BC compra dólares, mas vendas levam divisa a R$ 1,707

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O que poderia ser um pregão preguiçoso de volta de Carnaval se mostrou mais movimentado do que o previsto. O dólar veio abaixo e voltou a ser negociado na linha de R$ 1,70 mesmo com uma atuação do Banco Central (BC) que comprou dólares no mercado à vista.

O que poderia ser um pregão preguiçoso de volta de Carnaval se mostrou mais movimentado do que o previsto. O dólar veio abaixo e voltou a ser negociado na linha de R$ 1,70 mesmo com uma atuação do Banco Central (BC) que comprou dólares no mercado à vista.

O dólar comercial caiu 0,41%, a R$ 1,707 na venda. A cotação é a menor desde 31 de outubro do ano passado. No mês, a divisa acumula baixa de 2,30% e tem desvalorização de 8,67% no ano.

O volume estimado para o interbancário ficou ao redor dos US$ 750 milhões. Baixo em comparação com outros dias, mas um giro elevado para um pregão de volta de feriado e de horário de negociação reduzido.

Para um tesoureiro, o possível gatilho para atuação do BC foi o comportamento relativo do real. A moeda brasileira subia ante o dólar, enquanto pares emergentes e desenvolvidos perdiam valor na quarta-feira. No acumulado do ano, o real segue como destaque mundial de valorização, seguido pelo peso mexicano.

Com quatro atuações na ponta de compra neste ano, sendo duas à vista e duas a termo, fica reforçada a ideia e um "piso informal" para o dólar ao redor de R$ 1,70. Mas nas mesas, os operadores acreditam que a linha de R$ 1,70 pode ser perdida em breve.

Hoje sai nova parcial sobre o fluxo cambial e pode-se esperar novo aumento na sobra de moeda americana, que estava em US$ 7,622 bilhões no acumulado do mês até o dia 10.

O BC não "luta" apenas contra o ingresso de divisas, mas tem de atuar dentro um ambiente cambial de grande complexidade, conforme as taxas de juros das economias desenvolvidas estão e devem ficar em mínimas históricas e as autoridades monetárias não hesitam em lançar programas de compra de ativos.

Dentro desse ambiente, de liquidez abundante e indicadores de solvência e crescimento concentrados em um número cada vez menor de países, nada mais natural do que o capital, que não tem nacionalidade nem ideologia, vá em busca de oportunidades.

A situação enfrentada pelo BC e pelas autoridades brasileiras também está na pauta de outras autoridades monetárias não só de países em desenvolvimento.

Conforme notaram os analistas do Standard Bank, o Banco Nacional da Suíça já instituiu um piso para a oscilação do franco suíço. E a Noruega também demonstra preocupação com o comportamento da coroa, em função dos ganhos nos termos de troca.

No mercado de juros, o pregão foi de liquidez limitada, o que tira expressividade da breve alta nas taxas.

Dentro do Focus, destaque para o comportamento das expectativas de inflação, que seguem orbitando os 5%. No Top Five a visão é ainda mais otimista, com mediana de 4,76% para o IPCA de 2013.

Juros de mercado e expectativas de inflação em baixa colocam a taxa de juro real (aquela que desconta a inflação) em novas mínimas históricas.

Considerando o Swap 360 como juro de referência (9,19%) e o IPCA projetado em 12 meses (5,27%), a taxa real está em 3,72%. Essa taxa estava ao redor de 5,5% antes de o BC começar a cortar a Selic em agosto de 2011.

FONTE: Valor Econômico

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