Avalanche estrangeira na bolsa em janeiro

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Se dependesse apenas dos investidores estrangeiros, a bolsa brasileira poderia ter apresentado em janeiro o melhor mês de sua história. Com compras líquidas (aplicações menos vendas) em todos os pregões de janeiro, o estrangeiro injetou nada menos que R$ 7,168 bilhões no mercado acionário local no período - o maior saldo positivo mensal do capital externo na bolsa em toda a série histórica da BM&FBovespa, iniciada em 1994.

Se dependesse apenas dos investidores estrangeiros, a bolsa brasileira poderia ter apresentado em janeiro o melhor mês de sua história. Com compras líquidas (aplicações menos vendas) em todos os pregões de janeiro, o estrangeiro injetou nada menos que R$ 7,168 bilhões no mercado acionário local no período - o maior saldo positivo mensal do capital externo na bolsa em toda a série histórica da BM&FBovespa, iniciada em 1994.

Enquanto o estrangeiro marcava presença diária no pregão, o investidor brasileiro continuou ressabiado com a bolsa. Em janeiro, a pessoa física retirou liquidamente R$ 2,388 bilhões do mercado acionário local, enquanto os investidores institucionais resgataram R$ 3,558 bilhões. Se eles tivessem seguido a movimentação do capital externo, certamente o desempenho do Índice Bovespa em janeiro (alta de 11,1%) seria ainda melhor.

Os fundamentos brasileiros, diante de uma visão de maior controle inflacionário, queda da taxa Selic e solidez das empresas, explicam, em parte, a vinda do estrangeiro. O movimento, contudo, não é exclusivo da Bovespa. "Vimos maior demanda por ativos de risco no mundo todo, sobretudo em mercados emergentes", diz o analista de investimentos da Citi Corretora Hugo Rosa.

Para Carlos Sequeira, estrategista do BTG Pactual para o Brasil, a atuação do Banco Central Europeu (BCE) ao fim de dezembro, quando inundou o setor financeiro da Europa com empréstimos de € 489,2 bilhões, foi fundamental para a redução da aversão a risco. Isso dissipou parte das preocupações dos investidores em relação à possibilidade de quebra de bancos ou calotes de países europeus.

A dúvida agora é se a volta do estrangeiro à Bovespa é consistente. Para Sequeira, o movimento é muito embrionário e o horizonte incerto no curto prazo pode causar a saída dos recursos internacionais da bolsa. "O quadro é de cautela", diz.

Hugo Rosa, da Citi Corretora, explica que boa parte do capital estrangeiro carreado para os mercados emergentes foi aplicada em fundos de ações que replicam índices e que têm suas cotas negociadas em bolsa (ETFs, na sigla em inglês).

"Vimos uma demanda maior por fundos de índices em detrimento de fundos ativos, o que explica a alta tão generalizada de "blue chips"", comenta Rosa, ressaltando que o dinheiro pode sair na mesma velocidade e magnitude com que entrou. "Em tese, é um tipo de ingresso de capital que traz mais receio, já que o investidor mostra disposição em comprar uma cesta de ativos, e não há abordagem seletiva."

A preferência dos estrangeiros pelo ETF que replica o Ibovespa explica a alta expressiva dos medalhões do mercado no início do ano. Em janeiro, os papéis preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras e os ordinários (ON, com voto) da OGX Petróleo chamaram atenção, ao figurarem entre as 20 maiores altas do Ibovespa. Eles avançarem 15,39% e 21,51%, respectivamente.

Mas a ação PN classe A da Vale não deixou a desejar, ao subir 12,88% no mês. A expressiva valorização de algumas ações de siderurgia - entre as quais as ON da CSN (21,83%), as PNA da Usiminas (15,47%) e as PN da Gerdau (14,83%) - também foi um dos destaques do mês.

Apesar da alta de janeiro, com o avanço das "blue chips", a Citi Corretora elevou o preço-alvo para o Índice Bovespa no fim deste ano de 70 mil para 77 mil pontos. A instituição está confiante que o processo de reavaliação da bolsa continuará, com o investidor disposto a aceitar múltiplos mais altos, dado o bom posicionamento do país. "A Bovespa não está cara", diz Rosa.

Essa avaliação, contudo, ainda não convenceu os investidores brasileiros, que, como os números de janeiro mostram, seguem afastados da bolsa. "É preciso mudar a cabeça do investidor brasileiro, acostumado a receber juros muito altos, o que não acontece mundialmente. Quando houver essa alteração, poderemos ter o segundo movimento de migração para a Bovespa", diz o analista técnico da Citi Corretora César Crivelli

Se a questão são os juros altos, a volta da pessoa física à bolsa pode estar próxima, tendo em vista que o Banco Central (BC) já disse que a taxa básica (Selic), hoje em 10,50%, deve cair para um dígito ainda este ano.

FONTE: Valor Ecônomico

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