Ex-diretor do BB mostra escritura da venda de casa de R$ 1 milhão

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SÃO PAULO. O ex-vice-presidente do Banco do Brasil (BB) Allan Toledo apresentou ontem ao GLOBO novo documento que, segundo ele, comprovaria a origem do dinheiro que recebeu em sua conta, em cinco parcelas de R$ 200 mil, no ano passado. A transação, exposta com a quebra de seu sigilo bancário, foi mencionada como movimentação atípica em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele negou ter favorecido a Marfrig (empresa onde trabalha seu irmão) quando estava no BB e rejeitou a tese de que seu

SÃO PAULO. O ex-vice-presidente do Banco do Brasil (BB) Allan Toledo apresentou ontem ao GLOBO novo documento que, segundo ele, comprovaria a origem do dinheiro que recebeu em sua conta, em cinco parcelas de R$ 200 mil, no ano passado. A transação, exposta com a quebra de seu sigilo bancário, foi mencionada como movimentação atípica em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele negou ter favorecido a Marfrig (empresa onde trabalha seu irmão) quando estava no BB e rejeitou a tese de que seu desligamento estivesse relacionado a uma disputa interna pela presidência do banco.

Uma escritura apresentada por Toledo, com data da última sexta-feira e registrada no cartório do 27 Tabelião de Notas de São Paulo, atestaria a venda da casa da aposentada Liu Mara Zerey, madrinha de Toledo, para o empresário Wanderley Mantovani, por R$ 1 milhão. O compromisso de compra e venda fora assinado em 21 de janeiro de 2011. A demora na escritura, disse Toledo, deveu-se às mudanças de estado civil de Liu Mara. Solteira ao registrar pela primeira vez o imóvel, ela casou, divorciou, voltou a casar e depois ficou viúva.

Toledo, que é herdeiro de Liu Mara, foi constituído procurador de sua madrinha e responsável pela venda do imóvel em 12 de agosto de 2010, depois que ela foi hospitalizada para tratar de um câncer. O dinheiro da venda teria saído da conta de Liu para uma conta aberta especificamente por Toledo e, segundo ele, deveria garantir o pagamento do tratamento e, ainda, ser dividido entre outras pessoas indicadas pela aposentada.

- Ela é uma segunda mãe para mim - diz Toledo.

Aos 71 anos, Liu Mara ainda habita a casa, de 342,87 metros quadrados, no bairro da Vila Olímpia, Zona Sul de São Paulo.

- Conheço o Allan desde pequeno, sou sua madrinha e tenho muita confiança nele, por isso o nomeei como meu procurador. Quero que se esclareça esse absurdo - disse Liu Mara, ao lado de Toledo.

Seus móveis e pertences estão praticamente todos empacotados, prontos para a mudança, que deve ocorrer dentro de 90 dias, disse Toledo. Segundo ele, esse prazo para liberar o imóvel fazia parte de acordo verbal com o comprador.

A negociação com a imobiliária de Mantovani, disse Toledo, não tem relação com o fato de o empresário ser sócio do controlador da Marfrig, Marcos Molina, na usina de biodiesel Biocamp, em Mato Grosso. O irmão de Toledo é diretor de marketing da Marfrig, que obteve um empréstimo de R$ 750 milhões do BB em 2009.

- Eu comandava a vice-previdência de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking, que não é responsável pela área de crédito. Isso é da alçada da vice-presidência de Controles Internos e Gestão de Riscos. Além disso, todas as decisões das políticas de crédito são tomadas por meio de colegiado, com a assinatura de pelo menos nove estatutários do banco - defendeu-se Toledo.

Sobre o vazamento de seu sigilo, que será motivo de queixa-crime a ser apresentada ao Ministério Público, ele disse estar sendo usado para alimentar a disputa de poder dentro do banco, mas não citou nomes. Nessa disputa estariam, de um lado, o presidente da Previ (o fundo de previdência dos funcionários do BB), Ricardo Flores, e de outro o presidente do banco, Aldemir Bendine.

Toledo, que estava há 30 anos no BB, negou ter sido exonerado. Ele disse ter aderido a um programa de demissão voluntária após receber propostas da iniciativa privada.

- Estava previsto para sair em meados de janeiro, mas pediram para adiantar o desligamento para 27 de dezembro. Achei que era uma questão de praticidade, tanto que logo depois nomearam o outro vice-presidente no meu lugar.

FONTE: O Globo

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