A reconquista dos 60 mil pontos pelo Índice Bovespa não está sendo tarefa fácil para a bolsa brasileira. É fato que o investidor tem mostrado maior otimismo neste início de ano, o que já garantiu ao mercado acionário alta de 5,65% no período, com a ajuda principalmente dos estrangeiros. O volume, contudo, segue abaixo da média e do desejado pelos que apostam na alta, o que ofusca, em parte, a esperança de um rali neste mês.
A reconquista dos 60 mil pontos pelo Índice Bovespa não está sendo tarefa fácil para a bolsa brasileira. É fato que o investidor tem mostrado maior otimismo neste início de ano, o que já garantiu ao mercado acionário alta de 5,65% no período, com a ajuda principalmente dos estrangeiros. O volume, contudo, segue abaixo da média e do desejado pelos que apostam na alta, o que ofusca, em parte, a esperança de um rali neste mês.
Volta e meia as notícias da Europa estimulam um movimento de cautela nas bolsas mundiais, contrastando com sinais mais alentadores de recuperação da economia americana.
Analistas seguem firmes na convicção de que a bolsa brasileira tem espaço para uma retomada após a forte queda de 18,1% em 2011, mas continuam com as apostas voltadas para o segundo semestre.
Com a ajuda dos estrangeiros, índice sobe 5,65% este ano.
Ontem, o Ibovespa teve uma trajetória instável, mas conseguiu defender leve ganho, consolidando o quarto dia seguido positivo. O índice chegou a marcar máxima de 60.093 pontos, mas fechou com valorização de 0,26%, aos 59.962 pontos - ainda no maior nível desde 25 de julho (59.970 pontos) de 2011. O giro financeiro atingiu R$ 5,525 bilhões.
Segundo o analista técnico da MyCAP, home broker da ICAP Brasil, Raphael Figueredo, se consolidar o rompimento dos 60 mil pontos, o Ibovespa enfrentará próxima resistência na casa dos 64 mil pontos, para depois buscar os 67.400 pontos e, na sequência, os 70 mil pontos.
"Mas para o índice romper os 60 mil pontos é imprescindível termos um volume mais consistente, o que não está acontecendo, apesar da entrada de recursos estrangeiros", diz. "De toda forma, enquanto o Ibovespa permanecer acima dos 58 mil pontos, considerado um divisor de águas, temos chance de um rali do mercado."
Investidores mostraram ontem certa preocupação com os dados de crescimento da Alemanha, que apontaram para uma contração no quarto trimestre e colocaram o país à beira de uma leve recessão. E enquanto a crise da dívida soberana segue longe de uma solução definitiva, a procura por portos seguros só cresce. Prova disso foi o leilão de títulos da dívida da Alemanha, cujo resultado mostrou forte demanda e taxa baixa. Além disso, o Tesouro dos Estados Unidos vendeu US$ 21 bilhões em títulos de 10 anos com o menor rendimento já registrado.
Novas especulações de que a França poderá perder seu rating máximo impulsionaram a procura por ativos de menor risco. Comentários feitos pelo chefe da unidade de dívida soberana da Fitch Ratings, David Riley, também não foram bem recebidos. Ele disse que o BCE deveria aumentar o ritmo de compra de títulos dos países europeus para combater a crise da dívida na zona do euro.
Nos Estados Unidos, por outro lado, o Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) trouxe uma perspectiva um pouco melhor sobre a economia do país, que mostrou crescimento nas últimas seis semanas de 2011 em todas as 12 regiões analisadas.
Sem perspectivas de solução na Europa, o diretor da Máxima Corretora, José Costa Gonçalves, avalia que a economia americana pode "salvar" as bolsas. Os números divulgados pelo país têm ficado acima das expectativas, mas a recuperação da economia ainda é tímida, diz.
Beatriz Cutait é repórter de Finanças
FONTE: Valor Econômico