Oestresse do mercado financeiro na sexta-feira, com a antecipação à revisão pela Standard & Poor"s (S&P) das notas de risco de crédito dos países da zona do euro, foi passageiro. Ontem, as bolsas europeias já mostraram recuperação e, no Brasil, o Índice Bovespa teve firme trajetória de alta.
Oestresse do mercado financeiro na sexta-feira, com a antecipação à revisão pela Standard & Poor"s (S&P) das notas de risco de crédito dos países da zona do euro, foi passageiro. Ontem, as bolsas europeias já mostraram recuperação e, no Brasil, o Índice Bovespa teve firme trajetória de alta.
Naturalmente, o feriado americano em homenagem a Martin Luther King, que deixou Wall Street fechado, tirou boa parte da liquidez local, mas o exercício de opções sobre ações fez com que o volume financeiro aumentasse no dia. Investidores deram pouca atenção à decisão da agência de classificação de risco e receberam com entusiasmo o bem-sucedido leilão de títulos da dívida realizado pela França.
O Ibovespa teve alta do início ao fim do pregão e mais uma vez se aproximou dos desejados 60 mil pontos. O índice fechou com valorização de 1,37%, aos 59.956 pontos. O total movimentado atingiu R$ 8,8 bilhões, dos quais R$ 4,457 bilhões partiram do exercício de opções.
Após a Standard & Poor"s rebaixar a nota de nove países da zona do euro, os líderes da França e da Espanha minimizaram a decisão, dizendo que já estão tomando as medidas necessárias para reforçar suas economias. "Nós teremos que continuar a reduzir o déficit fiscal, cortar despesas e aumentar a competitividade de nossas economias para voltar a crescer", disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy. "As agências de rating não devem ditar a política econômica."
Contrastando com o anúncio do corte do rating da França de "AAA" para "AA+", o país recebeu um voto de confiança dos investidores, ao levantar € 8,59 bilhões em leilão de títulos da dívida, com taxas de retorno mais baixas que a operação anterior.
Os agentes deixaram em segundo plano as revisões feitas pela Standard & Poor"s, que ainda reduziu o rating do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) de "AAA" para "AA+". A decisão era esperada, já que a agência havia afirmado em 6 de dezembro que a perda da nota "AAA" por qualquer um dos garantidores do EFSF poderia levar ao rebaixamento também do fundo.
Mas o nível de tensão deve seguir alto nos mercados, que estarão de olho nesta semana em novas operações de países europeus para financiamento de suas dívidas e atentos à divulgação de indicadores econômicos, principalmente da China.
Na Europa, a Grécia também deve movimentar a agenda. Conforme mostrou o Valor, na quarta-feira uma reunião considerada decisiva ocorrerá entre o governo do país e credores privados para discutir sobre a restruturação da dívida e eliminar € 100 bilhões da dívida pública de € 360 bilhões (uma parte é com credores oficiais), equivalente a 160% do PIB.
O operador de mercado da Icap Brasil Rodrigo Falcão chama atenção para a dificuldade de o Ibovespa romper a resistência técnica dos 60 mil pontos e acredita em um rali após a concretização desse movimento. Além disso, o operador avalia que a proximidade do índice americano S&P 500 dos 1.300 pontos apenas reforça a percepção de distanciamento do país de uma situação de crise.
"Vemos uma melhora gradual dos números dos EUA e as preocupações com relação à Europa também estão começando a amenizar", assinala. Beatriz Cutait é repórter de Finanças
FONTE: Valor Econômico