Influenciado pela alta dos preços e do endividamento, índice de confiança da FGV cai 3% em janeiro.
Influenciado pela alta dos preços e do endividamento, índice de confiança da FGV cai 3% em janeiro.
Mesmo depois de o Banco Central derrubar a taxa básica de juros (Selic) em dois pontos percentuais entre agosto de 2011 e janeiro de 2012, a confiança do consumidor iniciou o ano em queda. Segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), o tombo foi de 3% neste mês, quando passou de 119,6 pontos para 116.
A pressão inflacionária do ano passado, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou exatamente no teto da meta, em 6,5%, e o ritmo menor de expansão da renda do trabalhador deixaram as famílias brasileiras em estado de alerta e cautelosas na hora de fazer mais dívidas. Para especialistas, o momento é de quitar débitos e guardar dinheiro.
Na pesquisa da FGV, o brasileiro se mostrou bastante preocupado com a situação atual. O indicador que mede a percepção dos consumidores em relação ao presente recuou 2,3%, passando de 140,7 pontos para 137,4. "Houve um aumento do número de brasileiros que estão mais inclinados a quitar dívidas neste início de ano. Estão preocupados com o endividamento contratado no passado", justificou Aloísio Campelo, coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV.
Para ele, o maior cuidado também se explica devido às despesas de início de ano, como matrícula e material escolar e impostos. O Índice de Expectativas também cedeu, encolhendo 3,4%, de 108,6 pontos para 104,9. O receio, segundo especialistas, ainda está fundado na gastança excessiva nos últimos dois anos, que foi patrocinada por incentivos governamentais ao consumo e teve como consequência a elevação da inadimplência.
Percepção
A satisfação dos consumidores com a situação econômica local recuou 3,7%, retornando ao mesmo nível de novembro do ano passado. O volume de brasileiros que percebem a economia da região onde vivem como boa diminuiu de 27,1% dos entrevistados para 24,4%.
Os que a julgam ruim subiram de 17% para 18,4%. "Ainda assim, o nível de confiança está elevado quando comparado a outros momentos da série histórica. A capacidade de conseguir um emprego, na avaliação dos consumidores, está pior em relação a dezembro, mas ainda é o segundo maior já registrado", amenizou Campelo.
Entre os itens analisados pela FGV, o que mais pesou para as retrações observadas no levantamento foi a intenção de compra de bens duráveis. Essa parte da pesquisa tenta projetar o desejo de consumo seis meses à frente. O resultado mostrou que o segmento dos que pretendem comprar mais no futuro caiu de 19,5% dos entrevistados para 15,9%.
Os que querem adquirir menos produtos subiram de 31,3% para 37,8%. "Em janeiro, a despeito do movimento de afrouxamento da política monetária e da melhora da condição de crédito, o consumidor passou a adotar uma postura cautelosa", observou Campelo.
FONTE: Correio Braziliense