As severas disparidades de renda, as finanças precárias dos governos e o crescimento do desemprego colocam em risco os ganhos trazidos pela globalização. A advertência foi feita pelo Fórum Econômico Mundial no seu relatório de Riscos Globais, divulgado ontem.
Para Fórum Mundial, turbulência social gerada pelo ambiente de incerteza põe em risco progresso dos últimos anos
As severas disparidades de renda, as finanças precárias dos governos e o crescimento do desemprego colocam em risco os ganhos trazidos pela globalização. A advertência foi feita pelo Fórum Econômico Mundial no seu relatório de Riscos Globais, divulgado ontem.
Para o órgão, as mazelas provocadas pelas turbulências econômicas — que levaram ao surgimento de movimentos de protesto de grande repercussão social e política, como o Ocupe Wall Street e a Privavera Árabe — constituem o maior desafio para a economia mundial nos próximos 10 anos.
A análise de uma lista de 50 riscos para a próxima década precede a reunião anual do Fórum Econômico Mundial, nos próximos dias 25 a 29, na cidade suíça de Davos, e ilustra um quadro complexo das crescentes incertezas mundiais. Nas últimas quatro décadas, o evento, que reúne políticos, representantes de bancos centrais, empresários e até celebridades, tornou-se sinônimo de globalização. Mas agora a confiança sobre os ganhos constantes registrados no mercado global está desaparecendo.
O crescente desemprego entre jovens, a crise na previdência, que aterroriza pensionistas dependentes de estados carregados de dívidas, e um escancarado desnível de riqueza lançaram as "sementes da desordem", conforme o documento, baseado na opinião de 469 especialistas e líderes do setor produtivo.
"Isso precisa de uma atenção imediata, do contrário a retórica política que responde a esta perturbação social envolverá nacionalismo, protecionismo e o retardamento do processo de globalização", disse Lee Howell, responsável pelo relatório.
O nível insustentável da dívida dos governos em vários países já havia sido apontado como uma das maiores ameaças nos relatórios anteriores do Fórum, mas a natureza crônica dos deficits fiscais mostra que o tema continua fundamental.
O próximo encontro de Davos vai enfatizar as falhas das economias modernas de mercado, incluindo discussões sobre o futuro incerto do capitalismo, assunto que teria tido pouca importância nos anos anteriores à crise financeira. Em comparação com um ano atrás, o foco se deslocou dos riscos ambientais para os riscos socioeconômicos.
"Pela primeira vez em várias gerações, muitos indivíduos não mais acreditam que seus filhos terão padrão de vida melhor que o dos pais", disse Howell. "Este novo mal-estar é particularmente agudo nos países industrializados."
Dependência
Um dos riscos para o futuro está na dependência das pessoas dos sistemas on-line conectados, que torna a sociedade frágil diante de indivíduos, instituições e nações com capacidade de realizar ataques cibernéticos devastadores e anônimos. Para o organismo, a Primavera Árabe mostrou o poder dos serviços de comunicação na construção das liberdades individuais, mas a mesma tecnologia facilitou tumultos em Londres.
FONTE: Correio Braziliense