As novas regras de Basileia 3, que vão exigir mais capital próprio dos bancos para poder emprestar, colocaram o Banco do Brasil (BB) no topo da lista das instituições mais vulneráveis. Os analistas, no entanto, parecem ter sido convencidos de que o BB terá condições de absorver as mudanças sem a necessidade de reforço de capital pelos próximos dois anos. Resultado: das 17 casas de análise que acompanhavam as ações do BB nos últimos três meses, segundo a "Bloomberg", 13 têm recomendação de "compra". Outras três
As novas regras de Basileia 3, que vão exigir mais capital próprio dos bancos para poder emprestar, colocaram o Banco do Brasil (BB) no topo da lista das instituições mais vulneráveis. Os analistas, no entanto, parecem ter sido convencidos de que o BB terá condições de absorver as mudanças sem a necessidade de reforço de capital pelos próximos dois anos. Resultado: das 17 casas de análise que acompanhavam as ações do BB nos últimos três meses, segundo a "Bloomberg", 13 têm recomendação de "compra". Outras três sugerem "manter" e apenas uma tinha "performance abaixo da média".
No último dia 1º, o Banco do Brasil divulgou projeções para os seus índices de capitalização em janeiro de 2013 e janeiro 2014, já com os ajustes pelas novas regras de Basileia 3. Pelos cálculos do banco, em 2013, o capital principal (Tier 1 ordinário), considerado de melhor qualidade pelo Banco Central, estará em 8,2%, acima dos 4,5% exigidos pela autoridade. No ano seguinte, quando o mínimo passará a 5,125% graças à exigência de um colchão adicional, o índice do banco deverá ficar em 7%.
Para os analistas do Citi, Daniel Abut, Juan Carlos Arandia e Carlos Rivera, esses índices, além de partir de premissas razoáveis, superam com folga o capital mínimo exigido no Brasil, afastando a necessidade de injeção de capital até pelo menos 2014. E, consequentemente, o risco de diluição (em que o investidor passa a ter um percentual menor do capital) no curto prazo, acrescentam os analistas do HSBC, Victor Galliano e Mariel Santiago.
Na opinião dos analistas do HSBC, são poucas as dúvidas de que o banco terá que fazer ajustes significativos em sua base de capital, devido à possibilidade de implementação gradativa dos ajustes. Pelas novas regras, a partir de 2014, os bancos deixarão de contabilizar como capital créditos tributários, ativos de fundos de pensão, entre outros, mas as deduções serão parciais até 2018, começando com 20% no primeiro ano.
No caso do Banco do Brasil, segundo reportagem recente de Carolina Mandl no Valor, considerando um prazo mais longo, até 2018, a instituição precisará de uma capitalização de R$ 25 bilhões - as projeções são do Itaú BBA.
Apesar do risco associado ao cumprimento das normas de Basileia 3, os analistas enxergam com otimismo a evolução dos papéis do banco. O Citi, que tem recomendação de compra, trabalha com preço-alvo de R$ 35,00 para 12 meses, um ganho potencial superior a 22% considerando o preço de fechamento do dia 5 (R$ 28,65).
Já o HSBC projeta um preço-alvo para as ações do BB de R$ 34,00, o que implica "retorno potencial acima da média de mercado". "Vemos o BB como uma aposta clara de valor", afirmam Galliano e Santiago, em relatório. Segundo os analistas, as estimativas para o papel refletem o grande apetite do banco estatal por originação de crédito.
Eles ressaltam ainda que, embora o Banco Votorantim ainda tenha de avançar muito em termos de qualidade de crédito, essa questão está sob controle e o BB deve registrar melhora no índice de inadimplência já em meados deste ano. Também, segundo o analistas, as ações do BB ainda estão sendo negociadas com um "grande desconto" em relação aos seus principais pares - de 38% segundo o índice P/VP (preço em relação ao valor patrimonial) -, mas ele está começando a diminuir.
O Goldman Sachs destaca que os resultados do BB no quarto trimestre - que superaram as estimativas - mostraram solidez, apesar das perdas do Votorantim, impulsionados por crescimento forte do crédito e recuperação das margens. Com os novos números em mãos, a instituição elevou suas estimativas de lucro para o Banco do Brasil, o que resultou em aumento do preço-alvo para R$ 36,70 em 12 meses. Para o Goldman Sachs, as ações do BB estão com um desconto exagerado em relação aos concorrentes.
Há quem acredite que o ambiente desafiador para as operações do Votorantim vai continuar ofuscando os resultados do Banco do Brasil. É o caso do Credit Suisse, que aposta em performance abaixo da média para as ações do banco, com preço-alvo de R$ 28,00.
FONTE: Valor Econômico