Disposto a empurrar o ritmo de crescimento da economia para um nível mais forte em 2012, além do corte na taxa básica de juros (Selic), o governo deve dar incentivos às famílias e ao setor produtivo. O objetivo é fazer a indústria desaguar os elevados estoques e religar
Disposto a empurrar o ritmo de crescimento da economia para um nível mais forte em 2012, além do corte na taxa básica de juros (Selic), o governo deve dar incentivos às famílias e ao setor produtivo. O objetivo é fazer a indústria desaguar os elevados estoques e religar os maquinários parados até então. O crédito deve ser um dos canais usados pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff e a ordem é repassar as quedas da Selic para a economia real. Essa transmissão, porém, é lenta. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o recuo de 0,75 ponto percentual na Selic terá pouco efeito sobre o financiamento ao consumidor.
"A demora para o repasse ocorre porque existe um deslocamento grande entre a Selic e as taxas de juros cobradas das pessoa física", explicou Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac. Em várias simulações realizadas pela instituição, os descontos aos consumidores, em operações parceladas em 12 vezes, foram mínimos. Para o porteiro e motorista José Gerard Ferreira da Silva, 45 anos, o importante é as prestações caberem no seu orçamento. Mas, por precaução, ele pretende realizar o sonho de ter uma geladeira no quarto só se o governo mantiver o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente nos produtos da linha branca. O frigobar que tanto ele acalenta custa, na promoção, R$ 780. "Quando não estou trabalhando e durmo em casa, levanto três vezes de noite para tomar água. Um frigobar é um conforto", afirmou. Com o maior acesso ao crédito, ele também pretende trocar de carro, assim que quitar a última prestação do atual veículo.
A vigilante Maria de Lourdes Souza Monteiro, 46, garante que ainda não sentiu no bolso a redução da taxa básica de juros, iniciada em agosto do ano passado. Mas ela está otimista. Assim que se livrar de uma dívida atual de R$ 400, comprará, também de forma parcelada, utensílios para a casa. "A tão sonhada máquina de lavar roupa eu já adquiri, mas sempre falta alguma coisa", contou. Seu sonho de consumo, porém, é um carro zero, para aposentar o que dirige atualmente, com 15 anos de uso.
Demora no repasse
Na compra de uma geladeira de R$ 1,5 mil, a economia final foi de R$ 6,88. Já em um empréstimo de R$ 5 mil, pôde-se poupar R$ 22,23. Isso mostra o quanto há espaço para se reduzir os juros aos consumidores no país.
FONTE: Correio Braziliense