "travada" por essa percepção, o jogo se concentra nos vencimentos longos.
Na sexta-feira, essas taxas passaram por firme ajuste de alta. Mas o movimento não teria motivação fundamental, como uma piora nas expectativas futuras de inflação, por exemplo. A motivação seria mesmo técnica.
FONTE: Valor Econômico