BRASÍLIA. Diante do agravamento da crise interna no Banco do Brasil (BB), a presidente Dilma Rousseff mandou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dar um recado aos principais envolvidos na briga: o presidente da instituição, Aldemir Bendine, e o presidente da Previ, Ricardo Flores: a guerra tem que acabar ou cabeças vão rolar. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o puxão de orelha foi repassado imediatamente, pois a presidente avalia que a disputa de poder entre os dois grupos chegou a um ponto insustentável e
BRASÍLIA. Diante do agravamento da crise interna no Banco do Brasil (BB), a presidente Dilma Rousseff mandou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dar um recado aos principais envolvidos na briga: o presidente da instituição, Aldemir Bendine, e o presidente da Previ, Ricardo Flores: a guerra tem que acabar ou cabeças vão rolar. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o puxão de orelha foi repassado imediatamente, pois a presidente avalia que a disputa de poder entre os dois grupos chegou a um ponto insustentável e estaria prejudicando não apenas a imagem do BB, mas planos importantes da equipe econômica, como a estratégia de usar os bancos públicos para reduzir o spread bancário (a diferença entre o custo de captação dos bancos e o que eles cobram nos empréstimos) e turbinar o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país).
Ontem, diante do descontentamento da presidente Dilma com a conduta da cúpula do BB, circularam fortes boatos sobre a queda da diretoria, desmentidos no fim do dia por fontes do governo. Uma agência internacional noticiou que os negócios do Banco do Brasil estavam sendo afetados pela crise, o que provocou nervosismo no governo e no BB. A instituição negou qualquer problema com seus negócios.
Ainda segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, Mantega teria ordenado a Bendine e Flores que assumam o controle de seus grupos dentro da instituição, estancando o tiroteio que acontece por meio da mídia.
Bradesco teria vetado nome de Bendine, dizem fontes
No Palácio do Planalto, há irritação com a conduta dos dois lados. Embora a presidente acredite que as cúpulas de BB e Previ façam um trabalho eficiente, a avaliação é que os dirigentes se envolveram demais nessa disputa de poder, abrindo espaço aos interesses de grupos de fora, inclusive ligados ao PT, que teriam objetivo de enfraquecer a Fazenda ou até mesmo a posição do banco no mercado.
A briga entre Bendine e Flores teria começado durante a disputa no governo pelo comando da Vale. Quando Roger Agnelli deixou a presidência da companhia, Bendine teria a ambição de sucedê-lo e acredita que seu nome foi vetado junto ao Planalto por Flores, uma vez que a Previ faz parte do bloco de controle da Vale. Interlocutores de Flores, no entanto, garantem que essa avaliação de Bendine estaria equivocada. Quem teria vetado o seu nome para o cargo seria Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco. Segundo fontes, ele não aceitava que outro banqueiro fizesse parte do comando da Vale.
Para tentar acalmar os ânimos e resguardar o BB, o Ministério da Fazenda já havia determinado na terça-feira a abertura de uma sindicância para investigar a possível quebra de sigilo do ex-diretor do banco Allan Toledo. Ele foi demitido do cargo, no fim do ano passado, e o motivo, segundo fontes do governo, seria a descoberta de que ele operava no mercado para derrubar Bendine. Agora, dados sobre uma movimentação financeira elevada do ex-diretor vazaram na mídia, o que levou o grupo de Flores a insinuar que essa seria uma estratégia da turma de Bendine para desqualificar Toledo. O vazamento preocupa fortemente o governo, pois remete à crise que derrubou Antonio Palocci da Fazenda em 2006. O então ministro foi obrigado a deixar o cargo depois que dados bancários do caseiro Francenildo Costa - que fizera denúncias contra Palocci - foram divulgados pela imprensa.
FONTE: O Globo