Mesmo com a nova classificação do IBGE, que incluiu nos serviços os itens alimentação fora do domicílio e passagem aérea, a inflação no grupo que mais pressionou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011 cedeu neste início de ano. Segundo cálculos de economistas que preferem acrescentar os itens "novos" nas variações antigas, a alta de preços de serviços encerrou o ano passado em 9,7%, alcançou 9,9% em janeiro e, em fevereiro, passou para 9,3%. Nessa comparação, a inflação mensal de serviços subiu de 1,05% para 1,25% entre janeiro e fevereiro, mas no segundo mês do ano passado havia sido de 1,79%, de acordo com a LCA Consultores.
Mesmo com a nova classificação do IBGE, que incluiu nos serviços os itens alimentação fora do domicílio e passagem aérea, a inflação no grupo que mais pressionou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011 cedeu neste início de ano. Segundo cálculos de economistas que preferem acrescentar os itens "novos" nas variações antigas, a alta de preços de serviços encerrou o ano passado em 9,7%, alcançou 9,9% em janeiro e, em fevereiro, passou para 9,3%. Nessa comparação, a inflação mensal de serviços subiu de 1,05% para 1,25% entre janeiro e fevereiro, mas no segundo mês do ano passado havia sido de 1,79%, de acordo com a LCA Consultores.
Fazendo o caminho inverso, o resultado também é de alta mais comedida nos serviços: excluindo o item passagem aérea - que, na opinião de alguns analistas, é muito volátil e polui a análise da evolução dos preços nesse setor, apesar de poder ser considerado um serviço - a inflação em 12 meses do grupo recuou de 9,2% em janeiro para 8,7% em fevereiro nos cálculos da Tendências Consultoria e do HSBC. A perda de fôlego é igualmente observada na taxa mensal, que, nessa medida, foi de 1,9% em fevereiro de 2011 e, no mês passado, marcou 1,4%.
Segundo economistas ouvidos pelo Valor, a perda de peso do grupo educação dentro do IPCA puxou para baixo a variação de preços dos serviços e, portanto, não permite concluir que a inflação nesse grupo está mais comportada. A partir da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008/2009, educação teve sua participação reduzida de 7,21% para 4,37% na inflação. Para alguns analistas, no entanto, o ligeiro recuo na inflação de serviços tem algum efeito da desaceleração econômica observada no fim do ano passado e deve continuar essa trajetória ao longo do ano, ajudando a desacelerar o indicador oficial de inflação.
O IPCA subiu 0,45% em fevereiro, ante elevação de 0,56% em janeiro, com desaceleração nos alimentos e deflação nos transportes. Pressionada pelos reajustes de mensalidades escolares, contudo, a inflação do grupo educação avançou 5,2% em fevereiro, contribuindo com 0,25 ponto percentual para a alta do indicador geral.
Para o economista Fabio Romão, da LCA, não é apenas o peso menor de educação que influenciou a alta menor da inflação de serviços. "A perda de fôlego da atividade já está começando a aparecer", diz. "Como os preços de serviços têm evolução defasada em relação à atividade econômica, a desaceleração no segundo semestre de 2011 e a expectativa que esse trimestre não seja muito promissor reforçam a perspectiva de recuo dos serviços ao longo do ano", diz Romão. Para IPCA de 4,8% em 2012, ele projeta inflação de serviços correndo entre 8% e 8,5%, já com a nova estrutura de pesos e itens. "É uma taxa ainda alta, mas, de qualquer modo, menor do que a do ano passado."
Thiago Curado, da Tendências, tem uma leitura mais pessimista para a inflação de serviços. Ele destaca que a média dos três núcleos de inflação (medidas que excluem itens mais voláteis, como alimentos e combustíveis) recuou em 12 meses, de 6,67% em janeiro para 6,49% em fevereiro, mas continua alta em relação ao IPCA cheio, de 5,84% no mês passado. Em sua avaliação, a persistência dos núcleos em nível acima da inflação significa que a desaceleração do IPCA observada neste início de ano é pontual. "Ela não muda nossa avaliação de médio prazo no sentido de que tanto os núcleos como os serviços não estão mostrando desaceleração na mesma intensidade que o índice geral", diz Curado, que projeta IPCA de 5,5% em 2012 e aumento de 8,6% para os serviços.
A equipe econômica do HSBC acha que, apesar de o cenário inflacionário de curto prazo permanecer benigno, continua preocupante a evolução dos preços no médio prazo. A atividade econômica, diz, deverá mostrar forte reaceleração a partir do segundo trimestre e o mercado de trabalho continuará apertado, abrindo espaço para repasses maiores nos serviços. "Esperamos que a inflação deve acelerar para cerca de 5,5% no segundo semestre, depois de cair para cerca de 5% no segundo trimestre", dizem os analistas do banco.
FONTE: Valor Econômico