A redução de 13,7% no preço começou na Asa Norte no último fim de semana, em uma promoção dos postos. O etanol também baixou e passou de R$ 2,29 para R$ 2,06, mas não chega a ser mais vantajoso do que o derivado de petróleo
A redução de 13,7% no preço começou na Asa Norte no último fim de semana, em uma promoção dos postos. O etanol também baixou e passou de R$ 2,29 para R$ 2,06, mas não chega a ser mais vantajoso do que o derivado de petróleo
Postos da Asa Norte começaram a puxar no último fim de semana uma redução nos preços dos combustíveis. O litro da gasolina chegou a R$ 2,46, enquanto a maioria dos estabelecimentos em outras regiões do Distrito Federal cobra R$ 2,85 pelo produto — uma diferença de 13,7%. O etanol recuou de R$ 2,29 para R$ 2,06. Funcionários dos postos dizem que se trata de promoção e, como estratégia, não anunciam quando a tabela voltará a ser reajustada. Acostumados a um mercado com concorrência mínima e preços acima da média nacional, brasilienses fazem fila para encher o tanque.
Nas distribuidoras, de acordo com o levantamento oficial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os valores se mantiveram estáveis na última semana. Mesmo cobrando R$ 0,39 a menos pela gasolina, o lucro mínimo dos postos em promoção é de R$ 0,10 por litro vendido. Funcionários de postos informaram ao Correio que a margem de lucro pode se manter em até R$ 0,30 mesmo com a redução dos preços, a depender do volume de combustível adquirido pelo estabelecimento e da negociação com as distribuidoras.
Os postos do DF, em geral, não têm do que reclamar de movimento. As vendas e o faturamento seguem em alta em 2012, sobretudo com o constante aumento da frota, que já chegou a 1,3 milhão de veículos. Quando reduzem os preços, ainda que por poucos dias, o fluxo de clientes cresce até 80%, segundo a estimativa dos chamados chefes de pista. Na noite de segunda-feira e na manhã de ontem, filas com mais de 20 carros chegaram a se formar nos postos com gasolina mais barata. Alguns estabelecimentos em promoção só aceitam pagamento em dinheiro ou cartão de débito.
Quando baixam os preços, donos de postos não costumam voltar a mexer na tabela antes de uma semana. Mas os valores das bombas não são definidos exclusivamente com base na planilha de custos do estabelecimento ou mesmo do preço adquirido na distribuidora. A tabela depende, principalmente, das decisões tomadas pelo vizinho. "A gente fica de olho no posto ao lado. Se baixar ou se subir, a gente tem que acompanhar", explica um dos gerentes de um estabelecimento na Asa Norte que, como a maioria deles, não gosta de se identificar e atribui as informações aos "patrões".
O proprietário do primeiro posto a cobrar menos pelos combustíveis esta semana, Abdalla Jarjour, disse que reduziu em 80% o lucro calculado sobre o litro de gasolina e etanol. "É uma guerra. Abaixei os preços e eles tiveram que acompanhar. Detonei o mercado", afirmou. A reportagem não conseguiu localizar os responsáveis por estabelecimentos que acompanharam a redução de preços. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF) voltou a informar ontem que não comenta valores de revenda.
Desconfiança
Para os consumidores, as promoções relâmpago são um sinal claro de que os empresários do setor podem fixar preços mais em conta sem ameaçarem a saúde financeira das empresas. "Isso só comprova que a margem de lucro deles não faz sentido, é fora da realidade", opinou o representante comercial Douglas Lopes, 34 anos, que depende do carro para trabalhar. "Do carro e de combustível mais barato", completa ele, ao encher o tanque com gasolina a R$ 2,46.
Sem saber até quando os preços seguirão menores, a fisioterapeuta Aline Andrade, 23 anos, parou o carro assim que avistou as tabelas em promoção. "Seria bom demais se os valores continuassem assim", disse, sem a mínima esperança de que a vontade se concretize. "Eles fazem o que querem, não tem jeito", emendou o gerente comercial Denilson Rocha, 32. Ele viaja o DF e o Goiás inteiros a trabalho. Gasta de dois a três tanques por semana. "O lucro daqui é exagerado, todo mundo sabe."
Álcool em desvantagem
A gasolina é a melhor opção, do ponto de vista financeiro, para quem tem veículo flex no Distrito Federal. Levando em conta os preços em promoção, o etanol vale 84% do valor da gasolina. Para compensar, deveria apresentar um percentual inferior a 70%. De acordo com o último levantamento feito pela ANP, somente em São Paulo e em Goiás o etanol é mais vantajoso. O preço do biocombustível cobrado pelos postos do DF, mesmo com a redução desta semana, é o maior da história para o mês de janeiro. Em 2011, o valor subiu tanto que quase se igualou ao da gasolina.
FONTE: Correio Braziliense